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Dúvidas em Oftalmologia

conversando com o oftalmologista…

mês

julho 2012

Calázios de repetição e conjuntivite unilateral crônica…

Comentário de uma internauta:

“Fui diagnosticada com conjuntivite em um olho há alguns anos. Soma-se a esse fato, a presença de pequenos calázios em ambos os olhos. Após mais de 5 anos, consultas em vários médicos diferentes e uso de Tobradex, continuo com a conjuntivite, que volta a me incomodar periodicamente com uma ligeira vermelhidão e incômodo. Me sinto desacreditada em relação aos oftalmologistas que consultei, pois nenhum deles parece compreender a persistência do problema e o incômodo gerado por ele. Gostaria de saber como uma conjuntivite pode durar tanto e se existe algum tratamento que poderia ser mais eficaz. Além disso, também gostaria de saber se existe relação entre os calázios e a conjuntivite. Não sei mais o que fazer, me sinto frustrada!”

Calázios de repetição podem estar relacionados a blefarites crônicas em pacientes seborreicos (pele e cabelos oleosos, acneicos na adolescência) ou quando crianças com quadros de impetigo. Os indivíduos alérgicos (principalmente a antígenos bacterianos) melhoram com a dessensibilização (consultar alergo-imunologista). Algumas vezes quando nada melhora, ao se corrigirem defeitos de refração (astigmatismo/ hipermetropia) pequenos e muitas vezes assintomáticos, sobrevém um período longo de remissão dos calázios.

Quanto à conjuntivite unilateral de repetição você deve ser reavaliada, durante a próxima crise, inclusive, se possível, com citologia conjuntival, bacterioscopia e cultura da secreção conjuntival (se houver). Às vezes alguns testes plasmáticos (para clamydia, herpes virus, etc) podem ajudar a identificar a causa da conjuntivite crônica unilateral atípica.

Outras vezes, a presença de mínima disfunção de vias lacrimais ou mesmo a identificação (pelo otorrinolaringologista) de alguma alteração à rinoscopia (p.ex. um pólipo nasal) pode lentificar a drenagem da lágrima através do ducto nasolacrimal ipsilateral (do mesmo lado do olho afetado). Ou mesmo quando existe algum grau de edema da mucosa nasal (gripe,resfriado ou rinite alérgica, p. ex.), no olho que já apresenta algum grau de dificuldade de drenagem da lagrima, essa retenção maior permite que a microbiota local encontre condições de proliferação mais rápida e acentuda.

Esses germes existem naturalmente em vários pontos do organismo, numa relação simbiótica com ele, sem significar (nem levar ao) adoecimento. Em condições normais existe equilíbrio (homeostasia). Quando elas, bactérias se multiplicam mais rapidamente do que o organismo consegue combatê-las, aquele olho “inflama”.

A lágrima é um excelente “caldo de cultura” para o desenvolvimento dos germes. Por isso bebês com alteração das vias lacrimais excretoras podem apresentar frequentemente secreção no canto dos olhos, mesmo quando não apresentam inflamação aguda (dacriocistite aguda), acompanhada dos sinais clínicos clássicos da doença. O lacrimejamento a vermelhidão e a secreção nessas crianças piora sempre que elas ficam gripadas.

E finalmente, tanto calázios quanto conjuntivite crônica podem ter em comum uma possível relação com baixa imunidade local (olho) e/ou sistêmica.

No próximo episódio de conjuntivite (sintomas incômodos e unilaterais), relate seu quadro detalhadamente ao médico como ela surge, qual o primeiro sintoma a incomodar (coceira, pálpebras inchadas, presença de gânglios, próximo à orelha e/ou outros). Tente estabelecer relação com outros eventos (sistêmicos) que possam estar ocorrendo paralelamente aos sintomas oculares e estará ajudando (muito) o seu médico a identificar a causa provável e assim propor a estratégia terapêutica adequada.

Converse com o seu oftalmologista! Tenho certeza de que juntos encontrarão a solução para seus sintomas oculares.

Abs,

Dor ocular unilateral… o que pode ser?

Comentário de uma internauta:

“Estou muito preocupada com meu olho direto, pois esta é a quarta vez que me acontece a mesma coisa. Do nada sinto essa dor… Começa com irritação, o olho fica vermelho, meio fechado e dói muito quando foco alguma coisa. Por exemplo, não consigo olhar no celular, ou coisas pequenas; posso olhar sem sentir dor no geral, mas se focar algo, dá uma fisgada na vista. Dói atrás do olho ou quando olho para baixo ou para direita a dor vai aumentando. Inclusive não posso colocar a mão sobre a vista que dói muito.

