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Oftalmologia para leigos

conversando com o oftalmologista…

mês

novembro 2014

Ainda a respeito de DPV e moscas volantes – duvidas de internautas

Um internauta escreveu:

“Olho direito afetado por DPV. À ultrassonografia:  Vítreo com presença de ecos puntiformes de baixa a média refletividade, móveis mais concentrados em terço posterior da cavidade vítrea sugerindo processo degenerativo vítreo. Presença de membrana descontínua de média refletividade e alta mobilidade apresentando pós-movimentos e aparentemente com fixação residual disca. Imagem compatível com hialoide posterior discretamente espessada e parcialmente descolada (DESCOLAMENTO POSTERIOR PARCIAL DE VITREO). Retina aplicada. Coroide aplicada, com espessura e contorno dentro da normalidade. Diâmetro axial similar ao do olho adelfo. Não foi observada área de tração vítreo-retiniana durante as ecografias estática e dinâmica.

Pelo que li nos seus comentários a cirurgia para DPV para traz riscos sem a garantia de ser 100%. Então como lidar com este problema no dia a dia? Será que este problema pode com o tempo piorar e chegar a perder a visão do olho direito? O que se pode fazer e não fazer para levar uma vida sem muita preocupação em relação a isso? Pegar peso, ficar com a cabeça baixa muito tempo, óculos de sol usar sempre que sair na rua. Enfim, doutora, a sua explicação será de grande valia para nós.”

Quanto ao DPV parcial sem tração vitreo-retinana ou vítreo-macular mais especificamente, não existe nenhuma indicação cirúrgica ou tratamento clinico indicado para “prevenir” futura complicação que pode, inclusive, NUNCA existir! O DPV é cada vez mais comum entre nós (principalmente após os 50-60 anos). Assim como não conseguimos identificar uma causa (na maioria dos eventos), não temos nenhum “guideline” para orientar a respeito de prevenção de complicações (que não são frequentes- têm baixa incidência se compararmos ao número total de eventos de DPV). Mas o senso comum lembra que se “perdemos a proteção vítrea”, se a estrutura do binômio vítreo-retina foi modificada deveríamos sempre que possível evitar a tração brusca dos olhos (movimentos bruscos de cabeça), inversões da posição supina (evitar ficar de cabeça para baixo, fazendo atuar negativamente a força da gravidade) e situações de risco de trauma ocular (esportes radicais, de luta, etc).
Quanto à proteção UV e a alimentação funcional relacionada à mácula (luteina e zeaxantina principalmente),com certeza são medidas que todos deveríamos tomar para privilegiar a função visual nesta faixa etária em que já se acumulam agressões internas e externas (micro e macro ambientais). Uma ajuda extra (ao bom funcionamento dos olhos) com certeza só fará bem, não é?

Apenas gostaria de acrescentar que mesmo sabendo que existem coisas muito piores nós, humanos que somos, por vezes custamos a aceitar uma realidade diferente da que estávamos acostumados. Principalmente em relação à saúde e especialmente um dos sentidos (neste caso a visão) que, afinal, são as formas de comunicação nossa com o mundo que nos cerca.

Por experiência própria posso dizer que existirão dias melhores e outros não tão bons assim. Mas existe um ditado que diz “…se não tem remédio…remediado está…”. Em outras palavras, se não há o que eu possa fazer a respeito então não devo insistir e sim voltar a atenção para outra direção. Ou seja, tentar “dar a volta por cima” sempre lembrando que sofremos apenas um “arranhãozinho” na nossa visão…mas ainda podemos ver!

Monitorizar com a periodicidade sugerida pelo especialista, sim! Mas após cada consulta, verificada a inexistência de qualquer motivo de preocupação maior, seguir com a disposição de enxergar apenas o que se deseja e precisa, procurando ignorar as incômodas moscas volantes.

Afinal, a minha pressão ocular está normal?

Em maio de 2011 publiquei um post. Dois anos depois o comentário de um internauta me chamou atenção. Entendi que poderia ter dado margem à interpretação errônea e decidi publicar uma nota a respeito.

Hoje, 2014, lendo e revisando o assunto ainda mantenho a mesma opinião. Penso a respeito da medicalização cada vez maior e dos erros e acertos médicos, quer seja pela monitorização contínua de pacientes para avaliação da história natural da doença em cada indivíduo e tomada de decisão quando se mostre necessário, quer seja pela opção de tratamento precoce. A história da medicina atual é a de tratar um número grande de pacientes para evitar desfecho negativo em um indivíduo. E falo apenas referente a doença cujo desfecho tentávamos evitar. Não se faz referência aos efeitos negativos, colaterais por conta do uso prolongado das drogas. Qualquer que seja a doença e o tratamento. Será que esse é o melhor caminho?  Ainda são muitas as dúvidas: minhas, de outros médicos (que também buscam entender se o caminho que temos optado por seguir é o mais acertado) e dos próprios pacientes.

Seguem post, comentário e réplica:

 

Pressão intra-ocular “normal”

O que vem a ser normalidade pressórica? Qual a pressão intra-ocular ideal para cada um de nós?

 Muitos pacientes perguntam se sua pressão ocular é “normal”, se está “boa”,pensando que um número mágico possa distinguir o normal do patológico. Crendo ainda que um único e rígido intervalo de valores possa definir o diagnóstico de glaucoma. Isto está longe de ser verdade.

A faixa de “normalidade pressórica” poderia ser limitada por números entre 10 e 18mmHg (a unidade de referência é o milímetro de mercúrio, assinalada comommHg). Mas assim como indivíduos com pressão arterial em limites inferiores ao clássico “12 por 8” (120mmHg de  pressão sistólica e 80mmHg de diastólica) não estão doentes, são ditos hipotensos, mas não requerem maior atenção medicamentosa, na maioria das vezes os valores de pressão intra-ocular podem estar abaixo de 10 ou acima de 18mmHg, sem que isso signifique doença a ser tratada.

Há alguns anos o glaucoma era definido pela pressão intra-ocular elevada. Pensava-se que a causa da perda das fibras nervosas era ùnicamente a compressão mecânica do nervo óptico pela pressão elevada dentro do olho.

Então, era mais fácil identificar a doença glaucomatosa. A medida da pressão, que se considerava normal entre (10)12 e 18(21) mmHg, se elevada, nos levaria à presunção diagnóstica. A suspeita seria ou não confirmada pela avaliação funcional através do exame de campo visual e da análise do nervo óptico, com a tecnologia disponível na época e, em caso positivo, a PIO elevada seria tratada com colírios hipotensores.

Alguns anos depois, a experiência nos mostrou que não bastava reduzir a pressão intra-ocular a níveis considerados baixos (seguros). Ainda assim alguns indivíduos evo- luíam com perdas campimétricas importantes e alguns (felizmente poucos) ficavam cegos a despeito do tratamento. Mais do que isso, alguns pacientes nunca antes suspeitos de terem glaucoma (valores normais de pressão ocular) mostravam defeito campimétrico semelhante e evoluíam para perda visual às vezes até mais ràpidamente do que aqueles portadores de pressão intra-ocular (PIO) elevada.

