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Oftalmologia para leigos

conversando com o oftalmologista…

mês

outubro 2012

“Neve visual”…a habituação seria possível?

A fisiopatologia da “neve visual” ainda não foi estabelecida. Mas, em termos leigos, por ora, poderíamos dizer que os portadores dessa “sensação visual” são indivíduos cujos cérebros apresentam hiper-reatividade cortical.

O processamento visual se dá no encéfalo. Os olhos recebem a informação fotoquímica e o nervo óptico faz a conexão com os centros visuais no cérebro.Então sabemos que percepção visual é um processo de estágios múltiplos.

A percepção visual normalmente é seletiva e envolve omissão: imagens menos importantes ou que causam confusão são “ignoradas” pela “mente que vê”, ou seja, a região em que é processada a informação visual.
A seletividade da percepção depende de processos cognitivos cerebrais e estaria alterada, por exemplo, em disfunções bioquímicas do cérebro. Um exemplo seria a epilepsia foto-sensitiva, em que existe uma sensibilidade exagerada ao “flickering”, que nesse caso desencadeia uma resposta anormal à estimulação luminosa intermitente e/ou certos “padrões visuais”

O sistema nervoso autônomo controla a função autonômica (vegetativa).

A dopamina, assim como a adrenalina, é um dos transmissores que ajudam a fazer a “sintonia fina” dos níveis de atividade neural. Portanto, o TDAH ou DDA (déficit de atenção com hiperatividade), assim como a depressão, síndrome do pânico, e TAG ou transtorno da ansiedade generalizada, não são raros em indivíduos que se queixam de “neve visual”.Sabemos também que,“do ponto de vista fisiológico, no transtorno de ansiedade generalizada ocorre a ativação do sistema nervoso autônomo.Os pacientes ansiosos tendem a ter um tônus simpático aumentado, respondendo emocionalmente de forma excessiva aos estímulos ambientais e demorando mais a adaptar-se às alterações do Sistema Nervoso Autônomo em http://www.psiqweb.med.br/

Outras comorbidades possíveis (esperadas) no caso da conexão simpática (Sistema Nervoso Autonomo) ser uma das vias fisiopatológicas da “neve visual”:

A síncope vasovagal (p.ex. no indivíduo que passa mal quando vê sangue, quando se submete a punção venosa, quando vê um ferimento grande). A hiper-hidrose, distúrbios do sono (incluindo a narcolepsia), AIT (acidente isquêmico transitório), hipotensão ortostática,taquicardia de repouso,esofagite de refluxo, bexiga neurogênica, dores no peito (por estresse) e espasmos musculares ou tiques.
Ou ainda: aura migranosa persistente (PMA), desordem de percepção halucinogenica persistente (HPPD), despersonalização / desrealização, anisedade (TGA), depressão, síndrome do pânico e palinopsia ( que é a persistência anormal das pós-imagens positivas).

A neve visual parece ser mais comum em pessoas que são extremamente observadoras e hiper-reativas. Nelas também é mais frequente a percepção de fenômenos entópticos. Poderia ser avaliada então como uma variação da percepção visual normal. Mas é imprescindível que exames complementares sejam realizados para excluir causas orgânicas secundárias, como efeitos colaterais de alguns medicamentos, uso de drogas ilícitas, ou ainda neoplasia encefálica, doença desmielinizante e outras patologias neurológicas.

Descartada a causa orgânica, que uma vez tratada faria cessar a “alucinação”, uma possibilidade de lidar com o sintoma visual seria a habituação.

A habituação é um fenômeno fisiológico e a utilização dessa técnica foi sugerida e tem sido utilizada em indivíduos portadores de zumbido, como forma de minimizar o seu desconforto.