Todas as vezes que me aconteceram esses episódios o olho afetado foi sempre o mesmo. Fico uma semana assim… Depois volta ao normal.

Já consultei dois oftalmologistas que me medicaram com colírio “Pred fort” e disseram para eu não me preocupar pois não é nada grave… dizem ainda que eu “imagino” a fisgada…. Isto está me preocupando muito… Gostaria de saber o que fazer, como resolver de vez este problema. Tenho medo de ter complicações maiores. Pesquisei na internet e o que li sobre neurite óptica se assemelha aos sintomas que sinto.

Por favor, aguardo retorno”.

 

 

Você refere dor ocular unilateral com olho vermelho (hiperemia) e “meio fechado” (diminuição da fenda palpebral). A dor piora com o uso da acomodação (foco para perto, em caracteres pequenos, como você referiu) e com a movimentação dos olhos.

Somente os sintomas não definem a etiologia (causa) da dor uma vez que falta informação sobre os achados oftalmológicos (sinais clínicos) para excluir algumas possibilidades e apontar uma ou mais hipóteses diagnosticas. Além disso, mais dados sobre a história da doença atual devem ser avaliados para ajudar a elucidar a provável causa.

Primeiramente devem ser afastadas as causas oftalmológicas (ceratite, uveite, esclerite (anterior e/ou posterior), hipertensão ocular transitória, trocleite (inflamação da tróclea, no canto interno da orbita,por onde passa um músculo chamado obliquo superior), espasmo de acomodação. Pelo caráter paroxístico e transitório e na ausência de outros sintomas, principalmente diminuição da acuidade visual  (e não apenas dor ao fixar a visão,como você refere) a neurite óptica não seria uma das hipóteses iniciais. Mas, novamente, faltam dados de exame clinico.

A oftalmodinia periódica não é tão incomum. Ainda não se conhece a causa, embora possa estar relacionada com diminuição (passageira) da oxigenação local(olho).

Existem causas não oftalmológicas para dor ocular unilateral intermitente. Um tipo de dor referida, isto é, que não tem origem no olho, mas o sintoma é ocular!

Um bom neurologista ou neuro-oftalmologista pode ser de ajuda também: hemicranias paroxísticas podem cursar com hiperemia ocular e alteração da pálpebra, além de outros sinais.

 

Em suma, você deve ser examinada em plena crise para que possa ser feito um exame direcionado e com isso facilitar a construção de um raciocínio clínico preciso na tentativa de elucidação diagnóstica.

 

Converse com seu oftalmologista!  Procure o medico assim que começar o próximo episódio de vermelhidão e dor ocular. Coloque suas dúvidas e apreensões. Tenho certeza que você ficará bem!

 

Abs,

 

Blefarorrafia e blefaroplastia…qual a diferença?

Dúvida de um internauta:

“…Gostaria de saber se existe diferença entre as seguintes cirurgias: blefarorrafia e blefaroplastia (ambas são cirurgias das pálpebras)”.

 

A blefarorrafia pode  simplesmente ser definida como uma sutura reparadora da pálpebra, como em  http://bemfalar.com/significado/blefarorrafia.html

Ou ainda em referência à sutura das pálpebras, para diminuir a fenda palpebral. F. gr. Blepharon (pálpebra)+raphe (sutura)+ia  como definido em: http://dicionarioonline.net/dicionario-online-blefarorrafia.html

Já a blefaroplastia é um procedimento cirúrgico que consiste em reformar uma pálpebra destruída ou deformada. F. gr. Blepharon (pálpebra)+plassein (modelar) +ia .Emhttp://dicionarioonline.net/dicionario-online-blefaroplastia.html

 

Outra definição: a blefaroplastia é um procedimento cirúrgico que implica em sutura palpebral para correção de trauma ou para redução da abertura das pálpebras. E pode ser usado como sinônimo de tarsorrafia. Isso de acordo com o Dicionario Digital de Termos Médicos em www.pdamed.com.br/diciomed/pdamed_0001_03539.php

 

Ou ainda, ”…a blefaroplastia é a cirurgia para correção de deformidades das pálpebras. Geralmente são deformidades adquiridas com o envelhecimento facial, pela perda da elasticidade da pele (ritidose ou rugas); pela queda dos tecidos: pele, músculos, gordura; também podem ser anomalias do crescimento, deformidades adquiridas por traumatismo ou outras doenças”.