O que estávamos deixando de ver naquela época?

A tomada de consciência do possível envolvimento de fatores vasculares, independentes da pressão intra-ocular, como causa da lesão glaucomatosa indicou a necessidade de uma nova postura em relação à doença.

Assim como cada um de nós é único, nossa identidade bioquímica também é. Nossas referências anatômicas são genèticamente herdadas e podem ser agrupadas por diferenças raciais e de gênero (feminino ou masculino). Mas, continuam sendo indi- viduais. São semelhantes sim, mas individuais. Um mesmo aspecto de nervo óptico po- de ser “normal” (funcionalmente falando) em um determinado indivíduo e significar risco elevado em outro.

Em outras palavras, antes de poder ser detectado dano funcional definitivo (perda de fibra nervosa), determinados tipos de nervo podem mimetizar situações de aparente normalidade (discos pequenos com escavações pequenas) ou anormalidade (discos grandes com escavações maiores). Dependendo do estado funcional vascular de cada organismo podemos encontrar riscos muito maiores em nervos pequenos e pouco escavados e situações de estabilidade funcional relativa em portadores de discos grandes e mais escavados.

A estratificação de risco para desenvolvimento da doença glaucomatosa exige um olhar sistêmico minucioso e uma atenção multidisciplinar, se pretendemos ser mais assertivos. 

Medicar mais do que o necessário (presumindo risco maior do que o real) ou menos que o devido (subestimando conhecidos fatores de risco) são duas situações antagônicas, mas igualmente indesejáveis.

Então a clássica pergunta “a minha pressão está normal?” deve receber como resposta algo como “é mais correto falar em pressão ideal para o seu olho e isso vai depender de uma avaliação sistemática do comportamento do seu nervo óptico em presença de uma pressão média, constante, obtida em várias medidas ao longo de um determinado tempo de observação”. Em outras palavras, o “valor normal” da pressão intra-ocular é individual, específica para cada pessoa.

Normal aqui significa que não oferece risco de produzir lesão no nervo óptico. Sendo assim, existem sim valores individuais. Cada caso é um caso, como já disse antes. Principalmente nos casos de pacientes já em tratamento de glaucoma, devemos ter cuidado de evitar o termo “normal”. Um mesmo valor de pressão (PIO) considerado bom hoje pode ser alto demais amanhã.

Sobre pressão intra-ocular e glaucoma, talvez voce se interesse pelo post  “A hipertensão ocular de hoje será o glaucoma de amanhã?” aqui no blog:

Link:

http://elizabethnavarrete.com/2012/04/15/a-hipertensao-ocular-de-hoje-sera-o-glaucoma-de-amanha/

 

Comentário de internauta:

Não me leve a mal, mas acredito que você devesse analisar a vida de outro ângulo. É graças aos colírios e cirurgias que, na maioria das vezes, glaucomatosos não perdem a visão. Se não usar o colírio com certeza você perderá a visão, isso é FATO. Lógico que é desagradável ficar utilizando o colírio. Mas ficar cego é bem mais desagradável. Ou não é? A escolha está com você. Grande abraço…

 

Réplica:

Desculpe ter dado margem à interpretação errônea a respeito da doença glaucomatosa.

Se um único individuo interpreta dessa forma já é suficiente para que eu tente expor de forma diferente meu ponto de vista.

Obrigada pelo retorno! Tentarei num outro post me posicionar de forma mais clara deixando espaço para pouca ou nenhuma dúvida em relação a por que diagnostico de glaucoma deve ser feito com muito cuidado para não se cair em nenhum dos extremos. Quer seja o tratamento excessivo (tratar pessoas que em nenhum momento desenvolveriam a doença glaucomatosa) ou subestimar a doença e deixar de diagnosticar e tratar indivíduos que fora de qualquer dúvida precisam de tratamento!

E muitas vezes, pode ter certeza, é um dilema para muitos de nós, oftalmologistas, definir o momento correto de iniciar a terapêutica anti-glaucomatosa. Se pensarmos em curto prazo é bem simples: em presença de um ou dois fatores de risco para glaucoma (história familiar, hipertensão arterial, enxaqueca, apneia do sono, hipotensão arterial importante, paquimetria corneana baixa e assimetria de escavação ) iniciamos a prescrição de colírio anti-glaucomatoso. E fim de problema, fizemos a nossa parte!

Será?

As mesmas dúvidas têm os endocrinologistas. Síndrome metabólica e diabetes mellitus: será que é mais válido prescrever a metformina desde o início SEM orientar o indivíduo a respeito da mudança de estilo de vida e hábitos alimentares? Sem dar chance para que seu organismo retorne ao seu equilíbrio (homeostasia) e fuja da resistência à insulina evitando assim o diabetes? Por que não monitorizar de perto este indivíduo e tentar o retorno à normalidade metabólica (quando ela ainda é possível; quando ainda estamos lidando com uma doença funcional e não lesional (orgânica)?

Será que este indivíduo medicado “preventivamente” (diria precocemente se já houvesse critérios para diabetes mellitus e aí sim estaria mais do que indicado o tratamento) evolui melhor do que o outro que está sendo monitorizado de perto e estimulado à mudança de hábitos?

Os desfechos negativos (complicações da doença) são maiores e ocorrem em prazo menor apenas naqueles em observação, não medicados?

Cada vez mais se mudam critérios de inclusão dos indivíduos nesta ou naquela patologia de acordo com estudos observacionais mais recentes, atualizados.

A medicalização excessiva não é a solução. Em relação ao glaucoma, especificamente, concordo com você (e em nenhum momento me posicionei contra) em relação aos benefícios do tratamento medicamentoso e cirúrgico (quando bem indicado). As campanhas são feitas exatamente para orientar o paciente, fazer a triagem dos indivíduos de risco, que merecem maior atenção e portanto devem ser observados periodicamente, durante um tempo antes de definirmos a presença ou ausência de doença glaucomatosa.

A cegueira pelo glaucoma é algo que não pode mais acontecer, concordo! Trata-se de uma das formas de cegueira evitável (além da catarata p.ex.).

Como disse, não é nem nunca foi minha intenção minimizar a gravidade da doença glaucomatosa. Apenas sugiro que o paciente seja bem orientado e que a ele sejam dadas as informações para que, junto a seu médico, consigam identificar fatores predisponentes e agravantes (cada caso é um caso) e com isso possa se beneficiar de um qualidade visual (e de vida) superior e por mais tempo. Pacientes não são olhos apenas! O organismo funciona como uma orquestra que bem conduzida terá uma sonoridade bem melhor!

Leia mais a respeito neste blog em outro link:

https://duvidasemoftalmologia.com/2012/04/15/a-hipertensao-ocular-de-hoje-sera-o-glaucoma-de-amanha/

Dúvida de internauta sobre DMRI e cirurgia de catarata  

“Meu pai tem 88 anos e há muitos anos tem DMRI em um dos olhos. Agora há 3 anos a DMRI atingiu o outro olho e desde então vem fazendo aplicações com Avastin. Não teve nenhuma melhora, pelo contrário, ler jornal, assistir TV, ver horas no relógio, são atividades que não consegue mais desenvolver. De uns tempos pra cá o médico que o acompanha fala da necessidade de realizar cirurgia da catarata, porém, que a mesma só poderia ser realizada quando a DMRI estivesse mais controlada, sem a presença de líquido/fluido. Após o último exame de OCT disse que agora seria o momento oportuno de realizar a cirurgia da catarata.

