Este blog foi criado para você leitor que (ainda) tem dúvidas relacionadas a doenças e eventos oftalmológicos. Deixe a sua pergunta e ela será respondida na medida do possível. Um novo post será escrito em resposta a cada pergunta e poderá ser acessado e comentado por outros internautas com dúvidas semelhantes.
Espero que seja de ajuda e possa realmente fazer diferença para muitos!
Os questionamentos acumulados em anos de exercicio da oftalmologia estão divulgados na página “prática oftalmológica”. O objetivo é dividir com outros oftalmologistas as dificuldades e duvidas e propor um forum de discussão para além dos encontros formais (congressos,simposios) e bibiotecas on line (Medline,Bireme,Lilacs,Cochrane).
Na página “dúvidas em oftalmologia” estarão listados os posts gerados a partir de questionamentos enviados por leitores. As dúvidas trazidas a este blog serão divulgadas no post a respeito, precedendo a resposta.
Mais conteudo relacionado a dúvidas e comentários postados aqui você encontra no meu outro blog http://www.elizabethnavarrete.com
Sejam todos benvindos!
Elizabeth Navarrete
setembro 28, 2012 at 4:40 pm
Fiz três consultas recentemente para checar o grau dos meus óculos, e as três apresentam o grau da lente diferentes.
São eles:
Esf. Cil. Eixo
O.D. -3,00 -0,75 15
O.E. -2,75 -1,25 157
Esf. Cil. Eixo
O.D. -3,25 -0,80 180
O.E. -3,25 -0,75 160
Esf. Cil. Eixo
O.D. -3,25 -0,50 105
O.E. -2,75 -1,25 105
Pergunta: Por que dessa diferença de “Eixo” entre as consultas?
outubro 6, 2012 at 5:35 pm
Thiago,
Voce pergunta o porquê da diferença das prescrições e principalmente dos eixos encontrados.
Entre os achados, o que chama mais atenção, a principio, é a diferença de eixo entre a 1ª e 2ª prescrições em relação à 3ª.
As duas primeiras têm um cilindros aproximadamente iguais (15 x 180 e 157 x 160) enquanto que na última os cilindros são verticais.
Acredito que as duas primeiras estão mais perto do eixo ideal que, provavelmente, se voce não tem dor de cabeça constante e relacionada aos esforços visuais ou ainda não vinha percebendo dificuldade visual significativa com os óculos que estava usando,se eram consultas de rotina é o dos óculos antigos. A conduta mais acertada, nessa situação, é manter os eixos anteriores (em uso até as consultas).
Mas, se voce ouviu mais duas opiniões a respeito do seu grau (foi a dois oftalmologistas depois do primeiro), é por que o receituário diferia bastante do seu antigo grau.Então, nesse caso,provavelmente os oftalmologistas optaram por acertar” os seus eixos de uma vez, enquanto voce é jovem e aceita bem a modificação (seu sistema vestibular -labirinto- tem que ajudar) ou o oftalmologista da prescrição de eixo vertical estava usando cilindros positivos e não fez transcrição para cilindro negativo (ainda assim não o poder esferico das lentes não estaria certo).
Veja que sem especificar detalhes, cronologia dos fatos, grau anterior,idade e ainda faltando outras informações, fica difícil avaliar o que aconteceu!
De qualquer forma, o grau que nós oftalmologistas prescrevemos é uma espécie de media artitmetica dos graus que o individuo apresentará ao longo de cada dia! Quando jovem, mais miope num horario do dia, menos miope em outros,as vezes a diferença sendo quase zero, às vezes um pouco mais significativa (se existem alterações metabólicas importantes). Mas o cuidado com a prescrição dos eixos nunca é demais, uma vez que alguns de nós não conseguimos nos adaptar a mudanças (mesmo pouco significativas), mesmo quando jovens,época em que é mais facil essa adaptação.
Espero ter podido ajudar (e não ter confundido mais) voce!