“…a blefaroplastia visa corrigir o excesso de pele, músculo e gordura nas pálpebras, assim como melhorar sua posição. O tratamento cirúrgico, na maioria das vezes, é feito através de cortes no sulco da pálpebra superior e na linha logo abaixo dos cílios na pálpebra inferior, com pequenas extensões laterais acompanhando rugas naturais já existentes. A pele e músculo excedentes são retirados e a gordura herniada é tratada. No final, a pele é suturada e se acomoda a nova estrutura”, conforme descrito em:

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?47

 

Segundo a Wikipédia, a blefaroplastia é uma cirurgia estética destinada a remover a pele enrugada e descaída das pálpebras superiores e/ou inferiores.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Blefaroplastia

 

Em resumo, o termo blefarorrafia se refere à sutura palpebral, (“costura” ou “fechamento, ou ainda re-união das várias camadas de tecidos que constituem a pálpebra”, seja na reconstrução anatômica da mesma, após traumatismo ou na tentativa de fechar mais a fenda palpebral -a porção entre as duas pálpebras, superior e inferior- que quando muito ampla acaba desnudando o olho, em situações de exposição excessiva do mesmo e risco de complicação corneana (ulcera de córnea p. ex.). É também uma das fases da blefaroplastia, quando depois de feitas as modificações previstas no planejamento cirúrgico, o cirurgião “fecha” o (s) corte(s) realizados durante o procedimento. Neste momento ele está executando uma blefarorrafia (sutura da pálpebra).

Mas na maioria das vezes o termo blefarorrafia é usado apenas como sinônimo de tarsorrafia, ou seja, diminuição (ou eliminação) cirúrgica da fenda palpebral. O ato de “costurar ou fechar a ferida palpebral” é referido apenas como sutura palpebral.

Abs,

 

Olho único…o que fazer quando se tem fotopsia?

 

“Tenho 29 anos e já tenho uma visão perdida por causa de um acidente. De duas semanas para cá venho tendo fotopsia no canto do olho esquerdo ( o bom).  Fui correndo ao oftalmologista e ele me disse que provavelmente eu teria um DR. Mandou eu fazer um exame de mapeamento de retina e os resultados foram: Meios transparentes : OD com opacidades vítreas e em OE meios transparente, olho fácico, sem condensações ou hemorragias vítreas.
Papila: em OD não visualizada por opacidade vítrea difusa e emOE escavação fisiológica,rima preservada , ausência de zonas alfa e beta. Vasos : Em OD não visualizados por opacidade vítrea difusa; em OE vasos de calibre normal, trajeto sem alterações dignas de nota , relação a-v mantida. Retina: OD presença de retina deslocada ?? (mal visualizada por opacidade vitrea difusa). Em OE retina aplicada nos 360graus, com textura e coloração normais, sem degenerações periféricas dignas de nota. Mácula: OD: não visualizado por opacidade vítrea difusa.Em OE brilho e reflexo compatíveis com a idade.
Conclusão: Exame compatível com a normalidade em OE e opacidade vitrea difusa em OD. O médico disse que a medicina  hoje não tem tratamento para isso, e disse que eu teria que me acostumar. E só deveria retornar se houvesse alteração do sintoma e/ou aumento da fotopsia ou ainda se a visão ficasse embaçada. Não receitou nada. Estou sentindo algumas pontadas no olho e queria saber se devo voltar à consulta”.

 

 

A fotopsia ( percepção de clarões de luz) de causa oftalmológica é resultado de tração vítreo-retiniana. O que não necessariamente significa presença de degeneração periférica retiniana de risco para descolamento de retina. Uma vez descolado o vítreo posterior, alguns pontos de tração podem se formar e ser responsáveis pela percepção de luz à movimentação dos olhos. E nem sempre a tração evolui para rotura retiniana, ou seja, há necessidade de monitorização sim, mas de acordo com novos sintomas ou com a periodicidade indicada, conforme seu oftalmologista orientou.

Eu mesma continuo tendo fotopsia apesar de ter uma rotura já tratada com laser, bem cercada e sem nenhuma outra lesão de risco para DR.