Gostaria de saber se ele pode fazer a cirurgia da catarata, se isso pode lhe trazer algum ganho. O médico que faz o seu acompanhamento acha que conseguiria um ganho na visão e, consequentemente, na qualidade de vida. Mas, existe algum risco? Pode piorar a DMRI ou, nessa idade, e depois de tanto tempo em tratamento, será que vale a pena realizar a cirurgia?”

 

Quanto às suas dúvidas, elas são as de todos nós, médicos (que monitorizamos e tentamos alivio sintomático ou retardo na evolução da DMRI) e pacientes (que convivem com a doença que antigamente se chamava degeneração macular senil e era menos prevalente do que hoje).

Idoso com quadro de evolução assimétrica de DMRI. Presumo que o primeiro olho atingido tenha perdido a visão central e o olho que se deseja submeter à facectomia (cirurgia de catarata) seja o olho que ainda tem alguma visão, por mais comprometida que esteja. Atividades tanto para longe (ver TV, por exemplo) quanto para perto (leitura) podem ser beneficiadas pelo uso de artefatos ópticos diversos (visão subnormal). Não são de fácil adaptação, mas podem ser bastante úteis em alguns casos. Não sei se já foram oferecidos estes recursos.

Com certeza a catarata é mais um fator de comprometimento da visão já bastante prejudicada pela DMRI. Por outro lado, o cristalino é a proteção natural do olho em relação a um dos fatores causais da DMRI (luz e UV) em que basicamente deve-se evitar a exposição à luz natural (solar) e/ou artificial e a baixa oxigenação dos tecidos retinianos (ambas situações provocam maior produção de radicais livres).

A idade já reduz por si só o aporte de oxigênio pela diminuição da qualidade de irrigação dos tecidos. A cirurgia, nos segundos de exposição intensa à luz do microscópio (após a fragmentação e aspiração do córtex cristaliniano) e na ativação da resposta inflamatória do olho em resposta ao procedimento invasivo pode contribuir negativamente na evolução da DMRI. Esta hipótese é real. Mas também pode haver por um tempo (maior ou menor) uma melhora na qualidade da visão pela remoção de uma das causas da baixa visual (a catarata).

Você disse:

“Após o último exame de OCT foi identificado este momento como oportuno para a cirurgia da catarata. O médico que faz o seu acompanhamento acha que conseguiria um ganho na visão e, conseqüentemente, na qualidade de vida”. Com certeza o oftalmologista dele, através do acompanhamento da evolução da catarata e da DMRI é capaz, mais do que qualquer outro profissional, de avaliar o possível ganho em relação à cirurgia.

“Gostaria de saber se ele pode fazer a cirurgia da catarata…se existe algum risco…se pode piorar a DMRI?” Sou oftalmologista clínica. Mas baseio minha opinião na experiência com pacientes portadores de catarata e DMRI e na literatura disponível a respeito. A cirurgia de catarata não está formalmente contraindicada em pacientes com DMRI. A opção pela cirurgia vai depender do conhecimento prévio do olho (nesses três anos de evolução da DMRI, à biomicroscopia o cristalino mostrou piora significativa da opacificação?). Ou ainda, se a qualidade das fotos obtidas em retinografias e angiografias do olho não foi alterada de forma importante. Nesse caso, o desempenho ruim da visão pode ser imputado de forma significativa à DMRI e menos à catarata. Existe também o fator experiência do cirurgião (quanto menor o tempo de duração da cirurgia e de exposição do pólo posterior do olho (retina e coróide) à luz, menor o potencial negativo pós-operatório em relação à evolução da DMRI já existente.

“…se isso pode lhe trazer algum ganho…” Em teoria sim, é claro. Um dos fatores relacionados à baixa visual será removido cirurgicamente. Apenas não se pode ter certeza a curto, médio ou longo prazo que o benefício será real e/ou duradouro.

“ou, nessa idade e depois de tanto tempo em tratamento, vale apena realizar a cirurgia?” Não existe idade para o benefício da qualidade de vida. Merecemos envelhecer com mais dignidade e a deficiência visual limita muito o dia a dia do indivíduo. Mas confesso que se eu tivesse que decidir a respeito da cirurgia num caso desses eu dividiria minhas dúvidas e apreensões com o paciente e familiares. Porque afinal é uma decisão difícil para qualquer um de nós, como já disse. Trata-se de olho único (continuo presumindo que o outro olho perdeu a visão central) e a limitação futura pode ser maior do que já é tanto pela possível aceleração da DMRI (por conta da cirurgia da catarata) quanto pela própria evolução (esperada devido ao envelhecimento) do quadro macular.

Deve ser avaliada a expectativa de vida em relação às outras doenças que ele tenha (a curto prazo é mais provável que o benefício da cirurgia seja mais efetivo). O perfil psicológico e a higidez mental do paciente também devem ser levados em consideração. Ele deve participar ativamente do processo de opção pelo tratamento cirúrgico. Deve entender e aceitar os riscos se optar pela intervenção, torcendo para que o benefício seja real e dure tempo suficiente.

Espero ter sido de alguma ajuda e desejo o que for melhor para o seu pai. Fico por aqui torcendo por ele! Converse com o oftalmologista dele, coloque suas dúvidas e apreensões e tenho certeza que terão o apoio necessário para decidir a respeito.

“Uma internauta pergunta: o dia a dia de grande parte das pessoas é permeado de informações visuais digitalizadas em computadores, tablets, celulares, etc. Isso faz mal aos olhos?”

O mundo digital e os olhos

A tecnologia faz bem ou faz mal?

 

Como em tudo na vida, depende de como é utilizada. Equilíbrio e bom senso são fundamentais.

 

Mesmo entre nós, médicos, as opiniões divergem em alguns pontos como a respeito da exposição cada vez maior à carga eletromagnética em relação à mídia digital.

Inócua para uns alguns advertem que o somatório da exposição diária a tantas fontes eletromagnéticas pode alterar a forma como o organismo processa seus ajustes necessários à recuperação funcional dos órgãos e sistemas dia após dia. Nossas membranas celulares exibem potencial elétrico

Mas hoje vivemos num mundo digital e devemos nos beneficiar disso. Apenas lembremos mais uma vez que o bom senso e o equilíbrio é que fazem a diferença. Dois ou três celulares (um da empresa, outro pessoal e um rádio), um deles com bluetooth, oito ou dez horas na frente do computador e um tablet ao lado do prato na hora das refeições. Acha exagero meu? Olhe à sua volta…Sem falar que isso acontece todos os dias, é rotina para alguns. A conta chega, mais cedo do que esperamos. O corpo reclama em algum momento.

Mas vamos falar do consenso em relação ao desconforto que pode causar, em muitos de nós, o uso prolongado de telas de computadores, tablets, celulares e mesmo TVs.