Abs,
outubro 15, 2012 at 2:33 am
Boa noite Drª! Gostaria de saber sua opinião sobre um tema relacionado à visão, até então, acredito eu negligenciado pela medicina brasileira e de muitos outros países. Me refiro ao que tem sido relatado como neve visual ( do inglês: “visual snow”) ou síndrome da neve visual, cujos sintomas passei a desenvolver há algum tempo. Dentre esses sintomas, o principal é a visualização de imagens como estática de aparelho de tv, com chuviscos, principalmente quando se olha para superfícies escuras ou ambientes com pouca luminosidade, outro sintoma característico é a palinopsia que consiste na visão do contorno de um objeto por algum tempo após ter desviado o olhar do mesmo, luzinhas piscantes quando olhamos para superfícies claras como o céu também corre. Algo que tem me incomodado bastante, é o fato de não verificar escuridão completa após fechar os olhos, permanecendo os chuviscos, isso é acompanhado por “ondas” de luz que presencio quando de olhos fechados. Ultimamente tenho até dormido de olhos vendados porque ao menor estímulo luminoso, essas ondas luminosas despontam nos meus olhos fechados, fazendo com que eu acorde sobressaltado. Ás vezes tenho a impressão de estar com menos visão periférica, outras vezes parece que volta ao normal. Tudo começou um dia quando eu estudava em frente ao computador, e de repente, minha visão central começou a ficar desbotada, meio que embaralhada. Após alguns minutos ela voltou a normal, mas após esse dia minhas moscas volantes aumentaram, senti perca de parte da visão periférica que se revertia e voltava ao normal, e por último apareceu a neve visual. Consultei o ofltalmologista que fez exame de fundo de olho, mapeamento de retina e medição da pressão intraocular, os quais não acusaram nenhum problema. Até então, não conhecia a neve visual para perguntar algo ao meu oftlamo. Agora consultei um neurologista, o qual disse nunca ter ouvido falar de neve visual, agora farei uma ressonância magnética do crânio. O curioso é que a neve visual parece ter causa neurológica desconhecida e não detectável pelos exames de imagens sofisticados como ressonância ou tomografia. Recentemente encontrei um grupo internacional no facebook com vários portadores dessa condição, lá são feitos intensos debates sobre neve visual, entre os membros muitos americanos, ingleses, alemães e pessoas de outras nações como o Brasil. O curioso é que não encontrei uma só página em lingua portuguesa sobre o assunto, a não ser uma comunidade do orkut! Drª, gostaria de sua posição sobre meus sintomas e sobre a neve visual como um todo, é uma condição dramática, que afeta muitas pessoas e até então com poucas pesquisas em andamento. São sintomas muito incômodos que culminam muitas vezes em depressão ou pânico. Eu particularmente estou preocupado, ansioso e com baixa auto-estima por causa disso. Tenho medo que isso comprometa meus estudos e a vida cotidiana como um todo.
Para uma visão geral do assunto:
http://en.wikipedia.org/wiki/Visual_snow
http://www.psychologytoday.com/blog/overcoming-pain/201205/melting-the-myths-visual-snow
http://www.eyeonvision.org/visual-snow.html
Grupo internacional no facebook:
https://www.facebook.com/groups/229020277110681/
Um estudo sobre o assunto:
http://neuronresearch.net/vision/clinical/snowyvision.htm
Desde já agradeço o espaço e a oportunidade de expor esse assunto!
outubro 17, 2012 at 4:49 am
Sergio,
Entendo sua angústia e a dos varios portadores dessa e de outras percepções visuais incomuns. São tradução da disfuncionalidade da rede neuronal como voce já sabe. O “trigger” é o que deve ser investigado,para que se possa sugerir um tratamento efetivo.
Alem de medidas gerais para melhor suportar (ou conviver) com essas percepções desagradáveis.
Gostaria de ter uma resposta mais assertiva para voce, mas neste momento posso apenas me comprometer com ajuda pontual relativa a identificação de similaridades entre os individuos portadores do sintoma, investigação dos gatilhos individuais (questionario a ser divulgado entre os grupos – orkut e facebook). A “negligencia” dos medicos em relação a esse sintoma,como voce referiu, se deve em parte ao desconhecimento do pleno funcionamento do cérebro, das redes neuronais e das variantes fisiologicas individuais.
Além do menor numero de referencias na literatura médica,o que significa direcionamento de pesquisa para sinais e sintomas que afligem um maior numero de pessoas. Como por exemplo na cinetose (ou motion sickness ou ainda enjoo de movimento), que dificulta (e na maioria das vezes impede) o uso de lentes multifocais quando delas necessitam os portadores dessa dificuldade inata.Devido a incidencia relativamente pequena da sintomatologia (ou pelo menos da sua persistencia na fase adulta), pouco se pesquisa a respeito de alternativas eficazes, embora se reconheça a dificuldade de muitos.
Pouca ajuda tambem referem os portadores de zumbido (e tinnitus pulsatil),embora existam ideias interessantes para “confundir” o cérebro e reduzir bastante a percepção desses ruidos incomuns. Quando perdemos o “freio” dos mecanismos (mentais) de proteção,que inibem essas percepções incomuns(resultantes de hiper reatividade do SNC)como nos periodos de mais estresse, no uso abusivo de alguns alimentos (como açucar, cafeina,alcool) ou drogas, os sintomas voltam a piorar (e muito)!
