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Oftalmologia para leigos

conversando com o oftalmologista…

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degeneração periferica de risco para DR

Após tratamento da retina com o laser comecei a ver “flashes”…pode acontecer isso?

“Olá, tudo bem?
Fiz a poucos dias um tratamento a laser para prevenção de rotura retiniana. O medico falou que eu estava com uma área frágil e por isso precisou “selar” com laser, mas logo no terceiro dia (após o procedimento) comecei a sentir flashes no olho! Com piscadas muito rápidas -parece uma lâmpada fluorescente quando está para queimar. Voltei ao meu médico e ele falou que o laser demora em torno de 15 dias para cicatrizar 100% e neste período era normal eu sentir estes flashes. Ele tornou a examinar o meu olho (microscópio) e falou que estava tudo bem com a minha retina. Antes do laser eu não via estes flashes repetitivos, agora é o dia todos esses flashes! A minha visão é normal ( 100%)em ambos os olhos”.

Entendo que você esteja desconfortável e inseguro em relação aos “novos” sintomas. Relacionar (negativamente) sintomas novos a procedimentos oftalmológicos (ou qualquer outra forma de intervenção médica) é normal! E não está inteiramente errado!

Muitas vezes, ou melhor, quase sempre o médico se depara com situações em que ele sabe que se não intervir, a possibilidade de desfecho negativo é grande. Mas sabe também que a sua intervenção na evolução natural da doença pode levar a situações pouco confortáveis. Como o surgimento de novos (e diferentes) sintomas ou mesmo ao questionamento por parte do paciente a respeito do procedimento realizado. Era mesmo necessário? O que faço agora para minimizar esse novo desconforto? Não teria sido melhor ter deixado o processo evoluir, monitorizando de perto essa evolução e intervindo apenas quando fosse inevitável, como por exemplo evidencia de rotura e/ou aumento do tamanho dela ou ainda evolução para descolamento?

Para aumentar nossa assertividade, nós médicos não decidimos sozinhos o que fazer. Nós nos baseamos,de maneira geral,em algumas normas ditadaqs pelos conselhos das especialidades. Embora cada caso deva ser analisado pontualmente pelo medico (e as decisões tomadas em conjunto com o paciente que deve ser bem esclarecido a respeito da intervenção, seus benefícios e possiveis intercorrencias), nos baseamos nos “guidelines” (normas) existentes em relação às mais diversas patologias mais comuns em nosso meio. Quando são doenças mais raras, nos reportamos aos artigos publicados por outros médicos que já tiveram oportunidade de lidar com esta ou aquela outra doença incomum. A experiência deles nos ajuda a definir a melhor proposta para nosso paciente.

Essas normas às quais me referi anteriormente (guidelines) são ditadas por vários estudos realizados em diferentes centros (hospitais) , estudos esses com o mesmo “desenho”,ou seja,mesmo tipo de avaliação e objetivo, para que possam ser comparados.As conclusões desses estudos são analisadas e a conclusão é resumida através de itens a serem observados em cada paciente e melhor conduta frente a cada caso semelhante aos que foram alvo do estudo.Esse consenso é formulado por especialistas nessas patologias.

Então, em resposta à sua dúvida,os consensos em relação à patologias retinianas exibem propostas de intervenção diferentes, dependendo da estratificação de risco da degeneração / lesão retiniana observada.

Algumas degenerações exigem (segundos esses estudos) intervenção imediata, uma vez que estão relacionadas a um maior risco de descolamento de retina do que outras. Nesses casos, mesmo na ausência de visualização de rotura é mandatória a laserterapia com a intenção de impedir o desfecho negativo mais temido que seria o descolamento de retina. Enquanto que a aplicação de laser é procedimento de alguns minutos, a cirurgia do DR é muito mais demorada e interfere muito mais com a higidez do olho do que o laser. Em outras palavras, as complicações possíveis relacionadas à cirurgia são muito mais graves do que as observáveis com o procedimento preventivo (laser).Mas reconheço que a decisão é difícil e quando surgem sintomas novos após o procedimento o questionamento possa existir!

Em relação aos seus sintomas:

O laser é o estimulo que vai fazer com que o organismo responda com atividade inflamatória, que no final das contas leva à atividade cicatricial, “selando” aquela área! Essa resposta do olho à “agressão” (laser) é necessária à aceleração do processo de bloqueio da lesão,embora possa às vezes levar a modificações estruturais do corpo vítreo e alterar sua relação com a retina adjacente (e/ou subjacente). Essa modificação da interface vítreo-retiniana pode durante algum tempo ser responsável por “flashes” que acontecem toda vez que há movimento ocular, por conta de possível “tração” da retina naquele ponto. Seria, tipo um “beliscão”, que ao estimular a retina se traduz na visão de luz ou flashes de luz ou ainda raios luminosos.