Os riscos de passar horas olhando para a tela na verdade inexistem quando pensamos em doenças oculares ou mesmo no risco de perder a visão. Em outras palavras, até hoje, não se tem conhecimento de dano irreversível aos olhos em relação ao uso contínuo e constante da tecnologia digital.

Mas dor de cabeça, olhos cansados, vermelhos e secos além de visão embaçada são sintomas que estão presentes na chamada “Síndrome da visão de Computador” que, por definição seria o resultado do uso contínuo e constante do computador levando ao cansaço visual.

Esse cansaço é resultado da tensão a que os olhos são submetidos para conseguir foco e poder enxergar, com excelente definição, imagens formadas a partir de pontos minúsculos na tela (pixels).

Agravantes são ar condicionado intenso e luz inadequada que acabam influindo na qualidade do filme lacrimal e leva à sensação de olho seco, além de vermelhidão e ardência. Uma informação interessante é a de que o número de piscadas de olho cai de 10% a 30% durante o trabalho visual principalmente em frente a tela do computador. Quando lemos um livro ou interagimos com celulares ou tablets, olhamos para baixo e não em frente. Com isso a fenda palpebral diminui levando a menor exposição da superfície ocular e consequente menor evaporação da lágrima.

Uma pausa de 5 a 10 minutos para cada hora de trabalho seria suficiente para minimizar o desconforto causado pelo piscar incompleto ou mesmo pela diminuição da frequência do piscar.

Outro aspecto da síndrome da visão de computador é o que nós, oftalmologistas, chamamos de “astenopia” e o leigo comumente refere como “vista cansada”. Na verdade existe o cansaço da visão por conta de muitas horas diante do monitor, podendo levar a sintomas como dor de cabeça frontal (” dor na testa” e sobre os olhos), embaçamento transitório da visão e desconforto visual.

Lembre-se também que quanto menor for a tela do dispositivo eletrônico, maior o esforço que os olhos fazem para ver com detalhe, para focalizar letras, números e caracteres. A curta distância de leitura exige mais trabalho da musculatura ocular e o cansaço visual sobrevém mais rapidamente.

A ergoftalmologia estuda os efeitos do computador sobre a visão. Você pode encontrar muitas referências relacionadas a formas de minimizar os efeitos negativos do trabalho prolongado em frente a telas (PC, Tablets, TVs, etc) em vários sites.

Você sabia que para vermos com a qualidade que estamos (ou deveríamos estar) habituados, muitos músculos e interações neuronais são postos em funcionamento e dessa sincronia depende o bem estar ao executarmos essas tarefas?

Você sabia que ao utilizarmos cada vez mais e mais cedo, a tecnologia de que dispomos hoje (computadores, celulares, tablets, etc) estamos antecipando sintomas decorrentes dessa falta de competência sensório-motora? Hoje é muito maior o número de crianças que são levadas ao oftalmologista com queixa de dor de cabeça, lacrimejamento, ardência e vermelhidão dos olhos.

Se antes de introduzirmos toda essa tecnologia no nosso dia a dia fossemos previamente orientados em relação à “utilização do aparelho visual”, teríamos o benefício de melhor desempenho com menor desconforto e estaríamos assim absorvendo essa tecnologia de forma mais saudável.

E quem nos ajuda em relação aos músculos oculares, fazendo os ajustes necessários (como uma “musculação “para os olhos) é uma espécie de fisioterapeuta ocular, um profissional conhecido como ortoptista! Ele facilita a adequação da musculatura à nova realidade de trabalho visual, promovendo a melhora da visão binocular. Em última instancia, temos visão com mais qualidade e mais conforto por tempo mais prolongado.

 

Algumas dicas:

 

-faça pausas regulares no uso do computador. Levante ou apenas olhe para longe fixando detalhes de um objeto, que levará ao relaxamento do musculo responsável pela visão de perto.

-lembre-se de piscar mais

-otimize a luminosidade e o brilho da sua tela

-controle a umidade do ar (neutralizando efeitos da refrigeração excessiva do ambiente)

-controle a iluminação do ambiente de trabalho. Luz no entorno é fundamental.

-mantenha atualizado o grau dos seus óculos para minimizar o esforço visual

 

Em relação a celulares e tablets a distância de leitura nas telas deve ser a mesma usada para ler em papel. Mas na prática não é o que acontece. Por conta dos caracteres pequenos devido ao tamanho da mídia, aproximamos demais as telas dos nossos olhos (principalmente crianças e adolescentes que ainda são capazes de ler a curtíssima distancia). Assim como ficarmos atentos a uma postura melhor em frente ao computador para evitar alterações musculoesqueléticas e o desconforto que elas trazem a médio e longo prazo os olhos merecem atenção também!

 

 

Leia mais a respeito em:

 

 

http://elizabethnavarrete.com/2011/05/10/dor-de-cabecadores-nos-olhos-lacrimejamento-e-ardencia-ocular-astenopia/

http://elizabethnavarrete.com/2010/09/25/a-visaoos-olhos-e-os-computadores/

http://www.schaefer.com.br/pub/publicacoes/manual_ergoftalmologia.pdf

http://www.scribd.com/doc/18502288/10-Dr-Herbert-Stern-Ergo-Oftalmologia-como-Mecanismo

www.olhardigital.com.br

www.minhavida.com.br/saude/materias/12459-vista-cansada-atinge-principalmente-usuarios-de-computador

www.hospitaldeolhosdoparana.com.br/blog.index.php/2014/10/sindrome-da-visao-de-computador-nao-deve-ser-negligenciada/

www.visaolaser.com.br/blog/doencas/vista-cansada-saiba-como-reconhecer-os-sintomas-e-se-prevenir

www.institutoclovispaiva.com.br/noticias/90-aparelhos-eletronicos-causam-problemas-na-visao

www.olhardigital.uol.com.brr/video/ergonomia_mantenha_a_saude_de_sua_coluna_e_dos_olhos_durante_o_trabalho/22375

 

 

 

 

” Uma internauta pergunta: de acordo com o senso comum, há um mal que aflige muitas pessoas, a chamada “vista cansada”. Que problema é esse? ”  

Vista cansada ou cansaço visual?

 

Sabemos que somos programados para enxergar para longe. É a função visual básica, desde os tempos em que éramos caçadores-coletores.

 

Assim como existem diferenças raciais existem diferenças de “tipo de olho” em relação à visão de longe. Podemos ser míopes, hipermetropes e/ou astigmatas. Mas, uma vez corrigida a refração (grau), se não há nenhuma doença ocular, todos iremos enxergar bem. O clássico “20/20” (100%) na linguagem oftalmológica.

 

A correção do grau faz com que todos possamos ver de longe …e de perto… até a meia idade. Temos capacidade de “corrigir” a visão para distancias mais curtas e o fazemos através do mecanismo de “acomodação” do olho. Esse mecanismo depende da lente que temos dentro do olho (cristalino) e do musculo ciliar ligado ao cristalino através de expansões filiformes que agem como as cordas que controlam uma marionete.