Então, parece uma luz no final do tunel,nao é mesmo? Alguns são capazes de minimizar esses sons e essas visões incomuns e melhorar a qualidade de vida. O que se puder fazer para ajudar é valido! Tenho certeza de que sempre podemos fazer diferença quando nos empenhamos realmente em entender o que se passa conosco (e com aqueles que procuram ajuda através de nós).
Esse espaço é seu e de todos que precisem expressar suas dúvidas e dificuldades. Sinta-se à vontade para comentar e divulgar o que achar que pode ser de ajuda a outros com os mesmos sintomas.
Abs,
Elizabeth
outubro 17, 2012 at 1:49 pm
Sergio,
Aqui neste blog nas abas pratica oftalmológica e sugestões de pesquisa em oftalmologia postei um questionario básico para iniciar investigação clinica primária.Ajudaria a entender a fisiopatologia da sensação visual incomum e principalmente a avaliação poderia sugerir um meio de neutralizar este sintoma que reduz a qualidade de vida do individuo portador.
Sugestão de questionario básico (“aproach” inicial)
QUESTIONARIO “VISUAL SNOW”
1-sexo,idade,
2- quanto tempo de uso tela computador/dia?
3-especificações de tela?
4-atividade principal (tela com gráficos, apenas textos, muitos matizes de cor e desenhos,etc)
5-quando começou (tempo) a percepção do “visual snow”?
6-quanto tempo dura o incomodo visual (24 h, algumas horas, apenas durante algumas atividades, em que situações piora.Citar)
7-a que você atribuiu ou relacionou o inicio dos eventos?
8- usa óculos? (miopia, hipermetropia e/ou astigmatismo?). Lentes com anti-reflexo?
9-você tem outros tipos de hiper-reatividade sensorial? Zumbido, tinnitus, flashes,hiperosmia, hiperacusia…
10-Você fez algum tipo de tratamento (oftalmológico) com laser previamente ao inicio do evento visual?
11-Tem dor de cabeça frequentemente? Tem o diagnostico de migranea ou enxaqueca? Com ou sem “aura”?
12-Tem cinetose (enjoo de movimento ou motion sickness)?
13-Tem diagnostico prévio ou recente de disritmia ou qualquer outra alteração do traçado EEG?
14-Já fez PEV (potencial evocado visual)? Resultado?
15-Tem historia pessoal ou familiar (atual ou anterior) de epilepsia mesmo na forma minor, como na “ausência”?
16-Está em uso de qualquer medicamento, alopático ou fitoterápico? Vitaminas ou qualquer outra droga, lícita ou ilícita?
17-Tem pânico de falar em público?
18-Tem as mãos frias e úmidas (característica inata ou recente) principalmente quando em situações de estresse ou ansiedade?
19-Tem diagnóstico formal de transtorno de ansiedade generalizada (TAG)?
20-Em algum momento tem (ou teve) diplopia (visão dupla)? Foi diagnosticado de estrabismo latente (ou heteroforia),quando a visão binocular está alterada em alguma de suas características?
21-Tem diagnostico de alteração da visão de cores (discromatopsia)?
22-Alguma outra observação que relacione ao seu sintoma e que considere importante e não esteja comentada aqui? Cite.
Complementação:
a-Teste de Ishiara (visão de cores)
b-campo visual computadorizado
c-PEV (potencial evocado visual)
d-ERG (eletroretinograma)
e-topografia corneana ou ceratoscopia computadorizada
A avaliação da superfície ocular (aberrometria) é sugestão apenas para alguns casos especiais.
À disposição para sugestões e encaminhamento de questionarios atraves do email: duvidasemoftalmologia@gmail.com
Abs,
outubro 19, 2012 at 11:21 pm
Doutora, nem tenho como agradecer sua atenção aos meus questionamentos sobre “visual snow”. Poucos médicos no Brasil e no exterior esclarecem algo sobre essa condição. Agradeço também o questionário criado, o qual em breve responderei e encaminharei por e-mail. Até divulguei no grupo internacional do facebook sobre VS suas considerações em relação a esse tema. Os membros ficaram muito satisfeitos e dois brasileiros demonstraram interesse em responder o questionário. Já é uma sementinha plantada!
Abs
outubro 21, 2012 at 10:15 pm
Com certeza, Sergio.
E não há o que agradecer. O aprendizado é sempre benvindo.
E quanto mais o individuo reporta ao médico detalhes de seus sintomas,um quadro mais fidedigno pode ser feito a respeito da doença ou sindrome que se deseja estudar. Não desista de tentar entender o que que acontece…apenas não se esqueça tambem de aprender a (con)viver da melhor forma possivel, pelo menos por ora,com os sintomas que o incomodam.
Assim que tiver algum dado a ser repassado eu o farei,ok?
Abs,