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Dúvidas em Oftalmologia

conversando com o oftalmologista…

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Olho único…o que fazer quando se tem fotopsia?

 

“Tenho 29 anos e já tenho uma visão perdida por causa de um acidente. De duas semanas para cá venho tendo fotopsia no canto do olho esquerdo ( o bom).  Fui correndo ao oftalmologista e ele me disse que provavelmente eu teria um DR. Mandou eu fazer um exame de mapeamento de retina e os resultados foram: Meios transparentes : OD com opacidades vítreas e em OE meios transparente, olho fácico, sem condensações ou hemorragias vítreas.
Papila: em OD não visualizada por opacidade vítrea difusa e emOE escavação fisiológica,rima preservada , ausência de zonas alfa e beta. Vasos : Em OD não visualizados por opacidade vítrea difusa; em OE vasos de calibre normal, trajeto sem alterações dignas de nota , relação a-v mantida. Retina: OD presença de retina deslocada ?? (mal visualizada por opacidade vitrea difusa). Em OE retina aplicada nos 360graus, com textura e coloração normais, sem degenerações periféricas dignas de nota. Mácula: OD: não visualizado por opacidade vítrea difusa.Em OE brilho e reflexo compatíveis com a idade.
Conclusão: Exame compatível com a normalidade em OE e opacidade vitrea difusa em OD. O médico disse que a medicina  hoje não tem tratamento para isso, e disse que eu teria que me acostumar. E só deveria retornar se houvesse alteração do sintoma e/ou aumento da fotopsia ou ainda se a visão ficasse embaçada. Não receitou nada. Estou sentindo algumas pontadas no olho e queria saber se devo voltar à consulta”.

 

 

A fotopsia ( percepção de clarões de luz) de causa oftalmológica é resultado de tração vítreo-retiniana. O que não necessariamente significa presença de degeneração periférica retiniana de risco para descolamento de retina. Uma vez descolado o vítreo posterior, alguns pontos de tração podem se formar e ser responsáveis pela percepção de luz à movimentação dos olhos. E nem sempre a tração evolui para rotura retiniana, ou seja, há necessidade de monitorização sim, mas de acordo com novos sintomas ou com a periodicidade indicada, conforme seu oftalmologista orientou.

Eu mesma continuo tendo fotopsia apesar de ter uma rotura já tratada com laser, bem cercada e sem nenhuma outra lesão de risco para DR.

Quanto ao descolamento de retina antigo (pelo acidente), infelizmente ainda não podemos oferecer nenhuma perspectiva animadora. Como a retina é uma “extensão do tecido nervoso”, se comporta como tal: ainda não se conhece como viabilizar a neuro-regeneração. A retina,depois de algum tempo fora do seu leito natural (onde recebe nutrição/oxigenação através da coróide, bastante vascularizada), mesmo que seja reposicionada, já não apresenta vitalidade. Não funciona mais como interface de ligação entre o olho e o cérebro.

A boa noticia é que como o DR foi secundário a traumatismo e não devido a presença de degeneração retiniana de risco, o outro olho (contralateral) deve ser monitorizado sim (afinal ele vale por dois, não é mesmo?), mas não deve ser motivo de estresse crônico para você. Com ausência de degenerações periféricas no mapeamento de retina (MR), o risco de acontecer o mesmo com o olho que enxerga é bem menor do que nos indivíduos que apresentam alterações retinianas (MR) prévias.

De qualquer forma, cuide bem da sua visão. A orientação quanto à prevenção de acidentes domésticos e de trabalho deve ser rotineira, principalmente em indivíduos monoculares.

 

Abs,

Gravidez, moscas volantes e pontos brilhantes…

“Estou tendo alguns sintomas estranhos relacionados a minha visão que têm me deixado muito preocupada.Há 3 meses comecei a ver pequenas moscas volantes no meu campo de visão, não dei muita importância, porém, após 1 mês essas moscas aumentaram e procurei um oftalmo. Fiz um mapeamento de retina que não acusou nada. Não bastassem as moscas, passei a ver, quando olho para um céu cinza ou cenário claro “veias” como quando dilatamos a pupila, mas estas não são móveis parecem apenas acender e apagar. Muito estranho; também vejo milhares de pontos brilhantes ao olhar para o céu, estes pontos parecem vir em minha direção, são muitos mesmo e parecem dar “piruetas” no ar. Seria cômico se não fosse trágico! Estou muito triste com isso. Tenho medo de perder minha visão. Estou grávida de 6 meses, porém minha pressão é normal. Fiz exame de toxoplasmose, que também não acusou nada.

Seria algum problema grave? Estes são sintomas de descolamento de retina?”

Você disse que o mapeamento de retina estava normal. A referência de normalidade pode significar ausência de rotura retiniana ou degeneração periférica de risco para descolamento de retina (ótima noticia!).

Mas não fez referencia a DPV (descolamento posterior de vítreo),nem alteração de transparência do corpo vítreo ou presença de corpúsculos brilhantes na cavidade vitrea que pudessem ser responsáveis pelos sintomas.