 

É a capacidade de mudar de forma que permite ao cristalino focar objetos próximos. O “músculo ciliar” se contrai e modifica a forma da lente do olho (cristalino), tornando-o mais curvo e trazendo a imagem para o foco na retina. A capacidade funcional deste músculo diminui com a idade. O envelhecimento do olho traz consigo então a dificuldade de ver de perto. O leigo chama este processo de “vista cansada” e nós médicos de “presbiopia”.

 

O enrijecimento e a diminuição lenta, mas progressiva da capacidade contrátil das fibras do músculo ciliar cada vez mais a distância focal de perto vai se afastando do ponto ideal são responsáveis pela necessidade de uso de correção óptica para perto. Com a perda progressiva da elasticidade do cristalino fica reduzida sua capacidade de mudar sua forma para focalizar perto.

 

É o momento em que percebemos alguma dificuldade de ler na distância a que estávamos habituados. Procuramos ambientes mais iluminados para aumentar o contraste e vermos melhor.

 

Tudo isso faz parte da fisiologia humana e costuma acontecer por volta dos 40 anos. Pode ser antecipado nos diabéticos ou nos indivíduos que são hipermetropes (em torno dos 35 anos). E alguns de nós podem chegar aos 48 ou 50 anos sem sentir necessidade de usar óculos de perto. Vamos nos adaptando gradativamente a novas distancias para conforto visual de perto. Mas é incomum.

Quando chega a presbiopia, avaliamos a refração (grau) que nos permite ver bem a trinta e sete centímetros. Esta é a distância para a qual a visão de perto (leitura de um livro, p.ex.) é corrigida. São nossos óculos de leitura.

 

As várias distancias ditas intermediarias (para ler no computador p.ex.) variam de acordo tanto com a necessidade profissional de cada um de nós quanto com a nossa estrutura morfológica e biométrica. Somos diferentes uns dos outros.

 

Umas pessoas são altas, outras baixas, umas com braços mais compridos do que outras e assim por diante. As dimensões do corpo têm influência na distância mais confortável de leitura. Ela é variável, para cada um de nós. Mas temos que partir de um padrão, determinado como sendo trinta e sete centímetros (valor impresso nas tabelas disponíveis para mensurar a capacidade de leitura). Cabe ao médico e ao paciente identificar a melhor distancia de correção em cada caso.

 

A partir de um determinado momento vamos precisar de alguma estratégia para voltar a ver com precisão de perto. Seja através de óculos, lentes de contato ou tratamento cirúrgico (ainda muito controverso sem estudos de longo prazo). Todas as formas de intervir na presbiopia têm suas limitações e temos que nos adequar a elas.

 

Uma coisa é certa. Os sintomas de “vista cansada” poderão ser antecipados se utilizamos ansiolíticos, antidepressivos ou medicação que interfira com a qualidade do trabalho muscular. E quanto mais conseguimos nos adaptar a novas distancias de leitura (não tão próximas quanto antes, mas ainda aceitáveis do ponto de vista estético e que proporcionem uma boa qualidade visual), estaremos lentificando o envelhecimento do musculo ciliar! Não custa lembrar que musculo precisa de exercício para se manter em forma. Mantenha-se proativo. Se não tem outros sintomas oculares exceto a alteração da distância de leitura, adapte-se à nova distância … enquanto der!

Lembre-se que pensando a longo prazo, subir alguns lances de escada é melhor do que ir de elevador.

 

Até os octogenários, mesmo com suas limitações, precisam do exercício funcional para se manterem independentes. Enquanto estivermos vivos temos que nos mexer, certo?

Com os músculos dos olhos não é diferente.

 

E calma, não é o fim do mundo…é apenas o início de uma nova fase!

 

Então, como vimos, vista cansada ou presbiopia, nada tem a ver com o cansaço visual comum nos usuários de mídia digital.

 

Saiba mais:

 

http://ipvisao.com.br/site/institucional.do?vo.chave=apresbiopiaouvistacansada&tipo=12

http://www.einstein.brr/einstein-saude/em-dia-com-a-saude/Paginas/vista-cansada.aspx

http://www.ioc.med.br/especialidades/presbiopia-%E2%80%93-vista-cansada

 

http://elizabethnavarrete.com/2011/09/28/miopia-hipermetropia-ou-astigmatismo/

http://www.abcdasaude.com.br/oftalmologia/presbiopia-vista-cansada

 

” Uma internauta pergunta: poluição e secura do ar contribuem, de alguma forma, para a falta de saúde da visão? “

Visão, meio ambiente e olho seco

Se definirmos saúde visual como ausência de qualquer sinal ou sintoma ocular sim, a poluição e o ar seco podem causar desde uma simples irritação ocular até ulcera de córnea (em pacientes previamente portadores de olho seco mais grave).

As variações climáticas (com diminuição da umidade relativa do ar além de vento constante) assim como a poluição ambiental (áreas industriais, grandes queimadas),a calefação e fumaça de cigarro em locais fechados induzem ou agravam o olho seco. O ar seco, o frio e a poluição, juntos, dobram a incidência de olho seco no inverno em comparação aos meses mais quentes do ano.

A concentração de poluentes no ar além de aumentar a evaporação da lágrima, pode por si só causar irritação ocular levando à piora da qualidade do filme lacrimal.

A lágrima tem função importante no olho. Além de proteger de agressões externas, o filme lacrimal justaposto à córnea forma o primeiro dioptro  (sistema formado por dois meios homogêneos e transparentes) do olho. São três os dioptros oculares. A ausência (ou redução da quantidade pela evaporação mais rápida) ou ainda a má qualidade da lagrima levam à diminuição da visão ou da qualidade visual.

Ardência ou queimação, sensação de areia nos olhos, visão turva, dificuldade de fixar os olhos na leitura e/ou no computador, dificuldade de tolerar ambientes com ar condicionado, muito frios ou secos, fotofobia e cansaço visual podem ser sintomas de olhos secos.

A superfície ocular é mais afetada em mulheres na pós menopausa, em idosos, principalmente os portadores de doença neurológica degenerativa (como D. Parkinson p. ex.) e em indivíduos que fazem uso de medicamentos ansiolíticos, anti-hipertensivos, antidepressivos, contraceptivos, descongestionantes, diuréticos e anti-histamínicos (entre outros). A prevalência de olho seco aumenta em algumas doenças reumáticas e autoimunes.

Vale mencionar que a Síndrome de Sjogren (que cursa com sinais e sintomas mais graves de olho seco) tem evolução e prognostico diferentes do olho seco ambiental e do olho seco secundário a medicamentos ou doenças da superfície ocular. A blefarite crônica é uma dessas doenças, um tipo de inflamação dos cílios que pode alterar a composição da lagrima (aumentando a fase lipídica ou gordurosa) fazendo com que ela evapore mais rapidamente aumentando a sensação de olho seco.