Quanto ao descolamento de retina antigo (pelo acidente), infelizmente ainda não podemos oferecer nenhuma perspectiva animadora. Como a retina é uma “extensão do tecido nervoso”, se comporta como tal: ainda não se conhece como viabilizar a neuro-regeneração. A retina,depois de algum tempo fora do seu leito natural (onde recebe nutrição/oxigenação através da coróide, bastante vascularizada), mesmo que seja reposicionada, já não apresenta vitalidade. Não funciona mais como interface de ligação entre o olho e o cérebro.

A boa noticia é que como o DR foi secundário a traumatismo e não devido a presença de degeneração retiniana de risco, o outro olho (contralateral) deve ser monitorizado sim (afinal ele vale por dois, não é mesmo?), mas não deve ser motivo de estresse crônico para você. Com ausência de degenerações periféricas no mapeamento de retina (MR), o risco de acontecer o mesmo com o olho que enxerga é bem menor do que nos indivíduos que apresentam alterações retinianas (MR) prévias.

De qualquer forma, cuide bem da sua visão. A orientação quanto à prevenção de acidentes domésticos e de trabalho deve ser rotineira, principalmente em indivíduos monoculares.

 

Abs,

Convivendo com a baixa acuidade visual…o que fazer … o que esperar?

“Tenho baixa visual desde criança.De acordo com meu laudo médico minha acuidade visual sem correção é de 20/80 em ambos os olhos, que não melhora com correção visual. Ao exame de fundo de olho foi detectada alteração nas papilas do nervo óptico, por provável neuropatia óptica. A conclusão é de paciente com deficiência visual que não responde a correção ou qualquer tratamento.Já procurei diversos médicos, mas nenhum sabe dizer a causa. Não sei mais o que faço! Estou em estado de desespero, pediram pra que eu procurasse um neuro-oftalmologista, mas meu convênio médico não cobre essa especialidade. Já tentei procurar no SUS, mas está muito difícil! Em algumas pesquisas encontrei uma terapia chamada Self Healing. Já ouviu falar?Sabe se realmente pode dar resultados?

 

Por favor, preciso de uma luz, como devo proceder agora?”

 

A sua ansiedade é compreensível, mas a Medicina não tem resposta para todos os males que afetam os indivíduos. São descritas várias causas de neuropatias ópticas, mas na maioria das vezes o diagnostico disfuncional é feito, mas a causa não pode ser determinada! A doença, felizmente, para de evoluir, mas a perda funcional permanece. É como uma cicatriz. Assim como permanece na memória celular o “rastro” de uma toxoplasmose ou de uma hepatite em que o exame laboratorial evidenciará sempre a presença dessas doenças, mesmo que pretéritas e sem ativação recente.

No caso da neuropatia, mesmo que se identificasse a causa, infelizmente ainda não se pode oferecer nenhuma perspectiva animadora. Como o nervo óptico é uma “extensão do tecido nervoso”, se comporta como tal: ainda não se conhece como viabilizar a neuro-regeneração. Pelo menos hoje ainda não. O nervo óptico continua funcionando como interface de ligação entre o olho e o cérebro. Mas com capacidade reduzida, não funcionando 100%.

Pessoalmente não acredito no beneficio real do self healing (citado por você) em relação à perda funcional neuronal. Assim como também, apesar de oferecido na internet, ainda não vi referencia em congressos e simpósios de Oftalmologia a um tipo de treinamento neural visual que informa “aumentar o processamento neural no córtex visual primário, facilitando as conexões neurais, melhorando a acuidade visual e a sensibilidade ao contraste”.

Você pode ler mais a respeito no site http://www.revitalvision.com/

Este tipo de tratamento estaria disponível em algumas clínicas brasileiras. Veja propaganda no site http://www.americasoftalmocenter.com/revital_vision.html

 

O informe publicitário apresenta como indicações terapêuticas a ambliopia, baixa miopia, miopia pediátrica, presbiopia, Pós-Catarata, Pós-LASIK (cirurgia refrativa). Nesses casos o cérebro seria “treinado” a ser mais eficiente e melhorar o processamento visual. Nenhuma referencia é feita ao déficit visual das neuropatias ópticas.

Sem validação cientifica (medicina ortodoxa, padrão-ouro) eu não poderia indicar a você nenhum dos dois tipos de intervenção. Mas acredito sim na capacidade que o ser humano tem de contornar as dificuldades!