Habituação é o aprendizado de novos padrões de informação. Ela se daria a partir da redução de respostas sensoriais e se basearia na repetição de estímulos sensoriais. Essa repetição, além de promover a adaptação ao padrão individual adquirido estimularia o órgão sensorial, criando novos automatismos.
A estimulação constante do ouvido (utilizando uma frequência semelhante à do zumbido e em altura suficiente para suplantá-lo) leva após um determinado período à ausência de percepção do zumbido. Nesse caso teria sido criado um novo padrão de percepção auditiva que “filtraria” o ruído adventício (zumbido) mantendo-o num plano secundário, acessível apenas em momentos mais críticos em que esse mecanismo de bloqueio fosse inativado.

A percepção espacial de movimento depende da integração dos centros oculares e proprioceptivos (corticais superiores). A memória visual está localizada no córtex visual secundário que abriga as conexões superiores relacionadas à visão. Essas conexões poderiam ser ativadas e desativadas, conforme o estímulo. Da mesma forma que o individuo percebe estímulos visuais excessivos, não necessários ao processamento da informação visual recebida cada momento (como no caso dos fenômenos entópticos), ele pode aprender a “não vê-los”. A não tomar consciência deles.

Assim como existe a readaptação vestibular na vertigem, pode-se buscar a readaptação processual visual em relação às sensações visuais incomuns (p. ex. “visual snow”). A idéia seria, através de estímulos visuais repetitivos, provocar a habituação (das vias responsáveis pela percepção visual) aos fenômenos entópticos e sensações visuais incomuns.

Essa sugestão parece interessante e deveria ser investigada por especialistas em reabilitação. Existem técnicas (hoje cada vez mais difundidas) utilizadas no tratamento da dislexia visual (síndrome de Irlen), que é uma disfuncionalidade do processamento visual. Assim como parece ser a síndrome da “neve visual”.

E assim como hoje se reconhece a possibilidade de modificar o processamento visual na criança disléxica, será que a técnica de habituação não poderia levar à readaptação visual nos indivíduos portadores de “visual snow”?

Referencias:

Livro: “Visual Perception: a clinical orientation” 2010, Schwartz S.,McGraw-Hill Publishing Co

Links:

http://uk.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120515144530AALtrai
http://porillion.wordpress.com/pma-visual-snow-faqs/
http://www.aber.ac.uk/media/Modules/MC10220/visindex.html

Clique para acessar o cinesioterapia31.pdf

Monovisão com lentes intra-oculares: não deu certo…e agora?

“Aos 25 anos, fiz a cirurgia para correção de miopia com cortes (antes do laser). Fiquei 20 anos com visão perfeita. Aos 45 iniciou o processo de vista cansada e um pouco de miopia. Passei a usar óculos multifocais. Agora, aos 53 anos foi detectado catarata. Então optei por lentes intraoculares (com a retirada do cristalino) no processo monovisão. Como tenho um pouco de astigmatismo, não ficou perfeita a cirurgia. Acontece que pela manhã ou enquanto estou na luz natural, a minha visão para longe e para perto ficam boas, mas quando chega a noite e quando tenho que trabalhar em ambiente fechado no computador, minha visão fica horrível. Pedi então para o médico me passar lentes multifocais para uso a noite ou diante do computador. O resultado é que quando olho para um objeto quadrado ou retangular, o lado esquerdo aparece maior que o lado direito. Não fica linear.
Qual seria a maneira de corrigir este problema? Se eu fizer correção a laser do astigmatismo, pode melhorar? A cirurgia que fiz com lentes intraoculares, tem como ser desfeita?”

Apesar de não ter todos os dados que gostaria para opinar de forma mais assertiva, vou raciocinar com o que você relatou.

Você fez cirurgia de catarata (!?) e optou pela técnica da monovisão (lentes intraoculares para longe num dos olhos e perto no outro) para correção refracional.

O uso da monovisão requer aprendizado neuronal (neuro-adaptação). O ideal é fazer testes com lentes de contato antes de um procedimento definitivo como o implante de LIO (lente intra-ocular). A dificuldade que você relata provavelmente se deve à monovisão,sim. Com luz natural, a qualidade da visão é melhor. Assim como quando a catarata ainda não necessita cirurgia (significa apenas o envelhecimento do cristalino) e a visão é melhor com luz natural do que em ambientes fechados (a não ser com luz direcionada ao objeto que se vê, como na leitura, p.ex.).