 

 

Algumas dicas para reduzir os sintomas de olho seco:

 

-Usar lagrima artificial prescrita pelo seu oftalmologista

-Beber mais agua

-Usar umidificadores de ambiente

-Evitar ar condicionado e ventiladores

-Usar óculos com ou sem proteção lateral, mesmo sem grau, para reduzir a exposição

do olho e retardar a evaporação da lagrima

-Aumentar a ingesta de ômega 3 via alimento (linhaça, óleo de fígado de

bacalhau,peixes como atum e salmão) ou sob a forma de suplementos, sempre sob a

supervisão de um médico e de um nutricionista

Leia mais a respeito:

http://www.saudemedicina.com/olho-seco-doenca-dos-olhos/

http://www.saudevisual.com.br/noticias/55-poluicao-afeta-olhos

http://www.noticiario.com.br/dicas.asp?cod_dica=97

http://www.cemahospital.com.br/olho-seco/

http://www.uniaoquimica.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=119%3Asindrome-do-olho-seco-e-um-dos-problemas-oculares-que-mais-crescem-no-inverno&catid=75%3Anovidades&Itemid=241&lang=br

” Uma internauta pergunta: quais cuidados ou boas práticas contribuem para a saúde dos olhos? “

Como cuidar da visão?

 

A cronologia da avaliação oftalmológica segue um roteiro:

-Nas primeiras 48 de vida, ainda na maternidade (teste do reflexo vermelho, mais conhecido como teste do olhinho) para descartar alterações que devem ser tratadas o mais cedo possível para evitar o comprometimento da visão a longo prazo ou mesmo a cegueira.

-Se o pediatra não identificar necessidade de visita oftalmológica antes, a primeira consulta deverá ser entre os 3 e 4 anos de idade. A criança deve ser avaliada para ter garantida a sua competência visual (ambos os olhos) e com isso evitar o comprometimento irreversível da qualidade da visão binocular. Esse seguimento deverá ser feito até os 8 ou 9 anos de idade, anualmente. Depois a visita passa a acontecer por conta da orientação do médico assistente  ( pediatria e clínica de adolescentes ).

-Na idade adulta, o exame oftalmológico periódico é feito pelo menos a cada dois anos para avaliação do fundo de olho, que pode ajudar na investigação de doenças sistêmicas, além de, depois dos 45- 50 anos identificar indivíduos de risco para desenvolvimento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), além da medida da pressão intraocular (PIO) como triagem para o glaucoma e da biomicroscopia que identifica catarata e outras patologias oculares. Depois dos 50 anos a visita deve ser anual.

Mas em linhas gerais, os cuidados que devemos ter para manter a saúde dos olhos incluem:

-Check-ups oftalmológicos anuais

-Uso regular de óculos escuros com filtro UV (de preferência com proteção lateral)

-Alimentação balanceada para garantir a nutrição celular adequada à manutenção da qualidade visual retardando assim o processo de envelhecimento ocular

-Evitar o sedentarismo

-Evitar o fumo

-Manter hábitos que garantam um sono de boa qualidade

-Controle clinico para evitar doenças degenerativas que pioram a qualidade visual, como a aterosclerose, a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, p.ex.

Vocês devem estar se perguntando se não errei ao listar os últimos cinco itens da lista acima. O que eles poderiam ter a ver com a visão, podem estar imaginando. A Medicina precisou segmentar o indivíduo (em especialidades e subespecialidades) para conseguir dar conta da quantidade de informação hoje disponível a respeito do corpo humano. Mas, na verdade, quase todos os médicos, seja de qual for a especialidade, acabam dando as mesmas orientações que são sinônimo de saúde a longo prazo.

Em todas as áreas do conhecimento médico, cada vez mais surgem dados que nos lembram que nenhum órgão está isolado do organismo que o contém.

Todo o organismo sofre com o declínio fisiológico relativo ao envelhecimento. Mas ele pode ser retardado e minimizado se mantivermos ao longo da vida hábitos simples e conhecidos há milhares de anos. A novidade em Medicina relacionada à qualidade de vida na senilidade é que não há novidade: a saúde depende mais de nós, de como vivemos, dos nossos hábitos do que tão somente da nossa genética e do que a Medicina pode nos oferecer em relação à prevenção.

Diagnóstico precoce é o que se faz nos consultórios, através de bom relacionamento médico-paciente, escuta atenta às queixas e exames complementares, quando necessário. Esse é o momento em que os médicos buscam diagnosticar as distorções do funcionamento ideal da máquina humana e minimizar os danos potenciais das doenças em curso.

Mas a prevenção cabe a nós, indivíduos, conscientes que já estamos da necessidade de tomar providencias que mantenham em bom funcionamento o nosso organismo. A saúde não se vende. É moeda de troca. Exige algum esforço mas a recompensa sempre vem na forma de qualidade de vida e de envelhecimento saudável. Longevidade com saúde.

E em relação aos olhos não é diferente!

Seja qual for nosso “erro de fabricação”, a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo ou o estrabismo, p.ex., depois da atenção necessária do oftalmologista com a regulação ideal e possível relativa a cada diagnóstico, cabe a nós mantermos a qualidade visual ao longo do tempo.

Fazemos isso através da otimização da nutrição das células do olho, uma vez que sabemos que o que regula a saúde celular é o controle da oxidação (causada diariamente seja pelo estresse visual, seja pela luz visível e pelo espectro da radiação invisível ou pela alteração do aporte de oxigênio ao olho). Os grandes antioxidantes dos olhos, são os carotenoides (como a luteína e a zeaxantina) e o glutation. Exemplos de carotenoides são a couve e os outros vegetais verde escuros, a abobora e legumes alaranjados e ovos para citar apenas alguns. O glutation se obtém no consumo de salsa, gema de ovo, pimenta, alho, cebola e brócolis, uma vez que a ingestão do aminoácido cisteina (contido nessas fontes) regula a quantidade de glutation formado no fígado. E várias outras substancias que agregam qualidade à função ocular.

Mas, cuidado! Consulte a sua nutricionista sobre a combinação ideal de nutrientes para você! Especialmente se está em uso de alguma medicação. Você sabia que os vegetais de folha escura são contraindicados para quem faz uso de anticoagulantes? Ou, se forem usados, há necessidade de ajustar a dose do medicamento?

Um especialista em nutrição é de grande ajuda!

Portanto uma boa alimentação é necessária à manutenção da visão, assim como o exercício físico (principalmente o aeróbio, no caso dos olhos) por conta da necessidade de garantir um bom fluxo de sangue e oxigênio ao cérebro (onde se processa a visão) e aos olhos (onde se captam as imagens a serem processadas).

Os raios ultravioleta aceleram o envelhecimento dos olhos. Portanto o uso de proteção através de óculos com bom filtro UV é mandatório!

O hábito de fumar é um grande inimigo da visão. Eu poderia listar várias patologias oculares que têm na nicotina e no alcatrão vilões que pioram (e muito) o dano celular a médio e longo prazos. Desde as neuropatias ópticas até a degeneração macular relacionada á idade (DMRI), ambas podendo levar à cegueira irreversível, passando pela antecipação da catarata (esta reversível através do tratamento cirúrgico). Além das alterações retinianas devidas às doenças vasculares e metabólicas como a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, a arteriosclerose que são agravadas pelo habito de fumar.