 

Vivendo com baixa visual: Aprender sobre como lidar com a baixa visual, através de grupos de apoio, incluindo  orientações  sobre como aproveitar melhor a visão remanescente pode ser de grande ajuda. Pode melhorar muito a qualidade de vida, apesar da limitação visual.

 

Informe-se!

 

A visão subnormal (VSN) é definida a partir de acuidades visuais iguais ou inferiores a 20/80.  Portanto, com visão 20/80 você teria uma VSN leve, sendo capaz de ler muito bem impressos sem precisar de ampliação.

Visão subnormal ou baixa visão?  Você pode ler no site  http://www.fundacaodorina.org.br/deficiencia-visual/ a respeito de visão subnormal ou baixa visão , “quando o individuo apresenta 30% ou menos de visão no melhor olho, após todos os procedimentos clínicos, cirúrgicos e correção com óculos comuns. Essas pessoas apresentam dificuldades no dia a dia de ver detalhes. Por exemplo, vêem as pessoas mas não reconhecem a feição, as crianças enxergam a lousa porém não identificam as palavras, no ponto de ônibus não reconhecem os letreiros”. Felizmente não é o seu caso!

Enfim, se eu puder ajudá-la com mais alguma informação, entre em contato, será sempre bem-vinda!

E não deixe de visitar o site www.fundacaodorina.org.br, criada por Dorina Nowill, que viveu 91 anos e  “deixou à pessoa com deficiência visual a oportunidade de viver com dignidade e às pessoas que enxergam uma lição de vida!  Perseverança, caridade, resignação e paciência foram as lições deixadas por esta paulista que enxergava o mundo com os olhos da alma”.

 

Abs,

 

Lentes RGP e soluções de limpeza (desinfecção química)

“Tenho ceratocone. Uso lentes de contato RGP e utilizava a solução HIDRO HEALTH RGP para limpá-las, desinfectá-las. A última vez que procurei na farmácia não o encontrei para poder comprar e acabei comprando o OPTI-FREE EXPRESS, porém na embalagem do Opti-free diz que ele é para ser utilizado em lentes gelatinosas e hidrogel. Minha dúvida é: posso usar o OPTI-FREE, que é pra lentes gelatinosas e hidrogel, em minhas lentes, que são Rígidas Gás Permeáveis? Tenho medo de usar e acabar danificando minhas lentes, que são bem caras. Se puder me esclarecer serei imensamente grato”.

 

Conforme Manual do usuário (de lentes de contato) de autoria da Dra. Cleusa Coral Ghanen Oftalmologista de Santa Catarina (www.coral-lentes.com.br), à pagina 21: “Desinfecção química das lentes gás-permeáveis: Pode-se utilizar soluções específicas ou multi-uso, onde elas devem ser conservadas, pelo menos por 4 horas. As específicas são: Duracare e Totalens (Allergan); Opti-Soak (Alcon). As multi-uso: Boston Simplicity (Bausch & Lomb) e Unique-pH (Alcon)”.
Então o ideal é que sejam usadas soluções especificas recomendadas pelos fabricantes das lentes gás-permeáveis. Mas o que nunca deve ser feito é usar substancias próprias para LC RGP em lentes hidrofílicas (gelatinosas).
Veja mais detalhes em http://www.coral-lentes.com.br/index.php?id=7&pg=7
E cuide bem das suas lentes (e dos seus olhos)!

 

Abs,

Gravidez, moscas volantes e pontos brilhantes…

“Estou tendo alguns sintomas estranhos relacionados a minha visão que têm me deixado muito preocupada.Há 3 meses comecei a ver pequenas moscas volantes no meu campo de visão, não dei muita importância, porém, após 1 mês essas moscas aumentaram e procurei um oftalmo. Fiz um mapeamento de retina que não acusou nada. Não bastassem as moscas, passei a ver, quando olho para um céu cinza ou cenário claro “veias” como quando dilatamos a pupila, mas estas não são móveis parecem apenas acender e apagar. Muito estranho; também vejo milhares de pontos brilhantes ao olhar para o céu, estes pontos parecem vir em minha direção, são muitos mesmo e parecem dar “piruetas” no ar. Seria cômico se não fosse trágico! Estou muito triste com isso. Tenho medo de perder minha visão. Estou grávida de 6 meses, porém minha pressão é normal. Fiz exame de toxoplasmose, que também não acusou nada.