Quando usamos a monovisão e em determinadas tarefas temos mais dificuldade (dependendo da iluminação ou da maior exigência visual) o que se faz é usar lentes de visão simples (não multifocais) para correção da ametropia de cada olho para aquela determinada distancia.
Por exemplo:

Quando dirigimos à noite, em uso de lentes de contato (ou LIO, no seu caso) adaptadas em monovisão, surgirá a necessidade de utilizar óculos com lentes para permitir a visão binocular (e com isso, mais qualidade visual). No olho que está usando correção para longe não colocamos grau na lente dos óculos (ou complementamos o grau que falta, p.ex. um pequeno astigmatismo não corrigido pelas lentes de contato (ou LIO, no seu caso).No olho em uso de correção para perto, a lente dos óculos deve compensar essa correção, readaptando o olho para a visão de longe. Com isso, a visão de longe ficará (do ponto de vista de “grau”), totalmente corrigida em ambos os olhos.O resultado é uma visão bem superior,com algumas qualidades pertinentes à binocularidade (e que a monovisão não permite).

O mesmo acontece para o trabalho no computador. A diferença entre os óculos multifocais e os óculos de visão simples para a correção da descompensação relativa à monovisão é que a tecnologia multifocal, por si só já cria dificuldade de fusão de imagens. Na construção das lentes multifocais são criados prismas ou efeitos prismáticos, alem de aberrações óticas, que podem atrapalhar mais ainda a fusão das imagens e reduzir o conforto da visão de perto ou ainda intermediária (computador). Os óculos multifocais ajudam bastante, mas têm indicações pontuais. Não implicam em qualidade em toda e qualquer circunstancia de uso da visão.

A referência a tamanhos diferentes de imagens (aniseiconia) se deve à diferença de graus entre os dois olhos. Antes o cérebro não precisava lidar com essa dificuldade. Além disso, ela fica superdimensionada pelos multifocais. Talvez óculos apenas para usar no computador possam ser mais adequados à sua necessidade atual. Ou os óculos multifocais foram inadequadamente montados criando aberrações que podem corrigidas. Nesse caso você deve conversar com seu oftalmologista, que deverá encaminhá-lo à consultoria do fabricante das lentes multifocais que você está usando, para que seja reavaliada a montagem, na tentativa de melhorar seu conforto.

Quanto a uma nova cirurgia, as queixas referidas não me parecem se dever ao astigmatismo e, portanto não seria a primeira opção para resolver o problema. A não ser que seja um astigmatismo importante.Mas, não conheço os detalhes. E quanto à sua pergunta a respeito das LIOs implantadas, sim é possível explantar a LIO de perto e fazer implante secundário neste olho de uma lente visão simples para longe. A possibilidade existe, mas não deve ser sua primeira opção. Não acredito que um cirurgião de segmento anterior sugira o procedimento sem antes tentar resolver suas queixas clinicamente.

Não existe intervenção cirúrgica sem risco. E você já se submeteu a várias. Pense a respeito. Alem disso, após a facectomia a monitorização vitreo-retiniana é interessante pelas intercorrencias possíveis em relação ao polo posterior do olho, no longo prazo. A reoperação aumenta o risco de incidência de complicação futura.

Converse com o seu médico. E se o oftalmologista que sempre o acompanhou, não for o médico que o operou, volte a ele com as queixas atuais. Ele poderá ajudá-lo! A percepção do clinico é um pouco diferente em relação à do cirurgião. A experiência é baseada na vivencia diária, que nesse caso não é a mesma. O clinico completa o cirurgião e vice-versa.

Descolamento de retina…dúvidas,ainda!