A (des)organização do vítreo sofre alterações contínuas…isso significa dizer que deverá desaparecer essa sensação desagradável (e que assusta a gente,não é mesmo?). Mas o processo deve ser monitorizado. Por este motivo o retinólogo solicita o mapeamento de retina de controle (em media até 30 dias após o procedimento a laser).A avaliação da retina pode ser feita tanto com o oftalmoscópio indireto quanto através de uma lente especial usada em conjunto com o biomicroscópio.

Espero ter ajudado a esclarecer suas dúvidas!

duvidasemoftalmologia@gmail.com

Olho único…o que fazer quando se tem fotopsia?

 

“Tenho 29 anos e já tenho uma visão perdida por causa de um acidente. De duas semanas para cá venho tendo fotopsia no canto do olho esquerdo ( o bom).  Fui correndo ao oftalmologista e ele me disse que provavelmente eu teria um DR. Mandou eu fazer um exame de mapeamento de retina e os resultados foram: Meios transparentes : OD com opacidades vítreas e em OE meios transparente, olho fácico, sem condensações ou hemorragias vítreas.
Papila: em OD não visualizada por opacidade vítrea difusa e emOE escavação fisiológica,rima preservada , ausência de zonas alfa e beta. Vasos : Em OD não visualizados por opacidade vítrea difusa; em OE vasos de calibre normal, trajeto sem alterações dignas de nota , relação a-v mantida. Retina: OD presença de retina deslocada ?? (mal visualizada por opacidade vitrea difusa). Em OE retina aplicada nos 360graus, com textura e coloração normais, sem degenerações periféricas dignas de nota. Mácula: OD: não visualizado por opacidade vítrea difusa.Em OE brilho e reflexo compatíveis com a idade.
Conclusão: Exame compatível com a normalidade em OE e opacidade vitrea difusa em OD. O médico disse que a medicina  hoje não tem tratamento para isso, e disse que eu teria que me acostumar. E só deveria retornar se houvesse alteração do sintoma e/ou aumento da fotopsia ou ainda se a visão ficasse embaçada. Não receitou nada. Estou sentindo algumas pontadas no olho e queria saber se devo voltar à consulta”.

 

 

A fotopsia ( percepção de clarões de luz) de causa oftalmológica é resultado de tração vítreo-retiniana. O que não necessariamente significa presença de degeneração periférica retiniana de risco para descolamento de retina. Uma vez descolado o vítreo posterior, alguns pontos de tração podem se formar e ser responsáveis pela percepção de luz à movimentação dos olhos. E nem sempre a tração evolui para rotura retiniana, ou seja, há necessidade de monitorização sim, mas de acordo com novos sintomas ou com a periodicidade indicada, conforme seu oftalmologista orientou.

Eu mesma continuo tendo fotopsia apesar de ter uma rotura já tratada com laser, bem cercada e sem nenhuma outra lesão de risco para DR.

Quanto ao descolamento de retina antigo (pelo acidente), infelizmente ainda não podemos oferecer nenhuma perspectiva animadora. Como a retina é uma “extensão do tecido nervoso”, se comporta como tal: ainda não se conhece como viabilizar a neuro-regeneração. A retina,depois de algum tempo fora do seu leito natural (onde recebe nutrição/oxigenação através da coróide, bastante vascularizada), mesmo que seja reposicionada, já não apresenta vitalidade. Não funciona mais como interface de ligação entre o olho e o cérebro.

A boa noticia é que como o DR foi secundário a traumatismo e não devido a presença de degeneração retiniana de risco, o outro olho (contralateral) deve ser monitorizado sim (afinal ele vale por dois, não é mesmo?), mas não deve ser motivo de estresse crônico para você. Com ausência de degenerações periféricas no mapeamento de retina (MR), o risco de acontecer o mesmo com o olho que enxerga é bem menor do que nos indivíduos que apresentam alterações retinianas (MR) prévias.

De qualquer forma, cuide bem da sua visão. A orientação quanto à prevenção de acidentes domésticos e de trabalho deve ser rotineira, principalmente em indivíduos monoculares.

 

Abs,

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