Seria algum problema grave? Estes são sintomas de descolamento de retina?”

Você disse que o mapeamento de retina estava normal. A referência de normalidade pode significar ausência de rotura retiniana ou degeneração periférica de risco para descolamento de retina (ótima noticia!).

Mas não fez referencia a DPV (descolamento posterior de vítreo),nem alteração de transparência do corpo vítreo ou presença de corpúsculos brilhantes na cavidade vitrea que pudessem ser responsáveis pelos sintomas.

A hipertensão arterial pode causar escotomas cintilantes. Mas isso você já sabia e descartou a possibilidade, conforme relato. Como o comentário está com grande atraso e você estava grávida de 6 meses na época, espero que esta opção tenha realmente sido afastada. A toxoplasmose ou qualquer outra retinocoroidite (uveite posterior/ uveite intermediaria) mostraria sinais vítreo-retinianos que voce não tem (o mapeamento descartou).

Você não refere se as “percepções visuais atípicas” são bilaterais ou estão presentes em apenas um dos olhos. Sendo bilaterais podem significar estimulação cortical. Se o exame oftalmológico não aponta nenhum fator causal, uma visita ao neurologista ou mesmo ao neuro-oftalmologista pode ajudar.

Consulte novamente seu oftalmologista, converse sobre suas dúvidas e apreensões. Tenho certeza de que ele será de grande ajuda!

Abs,

O médico, o paciente e a ansiedade do diagnóstico precoce!

Acertando mais ou errando menos?
Será que a ansiedade, tanto do médico quanto do paciente é benéfica ou atrapalha mais do que ajuda?

“Recentemente fiz alguns exames para afastar ou não o diagnóstico de glaucoma. Ainda vou saber os resultados. Espero que a médica seja precisa”…disse uma internauta em comentário a um texto no blog.

O texto é “Entendendo o glaucoma” e relata a dificuldade do diagnóstico fidedigno e a importância da assertividade dele, diagnostico, na evolução da doença e na saúde ocular futura do doente. Não deve haver tanta pressa no diagnóstico! Deve-se priorizar a ratificação dele por meio de monitorização clinica seqüencial em vez de, por causa da ansiedade do paciente e do médico, iniciar um tratamento “preventivo” (que de preventivo não tem nada..é tratamento e ponto final). Uma intervenção precoce que muitas vezes não é benéfica para o paciente, principalmente no longo prazo.

Melhor é ter paciência, sempre: devagar se vai ao longe, não é mesmo?

Além do mais, em doenças crônicas degenerativas como o glaucoma, o tempo está a nosso favor! Exceções existem claro. Mas cabe ao médico identificá-las e ser o mais honesto possível com cada paciente.
Cada caso é um caso, é sempre bom lembrar!

Em Medicina não existe certeza absoluta. A arte de curar não é uma ciência exata como a Matemática. Nós médicos bem que gostaríamos que fosse tão mais “fácil”! Mas não existe receita de bolo na prática clínica diária.

Cada paciente é único em sua individualidade bioquímica. E conseqüentemente na forma de apresentação da doença, no desenvolvimento de sintomas e na resposta terapêutica.

E isso é um processo dinâmico: muda a cada fase da vida do individuo.

Na relação médico-paciente nós identificamos o perfil de cada um e, na maioria das vezes, somos capazes de dar a cada um o que ele precisa, visando o entendimento possível do processo de adoecimento e a manutenção (sem estresse) do equilíbrio a ser alcançado para frear a progressão da doença.

A cada um dizemos o que ele pode entender (e ouvir). Como no dito popular, “ninguém carrega uma cruz maior do que a que pode suportar”. E isso deve fazer parte do oficio do médico: entender (e aprender a conhecer) cada paciente e dar a ele o que ele precisa (do ponto de vista físico, mental e emocional).

A Medicina pode ser muito gratificante!

E mais ainda, dá ao médico a oportunidade de experimentar o prazer que é poder contribuir para o bem estar do outro. Dito assim pode soar piegas, mas a Medicina é uma profissão que claramente ajuda o médico: ela facilita a imersão concreta no autoconhecimento, na dimensão espiritual do ser e como dizia o pai da Homeopatia, Samuel Hahnemman, ajuda o individuo a identificar e alcançar “os mais altos fins de sua existência”.

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