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Dúvidas em Oftalmologia

conversando com o oftalmologista…

mês

março 2012

As moscas volantes e os clarões me causam pânico…não consigo ter uma vida normal!

“Desde criança vejo “moscas volantes”, mas de uns dois anos pra cá elas aumentaram muito em numero, e isso ocorre em ambos os olhos! No momento estou muito nervosa, porque vejo clarões nos cantos dos olhos quando aperto o meu globo ocular, ou quando abaixo a cabeça. O ultimo exame oftalmológico que fiz foi ha um ano, e o medico realizou um mapeamento de retina, no qual não foi constatado nada!
Não consigo ter uma vida normal, pois essas sensações me causam enorme pânico!”

Você deve ter lido (se não o fez eu recomendo que leia) os outros posts sobre moscas volantes e flashes no meu outro blog

No consultório, nós oftalmologistas talvez não tenhamos a dimensão exata das dúvidas a respeito e do desconforto e apreensão que causam as moscas volantes e os flashes no publico leigo! As estatísticas do blog mostram que nos vários mecanismos de busca (internet) foram usadas as palavras “moscas volantes” “manchas na visão” e “flashes” ou “clarões” ou “raios luminosos” para pesquisar as queixas mais comuns referentes aos olhos!

Então você e eu não estamos sozinhas! Uma imensidão de pessoas sofre do mesmo mal…

O que as distingue é a informação (que acalma), o controle da ansiedade (nem sempre fácil) e a segurança de um bom acompanhamento por retinólogo com quem desenvolva uma excelente relação profissional (ajuda muito!).

Como disse num comentário a outra internauta:

“Os flashes significam tração retiniana. O DPV parcial pode significar em algumas pessoas tração intermitente. A tração desacompanhada de rotura retiniana ou degeneração periférica retiniana de risco para o descolamento de retina(DR) tem um valor preditivo de desfecho negativo (DR) muito baixo para preocupar você. Até porque não há nada a ser feito além da monitorização através de mapeamentos de retina periódicos. E de preferência por retinologo com quem você mantenha uma relação médico-paciente de excelente qualidade, que permita maior credibilidade da sua parte. A confiança é fator fundamental no tratamento seja qual for a especialidade médica.

Quanto às moscas volantes e o aprendizado cerebral em relação a elas…sei que pode ser muito difícil! Um dos posts no blog citado acima é um relato pessoal da dificuldade em conviver com o resultado de um DPV parcial. Mas, novamente, aqui também não há muito a ser feito (infelizmente). A convivência mais dia ou menos dia terá que ser menos dolorosa e incômoda porque como se diz… ”faz parte!”. Pense que “poderia ser pior!”

Se ainda tiver dúvidas estou à sua disposição.

Estou angustiada…tenho glaucoma? O que fazer para ter certeza?

…Porém a médica quando fez o exame de fundo de olho observou uma escavação no nervo óptico e me questionou se eu tinha alguém na família com Glaucoma. Fiquei desesperada pois não tenho ninguém da minha família com essa doença e tenho apenas 30 anos.Ela pediu que eu fizesse uma campimetria e uma retinografia.A campimetria deu normal porém a retinografia deu uma escavação de 0,5 no olho D e 0,4 no OE e mais nenhuma alteração. A pressão do meu olho também esta normal.Levei o resultado para a médica e ela me disse que está tudo normal que eu tenho que voltar à consulta só daqui a um ano.Estou angustiada! Um ano sem nenhum tratamento… e se for glaucoma bem no inicio e se essa escavação aumentar! Um ano pode ser muito tempo! Me esclareça isso.Teria outro exame que eu possa fazer fora os que eu já fiz que possam diagnosticar o glaucoma bem no inicio?

Quanto ao glaucoma, vamos esquecer um pouco a doença em si e falar sobre estatísticas médicas e prevenção, ok?

Nós médicos cumprimos o nosso papel quando ao analisarmos cada individuo, observamos todos os fatores de risco pertinentes a cada doença degenerativa (que acontece mais freqüentemente com o passar dos anos, no envelhecimento do organismo) conhecida e/ou mais comum. Com certeza é isso que se espera de nós. Até para podermos orientar o paciente no sentido de como evitar ou retardar aquele processo mais comumente visto em outras pessoas como ele (ou melhor, com aquelas características -ou sinais- que estatisticamente são mais prevalentes, mais comuns nos portadores das doenças analisadas).