Comentário de uma internauta:

“Via moscas há muito tempo, mas comecei a ver flashes também, o que me preocupou. Então fui e fiz mapeamento de retina e o médico disse que tenho dpv. Mas estou com medo.Quais as chances do DPV causar um descolamento de retina?Tenho rinite alérgica (espirro muito) isso pode causar um descolamento de retina(por causa dos espirros)?”

O esforço físico excessivo, o movimento de vaivém da cabeça e/ou dos olhos (como no senso comum sobre leitura em movimento),a tosse persistente e convulsiva ou mesmo crises seguidas de espirros na verdade podem sim contribuir para o DR, quando existe previamente alteração retiniana (degeneração de risco, rotura retiniana ou tração vitreo-retiniana importante).

Como todas as outras patologias em Medicina,ele (DPV) é apenas um fator de risco a mais para determinado desfecho negativo,nesse caso, o DR (descolamento de retina).Um fator isolado. Mas alguns têm, além do DPV,degenerações perifericas de risco para DR. Nesse caso somam-se dois fatores de risco: então a probabilidade é maior. Mesmo assim não significa dizer que certamente terão DR.

Nós, indivíduos,médicos ou leigos,não temos controle de tudo!Investimos na prevenção de acordo com as possibilidades e probabilidades (estatisticamente determinadas). Mas ainda assim,todos os dias nos deparamos com exceções.Devemos viver de forma saudável (exercicios, boa alimentação,estabilidade emocional,lazer eficiente),fazer exames de rotina, evitar fatores de risco conhecidos para eventuais pontos frágeis que conhecemos antecipadamente,como o DPV,neste caso…e seguir confiantes de que fizemos a nossa parte.

Havendo algum acidente de percurso, ele será resolvido da melhor forma possivel com ajuda médica.

Não fique tensa a respeito. Não vale a pena…A ansiedade e o estresse desencadeiam eventos organicos que pioram qualquer prognostico devido a indução de alterações bioquimicas (incomuns e não conhecidas em sua totalidade)que podem de alguma forma interferir em toda reação e ação organica.

Por isso se diz que o estresse piora ou é o agente responsável pela maior parte das doenças!

Um outro internauta perguntou:

“Fiz uma intervenção a lazer para eliminar alguns rasgos na retina.Atualmente só tenho moscas volantes no olho direito. E meu médico diz que é normal em pessoas com alta miopia como eu. Gostaria de saber se posso continuar a fazer exercícios de musculação? Agora que já se passaram 2 meses da intervenção.

Meu trabalho exige que faça cerca de 2h a 3h de exercício por dia. Será que o exercício físico causa descolamento do vitreo posterior?
Estou algo confuso porque um dos médicos disse que posso continuar a fazer exercício com pesos, enquanto outro médico não foi dessa opinião”.

A alta miopia é fator de risco importante para as degenerações periféricas retinianas e consequentemente exige maior cuidado em relação à prevenção do DR (descolamento de retina).O segmento posterior nos olhos miopes é anatomica e histologicamente diferente do padrão e antecipa a desorganização vitrea e o DPV. A avaliação retiniana periódica é necessária, principalmente após episódio prévio de roturas retinianas.

A alta miopia não sela o diagnóstico futuro de DR; e com certeza individuos não míopes não estão livres de ter um descolamento de retina.Mas como já disse, em Medicina o dado estatístico existe para nos ajudar a melhorar o cuidado para com o paciente e nos anteciparmos à doença.

Se sabemos da maior incidencia de DR nos altos míopes é valida a orientação no sentido de avaliações da periferia retiniana sempre e tão logo surjam sintomas e ainda (na ausência de sintomas) de acordo com a periodicidade sugerida pelo retinologo que acompanha cada caso!

Quanto ao esforço físico e às várias atividades diárias de cada um de nós, vale o bom senso. Nada de esportes radicais (que envolvam risco de trauma ocular) para os alto míopes. Fora isso, os riscos inerentes a cada situação devem ser avaliados. O exercício físico com peso, se não significar movimentação brusca da cabeça e manobra de valsalva pode ser feito.
A manobra de valsalva deve ser evitada nesses casos de risco para DR.Mas a maioria das pessoas a utiliza ao pegar bastante peso.Não é necessário, mas é quase automático o seu uso.

