Doença neurodegenerativa e capacidade funcional visual: perspectivas em relação à melhora da qualidade de vida e abordagem preventiva
Introdução
Pacientes se queixam de dificuldade à leitura muitas vezes como queixa primária de possível disfunção neurológica.Esta dificuldade se traduz por uma incapacidade de manutenção (e/ou compreensão) da leitura prolongada,apesar de acuidade mono e binocular serem normais (avaliação oftalmológica primaria em consultório através de testes para avaliação da acuidade visual,tabelas de Snellen e Jaegger).
Sabemos que portadores de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson se queixam da qualidade da leitura através de sintomas que vão desde cansaço visual ou dificuldade de manutenção do esforço visual até mesmo incapacidade total para a leitura (que antes não acontecia).Muitas vezes eles peregrinam pelos consultórios oftalmológicos durante um bom tempo,e chegam a fazer vários óculos,receitas de diferentes oftalmologistas,na presunção de erro refratometrico e desejo de “acertar” a graduação dos óculos,sem que isso resolva sua baixa preformance na leitura.Queixas como “não consigo ler mais do que duas paginas;tenho que voltar e reler tudo pois não me lembro de nada do que li ou não compreendi o que foi lido” ou ainda “começo a ler e não consigo manter atenção na leitura: então me desmotivo” ou simplesmente “não consigo ler” têm sido mais comuns nos consultórios oftalmológicos hoje. Na senilidade,quando atribuir essas queixas tão somente à disfunção da visão binocular e quando elas representariam um transtorno maior relacionado à doença degenerativa do SNC?
Um dos objetivos desta pesquisa é avaliar o grau de comprometimento da função visual nos distúrbios degenerativos do SNC.Definir a prevalência de deficiência sensorial e deficiência cognitiva nestes pacientes e avaliar a cronologia de aparecimento das duas disfunções.
As doenças degenerativas multissistemicas (Alzheimer p.ex.) ou mesmo as vasculares (aterosclerose cerebral,demência vascular) induziriam um parkinsonismo secundário. A conseqüente perda dos movimentos automáticos primários levaria a redução da atividade motora expontanea (bradicinesia). As alterações miofuncionais afetam a habilidade de iniciar e coordenar tarefas motoras complexas.
Alem da alteração motora existem as alterações cognitivas (linguagem). A leitura de frases e textos envolve a integridade de outras funções cognitivas, como a memoria operacional e o sistema executivo central (controle atencional).
A preservação da compreensão da leitura depende de dois sistemas auxiliares: o fonoaudiologico e o visuo-espacical. A não compreensão da leitura pode dever-se ou a uma disfunção visuo-espacial (dificuldade no processamento visual) ou a uma disfunção cognitiva (processamento da informação). A leitura de frases e textos pressupõe integridade de outras funções cognitivas como a memoria operacional e os mecanismos visuais de busca (“scanning”),nas rotas de leitura/escrita.
Estes déficits de linguagem escrita expressariam as modificações da arquitetura cognitiva nas doenças neurodegenerativas. O objetivo é avaliar a interdependência entre sensório e cognição no que tange à qualidade na leitura de frases e textos,sugerindo mecanismos de reforço sensorial (viés ortóptico”) que pudessem se alguma forma compensar o dano cognitivo.
Avaliar custo-beneficio desta proposta através de implementação de questionário padronizado sobre qualidade de vida (pré e pós tratamento).
Se o dano sensorial incipiente for presumido,será que o tratamento ortóptico aliado a referimento ao neurologista (tratamento clinico da disfunção cognitiva incipiente) contribuiria para a estabilização do quadro e manutenção da capacidade de leitura e compreensão escrirta?
Se isto se mostrar viável, a identificação pelp pftalmologista clinico destes déficits de linguagem escrita em sua forma inicial seria de extrema importância!
Objetivos/propósitos
Capacitar o oftalmologista na avaliação da queixa de de dificuldade na leitura (dificuldade visual não detectada através de testes de leitura para avaliação da visão de perto), através de protocolos a serem observados no diagnostico diferencial da dislexia adquirida.
Até que ponto a baixa de velocidade no processamento da informação contribui para a dificuldade de compreensão da sentença, sendo percebida e relatada como dificuldade em manter a leitura? Investigar atributo anatômico para esta deficiência e propor abordagem preventiva, identificando população de risco e fazendo intervenção terapêutica precoce (vasodilatadores,antioxidantes,controle rígido da binocularidade através do reforço ortóptico). Além de uma avaliação multidisciplinar (neurologista,cardiologista,geriatra,oftalmologista e ortoptista) bem conduzida.
Avaliar a relevância da fisioterapia visual na restauração ou melhora da prontidão binocular com a conseqüente melhora da qualidade de vida.
Avaliar também custo-beneficio desta abordagem terapêutica e propor protocolo multidisciplinar a ser implantado (oftalmo-neuro-ortoptica-fono).
Justificativa
Avaliar o impacto da doença neurodegenerativa no sistema oculomotor e na via sensorial visual; seus efeitos na leitura e na habilidade para dirigir.Propor testagem direcionada ao diagnostico precoce para tentar a reabilitação visual ou a estabilidade do quadro disfuncional aumentando assim a qualidade de vida destes pacientes.
Palavras-chave / termos e conceitos:
•Alteração da visão binocular,vergencia fusional,amplitude/facilidade de acomodação,movimentos sacadicos
•Rotas de leitura/escrita,deficits de linguagem escrita,arquitetura cognitiva,deficiencia sensorialxdeficiencia cognitiva,disturbio degenerativo SNC
•Alterações miofuncionais,bradicinesia,habilidade de inicar e coordenar atividades motoras complexas
•Memoria operacional (“working memory”),sistema executivo central,controle atencional,alça fonologica e alça visuo-espacial(necessarios à compreensão da leitura), disfunção visuo-espacial
•Avaliação cognitiva: a dificuldade de leitura de frases e textos depende da integridade de varias funções cognitivas entre elas os mecanismos visuais de busca (“scanning”) e a memoria operacional(“working memory”).
•Terapia sensorio fusional visual
Referencia:
ICC (Instituo de Ciencias Cognitivas),Danielle Martins Rocha, revista Neurorehabilitation 2006:21(1):9-21
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