A idéia não é gerar pânico! Pelo contrário… é ajudar.

Mas como muitas vezes nos atemos à investigação (propedêutica) médica e nos esquecemos de inserir a informação no contexto em que ela deve ser analisada, vocês, pacientes, ficam com mais dúvidas do que tinham antes da consulta e por vezes, amedrontados. O medo é o pior inimigo da prevenção porque ele gera ansiedade, que por sua vez aumenta o risco do adoecimento (ansiedade é pró-inflamatória e hoje sabemos que o “estado inflamatório do organismo” é a base do adoecimento desde a esclerose vascular até o câncer).

Saber que somos portadores de alguns fatores de risco para determinadas doenças deve servir como alerta e despertar em nós a vontade de conhecer mais a respeito de como retardar ou evitar o aumento do risco, através de intervenções permanentes no estilo de vida de cada um. Se eu fosse você pensaria em como reduzir meu risco por exemplo aumentando a atividade física, me informando como evitar a doença vascular (parceira do glaucoma) e a ansiedade exagerada.

Hoje o determinismo genético foi substituído pela consciência de que não apenas os gens (no seu caso o tipo de nervo óptico) definem o adoecer ou não. Os fatores ambientais externos e internos (qualidade de vida de cada um) têm uma grande parcela na prevenção ou aceleração das doenças.

Além do mais, os exames definem a existência da doença, mas o intervalo entre saúde e doença é maior do que podemos supor e é aí que perdemos tempo analisando apenas a presença definida e irrefutável da doença, quando poderíamos tê-la retardado ou evitado com medidas para contrabalançar o quesito negativo e transformá-lo apenas no que é em realidade: um único fator de risco em meio a vários outros e que pode ser minimizado através de muitas outras intervenções. O bom senso é sempre o caminho do meio: o equilibrio.

Fazer exames para ter um diagnóstico precoce, sim. Mas principalmente entender e fazer o que for preciso para evitar a doença.

A campimetria e a retinografia solicitados pelo seu médico têm o objetivo de estabelecer um parâmetro basal para futuras comparações que servirão para identificação do momento em que se confirma a doença (através de mudanças nos exames). Mas não significa que necessariamente você terá este diagnostico. E lembre-se: um único exame não faz diagnostico nenhum, não existe exame melhor ou mais sofisticado. O conjunto de informações dos vários exames disponíveis (campo visual, avaliação do nervo óptico e retinografia, PIO, curva tensional diária, teste de sobrecarga hídrica e exames de imagem do nervo -HRT e/ou OCT) é que esclarece se existe ou não doença. Não se medica um individuo porque o campo visual ou o OCT mostra alguma alteração. O acompanhamento é a única forma de o médico ter certeza de que você precisa de tratamento ou não.

Imagine se toda filha cuja mãe teve câncer de mama fizesse mastectomia para “evitar” a doença…ou que toda mulher com ovários policísticos fosse medicada com hipoglicemiantes para tratar um diabetes que ela ainda não tem apenas porque estatisticamente elas têm fator de risco maior para desenvolver resistência à insulina (com a idade).O que se deve fazer, em ambos os casos é informar a respeito das possibilidades e contribuir para que a mulher conheça os riscos e ajude a adotar estratégias preventivas. Parece pouco… mas é o que deve ser feito.

Fazendo uma analogia, se me permite, nós deixamos de viver alegrias e ter sensações boas e momentos intensos, mesmo sabendo que somos mortais e não tendo a menor idéia de quanto tempo viveremos (cada um de nós)? Não… apenas vivemos um dia de cada vez, da melhor forma que encontramos e fazendo o possível ( e que está ao nosso alcance) para prolongar nossa vida,não é mesmo?

Portanto o meu conselho a você só pode ser um!

Mantenha-se saudável, visite regularmente seu oftalmologista e tente (mesmo!) manter a ansiedade longe da sua vida,ok?

Sensações (percepções) visuais incomuns…

Algumas alterações visuais que você refere:

…Vejos pontos prateados ou cintilantes (podem ter origem neurológica, cardiovascular e/ou oftalmológica)
…Quando eu olho um pouco mais fixamente e viro pro lado parece que levo a imagem junto, o contorno do que eu estava olhando como se fosse uma foto…
…Quando dirijo em estradas, com o olho bem fixado à frente e paro para descansar ou apenas olho pro lado, onde estou olhando a imagem parece continuar a andar a se movimentar como se fosse a estrada
…Quando olho alguma coisa xadrez, quadriculada ou com muitas linhas a minha visão dá uma tremida somente em cima dessas linhas, como se o xadrez e as linhas se movimentassem rapidamente e depois voltassem ao normal.