Descolamento de retina…dúvidas

“Fiz uma cirurgia de DR e até o ocorrido não conhecia este problema. De repente a sensação era como se tivesse um véu cobrindo a visão e fiquei praticamente sete dias sem enxergar parcialmente do olho direito. Foi então que um oftalmologista fez o diagnostico de DR, e pediu para eu procurar um cirurgião o mais rápido possível , se não perderia a visão.Acabei fazendo a cirurgia com gás. Tenho 40 anos e nunca tive nenhum sintoma. Não tenho nenhum caso na família de DR, não tenho pressão alta, diabetes, não tomo nenhum medicamento e também não sofri nenhum acidente. Como pode ter ocorrido este problema? Nenhum oftalmologista pediu que eu fizesse mapeamento de retina, antes de acontecer o DR. Agora estou em fase de recuperação mas a visão está turva. Tenho medo de não voltar a ver como antes. Sou míope de 3 dioptrias. Vou poder usar lentes de contato novamente?”

O descolamento de retina não acontece apenas em altos míopes ou indivíduos com historia familiar (DR). Qualquer um de nós pode vir a ter uma sequencia de eventos que leve ao DR. Além das degenerações de risco para DR (que podemos ter e não saber, por não serem sintomáticas), qualquer fator, inflamatório ou infeccioso,local ou sistêmico, além do trauma por si só pode desestabilizar a relação vitreo-retiniana, levar à tração e rotura. A partir dai surgem os sintomas e, se não são percebidos de imediato, a turvação visual pode ser o único fator que leve o individuo ao oftalmologista.

Neste momento, provavelmente a terapia com laser já não é viável e a cirurgia é mandatória. O tempo que a retina ficou descolada do seu leito, alem da localização do DR são fatores preditivos da visão final do paciente. Se a lesão é mais periférica e/ou o tempo de descolamento é mais curto, a probabilidade de restauração funcional boa (alem da recuperação anatômica, claro) é maior!

A avaliação da retina periférica (para estratificação de risco de cada individuo em relação ao DR) deve ser feita pelo menos a primeira vez após os 35-40 anos, caso não exista historia familiar de DR. Em altos míopes esta avaliação deve ser bem mais precoce!

Quanto às lentes de contato, não há contra-indicação formal para o seu uso. Apenas lembrar que se a retina for muito friável, se existirem degenerações de risco que devam ser acompanhadas de perto, o menor trauma deve ser evitado. Não coçar os olhos e evitar situações de risco como prática de esportes com bola e outros.

Isso no olho não operado (que deverá ser avaliado quanto a presença de degenerações de risco para DR). O olho operado (DR) pode ter tido alguns parâmetros anatômicos e fisiológicos (pálpebra e superfície ocular) alterados (por conta da cirurgia) e em consequencia,o conforto da LC pode não ser mais o mesmo.

Caso isso ocorra o uso das lentes deve ser limitado a situações especiais.

Leia mais a respeito de prevenção do descolamento de retina em http://www.elizabethnavarrete.com

Estrabismo…algumas dúvidas

“Gostaria de saber se o uso de lentes de contato “corrige” o estrabismo da mesma forma que os óculos”.

Não. Os óculos, em virtude da distancia da lente corretora até a córnea (em torno de 12mm), distancia essa chamada de distancia vértice, induz um efeito prismático que pode beneficiar ou piorar, funcional e esteticamente o individuo estrábico.Se o estrabismo for convergente, as lentes positivas dos óculos ajudam a minimizar o desvio dos olhos. Se o estrabismo for divergente e o individuo for míope,também, melhora o aspecto estético. Embora isso só ajude nos estrabismos de angulo pequeno.
As lentes de contato, como estão sobre a superfície corneana, não induzem efeito prismático a favor. É por isso que alguns hipermetropes estrábicos se sentem melhor com os óculos do que com as lentes de contato. Eles ajudam a “corrigir” ou “camuflar” o desvio ocular.