Quanto ao sono, costumo dizer que é durante a noite, quando dormimos, que recuperamos os múltiplos danos celulares que acontecem no dia a dia. Um sono de qualidade nos permite reparar as falhas e quase “zerar” o organismo para um novo dia de agressões inevitáveis. Dormir mal (e pouco) significa acumular danos e antecipar doenças.

Em resumo, a prevenção (e controle) da doença ocular degenerativa crônica (seja ela a catarata, o glaucoma, a DMRI e outras) está diretamente ligada à prevenção e controle das doenças sistêmicas mais prevalentes em nosso meio. A reeducação alimentar, a eliminação do sedentarismo e a modificação dos valores básicos do “modus vivendi” atual são necessárias para uma mudança real no cenário da saúde (em geral e dos olhos também!).

E não podemos esquecer de que quanto mais medicação usamos (seja para o que for) maior a frequência de efeitos colaterais, oftalmológicos inclusive. Não são poucos mas infelizmente são menos difundidos. Então quanto mais adoecemos, mais remédios usamos e a tendência é acelerar os efeitos negativos da interação dos medicamentos entre si e com os órgãos, incluindo os olhos.

Então, como lentificar o processo de envelhecimento do olho (e do cristalino)? Eu posso chegar mais longe mantendo um mínimo de transparência que me permita levar uma vida normal em termos de exigência visual? Se eu usar, desde cedo, lentes que filtrem os raios UV, se eu conseguir reduzir ao máximo o uso de alguns medicamentos sabidamente aceleradores do processo de glicação das proteínas dentro do cristalino ,que leva a diminuição da sua transparência (catarata); se eu me alimentar de forma a mudar as vias bioquímicas do meu organismo, diminuindo o aporte de alimentos pró-inflamatórios; se eu, enfim, buscar conhecer melhor o funcionamento do MEU corpo e aprender como ajudá-lo em sua tarefa de me manter em equilíbrio…será que eu consigo ter mais qualidade de vida quando for idoso…será que eu posso ter minha catarata atrapalhando minha visão só quando eu for centenário (ou nem assim)? A resposta é SIM!

Em outras palavras, todos os dias nós podemos, sem nos darmos conta, estar antecipando ou contribuindo para desacelerar o processo de envelhecimento natural do organismo.

É mais fácil (e mais inteligente) manter a saúde do que cuidar da doença, vocês não concordam?

Não devemos procurar o oftalmologista apenas quando existem queixas visuais, ou simplesmente precisamos trocar os óculos…

Envelhecer enxergando bem…esse é o objetivo de todos nós e o compromisso de todo oftalmologista com cada indivíduo sob seus cuidados!

Leia mais em:

http://elizabethnavarrete.com/como-anda-a-sua-visao/

http://elizabethnavarrete.com/2013/06/05/oftalmologia-preventiva-como-se-faz/

http://elizabethnavarrete.com/2010/08/11/oftalmologiasenilidade-e-qualidade-de-vida-futura/

” Uma internauta pergunta: por que os óculos de sol precisam ter filtro UV? “

 O sol e os olhos –por que usar filtro UV

 

O senso comum até bem pouco tempo mostrava os óculos de sol como complemento estético e/ou alivio para o incomodo que a luz visível costuma causar a boa parte de nós em maior ou menor intensidade (fotofobia). Não se via as lentes solares como uma necessidade. Não se falava em lentes com filtro UV nem fotossensíveis.

 

Mas dados cada vez mais alarmantes têm mostrado que a intensidade da radiação UV que nos atinge hoje, independente da época do ano, é extremamente nociva aos nossos olhos. O significativo aumento na necessidade de intervir cada vez mais cedo para extrair o cristalino muito opaco (catarata), além do aumento da prevalência de degeneração macular relacionada à idade (DMRI) podem ser atribuídos a inadequação da proteção ocular em relação à radiação ultravioleta.

 

As alterações ambientais têm tornado cada vez mais necessário que adotemos algumas rotinas de proteção para garantir qualidade de vida no envelhecimento.

 

O olho da criança é bem mais vulnerável aos raios UV por que a lente (cristalino) ainda é muito transparente e não tem a capacidade de absorver UVA e UVB tanto quanto na idade adulta. Na mesma situação está o indivíduo que já operou catarata e não tem uma lente intraocular que absorva os raios UV. Estudos avaliaram que em média aos 18 anos, nós já teremos sido expostos à 80% da radiação calculada para o tempo de duração da vida do indivíduo!

 

Vamos comparar ossos e olhos. A osteoporose não surge do nada depois dos 50 anos (mulher na pós-menopausa ou homem). A massa óssea é formada ao longo dos primeiros anos de vida até por volta dos 25 anos, em média. Depois se mantém ou não, de acordo com estilo de vida adequado (alimentação balanceada e exercício físico regular) e ausência de intercorrências que levam à desmineralização dos ossos, seja por conta de doenças adquiridas ao longo da vida seja por medicamentos que interferem com o metabolismo ósseo ou outra variável.

 

 

O sol é necessário, sim. Precisamos da vitamina D produzida pela interferência dele, sol. Mas a proteção dos olhos é imperativa! Ainda temos muito que aprender em relação à busca do equilíbrio necessário para melhor vivermos. O uso indiscriminado e excessivo do filtro solar pode ter reduzido o índice de câncer de pele mas em contrapartida pode ter sido um dos fatores que contribuíram para uma insuficiência generalizada de vitamina D na população. Assim como o sedentarismo aumentou a incidência da osteoporose, da obesidade, do diabetes e tantas outras doenças que podem ser prevenidas.

 

Então, assim como o cuidado em relação aos ossos, também temos que cuidar dos olhos desde cedo evitando a exposição excessiva dos olhos ao ultravioleta.

 

O cristalino ao longo do tempo vai mudando sua cor e aumentando sua capacidade de absorver os raios UV. Isso mostra o quanto nosso organismo é inteligente e tenta controlar o ambiente interno, fazendo os ajustes necessários ao reequilíbrio para nos manter hígidos por mais tempo! Mas se o ajudamos tomando medidas simples como os óculos de filtro UV liberamos o organismo para ações mais complexas que somente ele pode dar conta, não é mesmo? Poupar aqui para gastar ali quando for necessário.

 

Os raios UVA e UVB são invisíveis aos olhos e portanto não causam incômodo perceptível a curto prazo, a não ser em exposições intensas e por tempo prolongado, quando acontecem as queimaduras oculares Crianças expostas ao reflexo do sol na areia branca da praia ou na neve são mais vulneráveis.

 

Os raios UVA repercutem negativamente sobre a retina e os UVB são mais nocivos à córnea e cristalino (segmento anterior do olho). Reações oxidativas devidas à foto toxicidade dos raios UV podem desnaturar as proteínas do cristalino acelerando a catarata além de formar radicais livres que antecipam a degeneração da parte mais sensível da retina, a mácula, responsável pela visão de detalhes.

 

A luz (espectro visível) incomoda o olho. As lentes escuras sem filtro UV podem ser confortáveis o suficiente mas não trarão a proteção necessária. Todos nós nos beneficiamos do uso de óculos solares, por conforto, mas indiscutivelmente é necessário que eles tenham proteção UV total para efetivamente significar prevenção das doenças degenerativas oculares induzidas ou aceleradas pela exposição a esses raios. O hábito do uso de lentes com filtro UV significa mais qualidade de vida no envelhecimento.

