“Tenho 27 anos e há quatro meses apareceram moscas volantes no meu campo de visão. A princípio não liguei, nem sabia o que eram. Um ou dois pontos escuros no olho direito que notava em sítios com muita claridade(caso da minha escola onde é quase tudo pintado de branco), depois disso foram aumentando em numero no olho direito (o esquerdo que eu notasse não tinha nada). Fiquei em pânico total! Tinha ido a uma consulta de oftalmologia em meses antes e me foram receitados óculos pela primeira vez, com graduação de 0,5 no olho esquerdo e 1.5 no olho direito ( a questão do meu olho direito é que vejo sempre embaçado com ou sem óculos e quando passo muito tempo ao computador fico com os dois olhos completamente embaçados e as vezes a arder; sinto apenas uma leve melhoria com os óculos).

Como disse, entrei em pânico e fui a uma nova consulta oftalmológica onde o médico me examinou o olho direito com um aparelho com uma luz forte e acabando isto disse para eu ir fazer mais exames complementares(fiquei ainda mais em pânico).

Nos três dias de espera até ao exame andei em estresse total. Depois disso foi me feito uma tomografia de coerência óptica (OCT) e uma angiofluoresceinografia retiniana, tudo numa clinica especializada em retina. Ao final o médico disse-me que o meu problema era uma coisa que me podia afetar quando fosse mais velho, e recomendou que eu tomasse anti- oxidantes, luteina, e Omega 3. No relato de conclusão a respeito dos exames disse que não foram detectadas alterações morfo-estruturais na área macular em nenhum dos olhos.

Depois disto, agora há cerca de uma semana parece que notei mais moscas volantes e agora também no olho esquerdo (onde antes não tinha nada) e tenho a noção de as vezes ver pontos brilhantes passando quando estou à frente do monitor e mais ainda se há contraste com fundos brancos ou claros. No relatório do exame está escrito que devo repetir a OCT dentro de uma ano. Posso ter alguma coisa de grave?

E o que me deixa louco são estas mosca volantes que não desaparecem, e são incomodativas e o médico desvalorizou isso dizendo que não eram graves. Estou desesperado, pois não sei se tenho de voltar ao médico ou não, ou se o problema não é da visão pode ser do cérebro, pois sofro de muita ansiedade”.

Pelo que entendi, quando você passou a perceber as floaters ou moscas volantes, fez um mapeamento de retina que não mostrou degenerações de risco para descolamento de retina.

O exame negativo afasta risco iminente de DR e necessidade de tratamento. O oftalmologista então direcionou a avaliação à sua segunda queixa que dizia respeito à visão embaçada (por isso avaliou a mácula através da tomografia de coerência ótica- OCT).Não posso comentar a respeito de doença macular uma vez que desconheço o laudo do OCT (na íntegra).

Se existem apenas poucas drusas em região macular, apesar delas serem fatores de risco para DMRI (por isso a indicação de antioxidantes, luteína e omega 3), não significa que você necessariamente vá desenvolver a degeneração macular.

São vários os fatores de risco e podemos fazer frente à maioria deles (menos o fator genético) e prevenir ou retardar muito e manter a visão sob controle, com as corretas estratégias já conhecidas e as que virão no futuro. Leia no blog http://www.elizabethnavarrete.com sobre DMRI e prevenção.

Vale lembrar, numa analogia, que as pessoas que apresentam risco de câncer de pele são aquelas de tez muito clara. Mas nem todas elas terão efetivamente neoplasia de pele, concorda? Depende do comportamento delas ao longo da vida (em relação à exposição solar) e de outros fatores de risco envolvidos.

Na DMRI ocorre o mesmo. Agora que você sabe que faz parte do grupo de risco, um ponto positivo para você! Pode fazer prevenção eficaz e evitar a doença. Você terá algumas características e maior suscetibilidade para a doença… mas não a desenvolverá!

Faça a sua parte: um grande e insubstituível aliado é o par de óculos solares com proteção total contra raios UV (A e B). A luz UV e em menor escala o fototraumatismo pela luz visível devem ser
evitados, pois são gatilhos inequívocos e importantes na DMRI.

Quanto ao embaçamento, fico feliz em saber que ele tem caráter temporário. Quando ficamos no computador muito tempo, a musculatura pode fazer com que a contração exagerada da musculatura responsável pela “visão de perto” deixe você miopizado (transitoriamente). Você não me disse se os graus dos seus olhos são negativos ou positivos…

Se quiser entender melhor leia sobre uso de computador e possíveis sinais e sintomas oculares relacionados. A ergoftalmologia ensina como evitar incômodos visuais e ter uma relação mais saudável com os microcomputadores. Você pode acessar o link abaixo:

http://elizabethnavarrete.com/2010/09/25/a-visaoos-olhos-e-os-computadores/

Quanto às moscas volantes, peço desculpas por todos nós, médicos.

Quando falamos que não é nada demais estamos nos referindo à menor importância clínica em relação a prováveis eventos negativos mais ou menos graves.

Como seu oftalmologista fez o MR e não detectou nada que mereça tratamento ou signifique risco iminente ele quis tranqüilizá-lo. Mas sei, por experiência própria que quando nosso sintoma é muito incomodo o que menos gostamos de ouvir é que estamos bem e não temos nada importante.
É importante sim, uma vez que gera um imenso desconforto… e muitas vezes é impossível conviver com eles, sintomas. Pelo menos num primeiro momento (que às vezes, para alguns, pode durar meses…)

A respeito de floaters (moscas volantes), para que possa entender mais e com isso tentar conviver melhor elas, leia sobre como administrar os sintomas, o que pode ser feito e quem pode ajudar. A visão, assim como os outros sentidos (e diferentemente de outros sistemas do nosso organismo) tem uma conexão diferenciada com o cérebro. Portanto, quanto maior a ansiedade, mais difícil será a adaptação a uma realidade visual diferente da anterior, mas ainda assim possível de se conviver com. A neuro-adaptação é possivel e com isso um ajuste melhor à nova situação.

E gostaria de acrescentar que a solução para um problema orgânico nunca significa ter de volta exatamente o que se tinha antes. A dinâmica orgânica não funciona assim. Mas quase sempre podemos devolver aos nossos organismos (re) equilíbrio e conseguimos conviver (muito bem, embora aos poucos) com a nova situação física e/ou psíquica, após os ajustes necessários (químicos, físicos e/ou psicológicos).
Mais sobre o tema nos links (Moscas volantes…alguns nem percebem, outros não conseguem conviver! em http://elizabethnavarrete.com/2012/01/19/moscas-volantes-alguns-nem-percebem-outros-nao-conseguem-conviver/, (Convivendo com os floaters ou moscas volantes…) em http://elizabethnavarrete.com/2012/01/19/convivendo-com-os-floaters-ou-moscas-volantes/ e (Floaters, moscas volantes…ainda comentando a respeito) em http://elizabethnavarrete.com/2012/01/21/floatersmoscas-volantes-ainda-comentando-a-respeito/

Se ainda tiver dúvidas, fique à vontade para voltar a este espaço.