“Meu namorado tem estrabismo no olho esquerdo, que, segundo a mãe dele, foi causado devido a uma queda dela durante a gravidez. Isso pode mesmo ocorrer? Ninguém na família é portador do problema. É possível corrigir o estrabismo depois de muitos anos o olho estando assim?”

Uma queda na gravidez pode precipitar o parto. E o estrabismo em crianças prematuras não é incomum, uma vez que o sistema visual ainda estava em desenvolvimento.

Quanto a corrigir o estrabismo depois de adulto, o risco/beneficio deve ser avaliado. Se o olho (desviado) não tiver uma ambliopia (perda funcional com visão reduzida), que depende da quantidade do desvio – pequeno ou grande, medido em dioptrias prismáticas, no pós operatório da cirurgia de estrabismo, um dos riscos é o surgimento de diplopia (visão dupla). Mas cada caso é um caso! O paciente deve ser examinado por um estrabólogo (oftalmologista especializado em estrabismo) para avaliar os benefícios de um tratamento cirúrgico.

Interessado em estrabismo? Leia mais a respeito:

Um site médico sobre estrabismo: http://www.estrabsimo.med.br

Um site leigo com curiosidades sobre estrabismo: http://www.oestrabismo.com

Eu vejo bolinhas coloridas…o que pode ser?

“Sou jovem e não sou míope, mas desde pequena vejo umas bolinhas em todo lugar, elas são coloridas algumas grandes outras pequenas. Só consigo vê-las quando foco a visão ou quando me lembro delas. Elas não fazem sombras nem interferem na minha visão. Gostaria de saber se são moscas volantes, se é normal e se tem cura!”

As sensações visuais incomuns como a que você descreveu são fenômenos que podem traduzir o que se conhece como mosca volante, sim. Mas o fato de serem coloridas e somente “bolinhas”, pode significar que não estejamos identificando corretamente essas impressões visuais!

Como não são brancas, você é jovem e suponho que o sintoma seja bilateral (nos dois olhos), alem de você ter informado que nesses momentos em que vê as “bolinhas coloridas” a visão não fica alterada , não deve ser hialite ou hialose asteroide. A sínquise cintilante é um processo degenerativo caracterizado pela deposição de cristais de colesterol dentro do olho. Usualmente é secundária a trauma ou inflamação ocular, as opacidades são multicoloridas e brilhantes, mas é bastante rara.

Outras vezes, essas sensações visuais incomuns podem ser interpretadas como fazendo parte de um conjunto de sinais e sintomas relativos a alterações na condução elétrica do encéfalo (cérebro). Nesse caso são descritas como sensações ópticas em forma de círculos ou bolas coloridas em frente aos olhos e devem ser reportadas ao neurologista.

A cura depende do diagnostico. O entendimento da causa do sintoma é necessário para se pensar na solução. Uma descrição dos sintomas rica em detalhes ajuda a pensar na causa provável das sensações ou percepções visuais incomuns. O exame oftalmológico minucioso dos segmentos anterior e posterior dos olhos identifica a causa e confirma o diagnóstico, se existir alteração ocular.

Caso contrário, as queixas devem ser analisadas pelo neurologista.

Se o grau é pequeno…sou míope ou estou míope?

“Há duas semanas estou usando óculos. Uso 0.5D para longe; porém, quando estou sem óculos minha visão fica embaçada “direto”. O que pode ser isso?”

Você não especificou, mas deduzo que esteja usando lentes negativas, para miopia.

Faltam dados para eu responder de forma mais assertiva a você! Para começar, não sei a sua idade! Quando jovens, em algum momento nos queixamos da visão de longe: ou porque ficamos muito próximos da tela do computador, por muito tempo, ou porque usamos muito celular, ipad, ipod e outros “gadgets” que implicam numa proximidade excessiva (negativa) dos olhos em relação ao que se vê. Em outras palavras,quando olhamos muito perto, por tempo prolongado, a distancia focal bastante reduzida não é bem tolerada por muito tempo, pelos nossos olhos, sem que surjam sintomas como embaçamento visual para longe ou dores de cabeça.