Como oftalmologista clínica não tenho o conhecimento necessário para imputar apenas ao olho essas alterações visuais. Embora entenda que a percepção visual possa estar alterada em várias situações mais comuns como nas alterações da binocularidade e/ou anatômico-funcionais dos olhos, você as descreve como intermitentes, esporádicas. Sugiro que procure um neuro-oftalmologista e investigue as queixas.

Alucinações visuais são descritas em patologias como AVC, esclerose múltipla, epilepsia, demência frontotemporal e doença de Parkinson entre outras.
O córtex cerebral associativo é a parte do cérebro que nos permite comparar sensações (visuais, térmicas, olfativas,táteis e auditivas) causadas por estímulos atuais à outras já percebidas anteriormente, estabelecendo um padrão e modulando nosso comportamento e julgamento a respeito desses estímulos. O hemisfério direito é o responsável pelos erros de percepção e onde podem se originar as alucinações (e/ou ilusões).
Algumas drogas (as mesmas usadas para tratar ansiedade e outros distúrbios neuropsiquiátricos) podem causar alucinações visuais também. Na bula esses efeitos colaterais são citados como “distúrbios visuais”.

Oclusão de veia central da retina…o que fazer para evitar?

Tenho 52 anos e há quatro anos e meio atrás tive uma oclusão da veia central da retina no olho direito, de causa idiopática, causando escotomas. Um mês e meio antes deste evento, tive um episódio parecido que teve resolução natural e, por isso, não dei importância. Passei por cardiologista, hemato e clinico geral, mas nenhum descobriu a causa. Desde então tomo aspirina prevent 100mg/dia. Observei há cerca de dois meses que tb estou com dois escotomas no olho esquerdo. Não sei se vieram junto com aquele episódio, se foi antes ou depois. Estou com receio de ter outros eventos e ter novas sequelas. O que posso fazer para evitá-los? Devo tomar algo mais forte, como agir num episódio (o dois que tive foram dormindo)? Preciso de uma luz..

O que você chama de escotoma? Foi realizado campo visual computadorizado? Confirmado o defeito campimétrico? Os “escotomas” atuais (?) do olho esquerdo são fixos? Não se movem quando você muda a direção do olhar? Ou são “floaters”?

Você não refere nenhum outro dado como hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença auto-imune; se estava em uso de hormônios ou não, se tem alteração intestinal (D. Crohn), doença carotídea oclusiva ou qualquer outro estado trombofílico previamente diagnosticado. Tem ido ao oftalmologista? Como estão sua pressão intra-ocular e seus discos ópticos? Tem história familiar de glaucoma? (OVCR é mais prevalente em portadores de glaucoma).

A oclusão (parcial ou total) de um vaso grande (arterial ou venoso) pode acontecer por aumento da viscosidade sanguinea (doenças infecciosas, metabólicas, inflamatorias, auto-imunes,hematológicas,etc) ou pela lentificação ou turbilhonamento do fluxo sanguineo. Causa possiveis de turbilhonamento são inflamação da parede do vaso,formação de placas,alteração da forma e tamanho das células sanguineas e/ou alteração anatomica pré-existente que possa dificultar o fluxo sanguineo (no caso do nervo óptico, onde estão a art. e veia central da retina,um disco pequeno “crowded” ou a presença de drusa de n. óptico). Ou ainda, o aumento da pressão intra-ocular por dificuldade de drenagem do humor aquoso.

Como o episódio (OVCR) tem mais de quatro anos, se você questiona medidas preventivas outras além da aspirina, deveria fazer uma reavaliação em relação a doença vascular oclusiva (todas as possíveis causas). Um novo “check-up”.

E nunca é demais lembrar que o que podemos (e devemos) fazer para tentar mudar o cenário da doença (qualquer que seja ela, mas principalmente quando se trata de disfunção vascular) é manter uma dieta equilibrada e própria a cada individualidade bioquímica e voltarmos a ser pró-ativos fisicamente,ou seja, retomar o exercicio aeróbico e evitar o sedentarismo.

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