Acertando mais ou errando menos?
Será que a ansiedade, tanto do médico quanto do paciente é benéfica ou atrapalha mais do que ajuda?
“Recentemente fiz alguns exames para afastar ou não o diagnóstico de glaucoma. Ainda vou saber os resultados. Espero que a médica seja precisa”…disse uma internauta em comentário a um texto no blog.
O texto é “Entendendo o glaucoma” e relata a dificuldade do diagnóstico fidedigno e a importância da assertividade dele, diagnostico, na evolução da doença e na saúde ocular futura do doente. Não deve haver tanta pressa no diagnóstico! Deve-se priorizar a ratificação dele por meio de monitorização clinica seqüencial em vez de, por causa da ansiedade do paciente e do médico, iniciar um tratamento “preventivo” (que de preventivo não tem nada..é tratamento e ponto final). Uma intervenção precoce que muitas vezes não é benéfica para o paciente, principalmente no longo prazo.
Melhor é ter paciência, sempre: devagar se vai ao longe, não é mesmo?
Além do mais, em doenças crônicas degenerativas como o glaucoma, o tempo está a nosso favor! Exceções existem claro. Mas cabe ao médico identificá-las e ser o mais honesto possível com cada paciente.
Cada caso é um caso, é sempre bom lembrar!
Em Medicina não existe certeza absoluta. A arte de curar não é uma ciência exata como a Matemática. Nós médicos bem que gostaríamos que fosse tão mais “fácil”! Mas não existe receita de bolo na prática clínica diária.
Cada paciente é único em sua individualidade bioquímica. E conseqüentemente na forma de apresentação da doença, no desenvolvimento de sintomas e na resposta terapêutica.
E isso é um processo dinâmico: muda a cada fase da vida do individuo.
Na relação médico-paciente nós identificamos o perfil de cada um e, na maioria das vezes, somos capazes de dar a cada um o que ele precisa, visando o entendimento possível do processo de adoecimento e a manutenção (sem estresse) do equilíbrio a ser alcançado para frear a progressão da doença.
A cada um dizemos o que ele pode entender (e ouvir). Como no dito popular, “ninguém carrega uma cruz maior do que a que pode suportar”. E isso deve fazer parte do oficio do médico: entender (e aprender a conhecer) cada paciente e dar a ele o que ele precisa (do ponto de vista físico, mental e emocional).
A Medicina pode ser muito gratificante!
E mais ainda, dá ao médico a oportunidade de experimentar o prazer que é poder contribuir para o bem estar do outro. Dito assim pode soar piegas, mas a Medicina é uma profissão que claramente ajuda o médico: ela facilita a imersão concreta no autoconhecimento, na dimensão espiritual do ser e como dizia o pai da Homeopatia, Samuel Hahnemman, ajuda o individuo a identificar e alcançar “os mais altos fins de sua existência”.