Nas miopias leves (baixo grau) os olhos são capazes de “resolver” nossas necessidades a maior parte do tempo exceto quando assistimos aulas com recursos visuais que exigem visão para longe bem corrigida ou ainda quando dirigimos à noite! Nesse caso, podemos usar a correção apenas nessas situações. Do contrário, acostumamos os olhos a ver com o recurso ótico de tal forma que, quando estamos sem óculos a visão não é tão satisfatória como era antes de usarmos a correção ótica “full time”! Alguns podem dizer que esse é o modo incorreto de ver a situação…o que acontece é que depois de nos acostumarmos a ver com nitidez, qualquer embaçamento é mal tolerado. Mas se podemos viver (bem), sem sermos escravos (ainda) dos óculos,por que não retardar essa dependência?

Outra possibilidade é verificar se você realmente é míope ou se apenas está míope por contingência do mau uso da distancia focal no ambiente de trabalho (monitores muito próximos dos olhos, sem intervalos regulares de alternância de distancia focal – olhar par longe fixando um ponto para relaxar a “acomodação” visual…). Nas tarefas discriminativas visuais de perto, em condições de esforço constante e ininterrupto, o olho pode funcionar como na miopia e depois de um tempo o individuo passa a ter dificuldades na visão de longe.

Se quiser saber mais sobre isso leia a respeito no post “Estamos cada vez mais míopes?” em
www.elizabethnavarrete.com

“Flashes” mesmo apos tratamento da rotura retiniana..porque?

“Tenho DVP e por causa disso tenho moscas volantes e tive pequenas roturas na retina, que já foram “consertadas” com laser. Já fiz 4 seções de laserterapia. Mas minha visão é perfeita, não uso óculos nem nada, porém tenho uma dúvida estranha, não sei se mais alguém percebe isso. Quando estou rindo, ou quando estou nervoso por exemplo eu vejo flashes de luz piscando nos meus olhos. Eu fui ao oftalmologista por conta disto. Porém vejo estas luzes quando estou na frente de um monitor de computador ou televisão. Elas aparecem em menor escala. Porém, quando estou rindo muito, gargalhando, elas piscam muito, demais mesmo! Estou até ficando com medo de rir. Existe alguma explicação? Já comentei algo com meu oftalmologista, ele explicou sobre o DVP, que existem trações na retina e tal, que não precisa se preocupar, só quando houver roturas! Ai seria feito laser novamente; porém alguém também tem isso? Sabe o motivo?”

Qualquer alteração emocional inibe o “freio sensorial” que nos faz perceber pouco ou nada daquilo que nos incomoda os sentidos. Seja na visão (flashes, moscas volantes e outras sensações visuais diferentes) ou na audição (zumbidos e outras sensações auditivas incomuns), por exemplo…
Portanto, quando estamos mais estressados, muito felizes ou muito tristes ou amargurados (mais comumente), esses sintomas incomodam muito mais!

Além disso, quando gargalhamos ou ainda quando viramos a cabeça ou movimentamos os olhos ràpidamente, também estimulamos os flashes, devido à tração vitreo-retiniana… mesmo na ausência de roturas! É comum o paciente continuar se queixando de flashes ainda após tratamento eficiente das roturas retinianas. Mesmo após o laser! O que gerou aquela rotura foi muito provavelmente a tração que não é eliminada apenas com o uso do laser.Ele,laser, é usado para bloquear a rotura e evitar um descolamento de retina causado pela separação dos folhetos da retina, iniciado naquele “buraco”.

Mas a tração no restante da superficie vitreo-retiniana pode permanecer e ainda assim não ser necessária, naquele momento especifico, qualquer intervenção médica.