 

Crianças, adolescentes e adultos, independentemente da idade, todos devemos fazer uso de proteção UV nos óculos, sejam eles de grau ou apenas solares todos devem ter filtro UV. Tenha certeza de estar adquirindo um produto de qualidade. Peça a certificação ou melhor ainda, solicite que seja feito teste no fotômetro (ou similar), que indica o grau de proteção. A lente ideal deve ser capaz de absorver 400µm (nanômetros), espectro dos raios UVA. Os raios UVB estarão bloqueados também, uma vez que seu espectro vai de 290 a 315 enquanto os raios UVA vão de 315 a 400 nanômetros.

 

Apesar disso, sempre cabem dúvidas!

Amanhã dirão que o benefício obtido com o uso constante de lentes solares alterou outros parâmetros da qualidade visual, como a sensibilidade ao contraste, por exemplo. Nesse caso, lentes claras com filtro UV até 390 (as lentes de receituário, disponíveis em resina orgânica de alto índice) para adultos na faixa dos 40 aos 50 seria uma boa opção, caso não exista diagnostico de doença macular ou sinais precursores dela. As lentes verdes (que aumentam o contraste) estariam bem indicadas após os 60 anos (época em que a sensibilidade ao contraste começa a diminuir e com ela surge o incomodo de dirigir à noite. Mas na criança e no adolescente, lentes com filtro UV total (400µm) em qualquer tonalidade!

 

 

Se quiser aprender como se expor menos à radiação evitando os piores horários a cada dia e época do ano, pesquise índice UV da sua cidade no site www.weather.com. Lembre-se que mesmo em dias nublados a intensidade da radiação UV é nociva aos olhos. Portanto o uso de óculos com proteção não está indicado apenas no verão ou para ir à praia.

 

 

 

Informe-se mais nos links abaixo:

 

 

 

http://www.schaefer.com.br/index.php?system=news&news_id=32&action=read

 

https://www.casu.com.br/Site/noticias_ler.aspx?CodTipNot=2&id=99

 

http://elizabethnavarrete.com/2010/02/25/protecao-uv-e-oculos-solares/

 

http://www.portaldaretina.com.br/home/artigos.asp?cod=31

 

http://www.master.iag.usp.br/indiceuv/olho.html

 

 

 

“Estou com infiltrados e olho seco devido a uma conjuntivite adenoviral. Essa fase crônica normalmente (na grande maioria dos casos) tem um fim?  Fiquei meses somente com os infiltrados. Infelizmente quando eu achei que estava ficando curada (uns dois meses atrás) de repente os olhos inflamaram e secaram. Vai completar 9 meses que tive a conjuntivite!”   

 

Não sei qual post dos meus blogs você leu…mas acredito que tenha sido aqui no www.duvidasemoftalmologia.com.  No meu outro blog postei um texto maior com toda informação disponível, em:    http://elizabethnavarrete.com/2013/08/15/conversando-um-pouco-mais-sobre-a-conjuntivite-adenoviral/ 

As respostas relativas à imunidade, as dúvidas a respeito de por que alguns têm a “forma crônica” e as opções de tratamento estão todas lá.

De qualquer forma, procure lembrar se ficou doente nos dois meses em que “haviam sumido as lesões” ou pelo menos as queixas. Se pode ter sido isso que levou à recidiva do quadro. Ou seja, uma diminuição da resposta imunológica ao vírus por conta do corpo ter tido que lidar com outra agressão sem ter concluído o ciclo infeccioso adenoviral nas suas células.

A diminuição da imunidade pode acontecer também apenas por sobrecarga emocional ou “stress” físico.

Você ficará bem, tenho certeza!

E a resposta à sua pergunta é sim…tudo tem seu ciclo (início, meio e fim). Mas também é verdade que ele pode durar até anos, mas é bem mais raro.  Se tiver alguma dúvida procure um imunologista e veja como anda sua saúde neste aspecto.

E mantenha acompanhamento com o seu oftalmologista pois não existem “fórmulas mágicas”. O que poderia ser usado já foi ou está sendo neste momento, conforme você esclareceu. A maior ajuda vem de você mesma! Do seu organismo em dia com suas defesas. Nessa fase você deve dar atenção à alimentação de qualidade, a uma boa noite de sono e identificar o que não deve fazer e que possa estar contribuindo para reduzir sua imunidade.

Acho que não há muito mais que eu tenha a acrescentar.

Fico torcendo pela sua pronta recuperação!

 

 

A seguir falo um pouco mais sobre a história natural da infecção ocular por adenovirus:

O espectro da conjuntivite por adenovírus é extremamente amplo e indivíduo dependente. A predisposição genética, a imunidade no período em que sobrevém a infecção, talvez a sensibilidade a outras famílias de vírus (como Herpes Simples e Epstein Barr, embora não se tenha ainda nenhum dado consistente a esse respeito podem ser responsáveis pela diferença importante de forma de apresentação clínica.

Alguns têm a forma leve, somente a conjuntivite e ficam bem em 1 semana ou um pouco mais. Outros permanecem com alguns sintomas significativos por volta de 30 dias. Outros ainda se queixam de embaçamento visual e olho seco por meses ou até anos, entre períodos de remissão e exacerbação, mostrando uma morbidade significativa.

A ceratoconjuntivite epidêmica (os sorotipos 8,19 e 37 são os principais) pode acontecer em 3 estágios diferenciados.

Entre 7 a 10 dias do início dos sintomas de conjuntivite surge a turvação visual por conta de uma inflamação na córnea chamada de ceratite puntata que pode melhorar em até 2 semanas.

Se o indivíduo entra no segundo estágio, no lugar da ceratite, ou seja, das lesões no epitélio da córnea (camada mais superficial) surgem opacidades sub-epiteliais, imediatamente abaixo das lesões epiteliais que estavam aos poucos desaparecendo. É a resposta do organismo ao vírus, uma reação imuno mediada e significa que o hospedeiro ainda não respondeu adequadamente à infecção viral e vai levar um tempo maior para ficar livre dos sintomas.

Num terceiro momento podem surgir os infiltrados estromais (a lesão se situa um pouco mais posterior (camada imediatamente abaixo daquela das lesões do segundo estágio – o estroma da córnea) que se atenuam gradativamente podendo levar nesse processo meses ou anos.

O tratamento sintomático com corticoide não altera a evolução natural da doença. Melhora os sintomas suprimindo a resposta inflamatória corneana, tão somente e por conta disso as lesões tendem a recorrer quando a corticoterapia é interrompida, mesmo que a retirada seja gradual. Mas isso não costuma acontecer sempre.

Em suma, a duração média da doença costuma ser de até 5 semanas.

Em casos de quadro clinico mais intenso e de evolução arrastada, trabalhos brasileiros com ciclosporina a 2%, 4 vezes ao dia e com redução lenta e gradual durante uma média de 6 meses tem mostrado bons resultados.

Outra alternativa em alguns casos é o Tacrolimus.

 

 

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