O que é mandatório é, sempre que este sintoma for mais persistente, refazer o mapeamento para ter certeza de que não surgiram novas lesões que necessitem tratamento.

No mais é aprender a minimizar essas sensações incomodas. E conseguimos lidar bem com elas, ao longo do tempo…

Toxoplasmose ocular e moscas volantes: convivendo com…

“Há cerca de três meses e meio a toxoplasmose se manifestou no meu olho esquerdo, fiz o tratamento e não vejo a cicatriz. Como consequência da inflamação no olho, fiquei com inúmeras moscas volantes ( muitos mini pontinhos, teias e riscos) quando mecho o olho rápido parece que uma fumaça passa por mim. O médico disse que a maioria iria desaparecer. Porém, há uns dois meses, tenho notado moscas volantes no meu olho direito, fiquei desesperada. Fui ao médico e após me examinar disse que não viu nada, e me recomendou fazer outro mapeamento de retina no começo de Julho. Só que a cada dia vejo mais pontinhos, e principalmente teias e risco no olho, que às vezes ficam coloridas. Tenho apenas 16 anos, sempre estudei muito, e tenho muito medo de não poder seguir a profissão que quero por esse problema. E muito complicado pra mim, desde que foi diagnosticada a doença fico muito triste. Todos os oftalmologistas dizem que não há nem um tratamento e dizem pra ir convivendo, mais não sabem o quanto é difícil. Não tenho animo mais de estudar, por que penso que não vai adiantar nada.
Aguardo opinião sobre as moscas volantes e se elas vão me atrapalhar futuramente”.

Devemos dar a esse diagnóstico/episódio (retinocoroidite por toxoplasmose) a dimensão real dele: passado! As sequelas incômodas, as moscas volantes,essas estarão sempre conosco, porem o “cérebro” nos ajuda, com o passar do tempo, a minimizá-las e até mesmo ignorá-las por completo! Apenas nos dias (e atividades) mais estressantes ou em que o contraste das imagens positivas e negativas (luz e sombra, preto e branco) são mais “agressivos” nós lembramos dos incômodos pontos e teias pretos!

Alguém já disse que o tempo é o melhor remédio! Inclusive para as moscas volantes. E, sim, é verdade que elas existem desde sempre e na maioria das vezes pouco ou nada incomodam! Mas alguns indivíduos (eu me incluo entre eles) não têm tanta habilidade para não se deixar influenciar pela presença desconfortável da tal da mosca volante (ou “floater”).

Não se deixe abater. Logo, logo você se verá bem menos incomodada por ela(s). Para isso você tem que tentar esquecê-las. Não se fixe no desconforto que elas provocam. Pensamento positivo e interesse por atividades em que elas, as sensações visuais desconfortáveis ficam minimizadas ajudam bastante!
Os tratamentos cirúrgicos estão indicados apenas em casos bem específicos (incluindo o descontrole emocional grave por conta da sintomatologia) e o paciente deve ser instruído quanto aos possíveis efeitos colaterais (iatrogenias) a curto, médio e longo prazos! O risco/beneficio na grande maioria das vezes contraindica a intervenção, como no seu caso: jovem, sem lesão de risco para DR, sem tração (suposições feitas a partir do seu relato de que o oftalmologista não reportou alteração vitreo-retiniana outra que não o foco cicatrizado de retinocoroidite).

A liquefação e/ou o descolamento vítreo costuma ser bilateral mesmo que a lesão retiniana esteja apenas num dos olhos! O organismo como um todo reagiu à presença do toxoplasma gondii, embora o cisto roto tenha acontecido apenas num dos olhos (como de hábito). Por isso o sintoma (mosca volante) é bilateral.
Nada disso impede você de levar uma vida normal. Não deixe as moscas volantes atrapalharem! A maioria de nós em algum momento da vida terá esse tipo de sensação visual (mosca volante).

Apenas lembre de fazer regularmente exame oftalmológico (incluindo mapeamento de retina).