A hipertensão arterial pode causar escotomas cintilantes. Mas isso você já sabia e descartou a possibilidade, conforme relato. Como o comentário está com grande atraso e você estava grávida de 6 meses na época, espero que esta opção tenha realmente sido afastada. A toxoplasmose ou qualquer outra retinocoroidite (uveite posterior/ uveite intermediaria) mostraria sinais vítreo-retinianos que voce não tem (o mapeamento descartou).

Você não refere se as “percepções visuais atípicas” são bilaterais ou estão presentes em apenas um dos olhos. Sendo bilaterais podem significar estimulação cortical. Se o exame oftalmológico não aponta nenhum fator causal, uma visita ao neurologista ou mesmo ao neuro-oftalmologista pode ajudar.

Consulte novamente seu oftalmologista, converse sobre suas dúvidas e apreensões. Tenho certeza de que ele será de grande ajuda!

Abs,

Moscas volantes em crianças…

Este post foi escrito em esclarecimento a uma internauta. Vou ao longo do texto pontuando (sem negrito) algumas observações.

“Minha filha tem 13 anos de idade. Sempre consultou oftalmologista, desde pequena, uma vez por ano. Usa óculos (0,25) “para descanso”. Há dois meses está vendo moscas volantes e “cobrinhas transparentes“.
Causas importantes e que necessitam tratamento imediato e/ou outro tipo de intervenção já foram descartadas através do mapeamento, da US e da angiofluoresceinografia que não mostraram qualquer processo inflamatório-infeccioso.

Achei teu blog, em uma das minhas mil pesquisas à internet sobre o assunto. Estou muito preocupada, com medo de que isso nunca mais vá sumir ou que piore..
O descolamento do vítreo anterior e/ou posterior,a liquefação e/ou sinerese vítrea não são reversíveis.No máximo os sinais e sintomas podem ser minimizados através conduta cirúrgica que eu não me atreveria a indicar.Pelo menos não neste contexto atual.

Ela já consultou três oftalmologistas. Foi agendada uma angiografia para descartar qualquer possibilidade de algo “errado”. Já dilatou a pupila duas vezes e nada apareceu de descolamento e/ou ruptura da retina. Não houve nenhum episodio diferente que pudesse justificar o sintoma.

Sempre existe um antecedente.Apenas não somos capazes de lembrar ate por se tratar na maioria das vezes de situações cotidianas comuns (uma gripe, um resfriado seguido de uma vitreite discreta e pouco ou nada sintomática, mas que meses depois após cavitação intensa do vítreo seguida de descolamento -na maioria das vezes- levam aos sintomas).

Sempre ao entardecer melhora. O que também acontece em ambientes com luz indireta, artificial, ao contrario da luz natural (claridade da rua).
Este fato é referencia comum em relação às moscas volantes e os vários outros tipos de floaters ou fibrilas de vítreo condensado.Eu mesma prefiro ambientes mais escuros e por algum tempo mantive (após DPV agudo) o consultório na penumbra e evitei fazer atendimentos pela manhã.

Durante quase dois meses se queixava, ficava irritada, nervosa, mas ia levando, aparentemente, bem. Com o reinício das aulas piorou. O médico diz que é a concentração na figura do professor, no quadro, na folha de papel… Ela adora ler, mas enxerga as moscas “voando” na frente do texto.

Além do estresse do convívio social escolar e da relação professor-aluno, se ela estudar no turno da manhã os sintomas estarão intensificados.

Não sei se é importante, mas ela iniciou uso de anticoncepcional (por indicação médica e em caráter experimental) há três meses. SOP (sindrome dos ovários policísticos)? Vem utilizando também antiinflamatório (Feldene) para as cólicas menstruais que são muito intensas. Insisti tanto, que o médico vai solicitar um exame de toxoplasmose, embora Ele já tenha dito que não existe indicação para tal.

Mesmo que ela seja positiva para toxolasmose (IGG e não IGM) não significa que ela tenha tido manifestação oftalmológica (que é bem clássica e deixa cicatriz corioretiniana) e portanto não existe nenhuma indicação de tratamento. Um indivíduo soropositivo para toxoplamose (boa parcela da nossa população) pode nunca ter manifestação de doença oftalmológica. Além disso, o tratamento consiste em matar o parasita quando ele está na livre na corrente sanguinea e oferece risco;mas quando encistado (forma de vida durante quase todo o tempo em que ele habita o nosso corpo, numa espécie de simbiose conosco), não há o que fazer. É como o virus HVZ (varicela zoster) que quando somos crianças é responsavel por uma das doenças infantis comuns – a varicela ou catapora. Depois passa a viver dentro de algumas das nossas células e quando idosos ou com diminuição importante da nossa imunidade ele virus torna a causar doença e ressurge sob a forma de um episodio de Herpes Zoster facial ou intercostal ou outra apresentação menos comum”.

Não se angustie… de nada adianta. Temos que aprender a ajudar nossos filhos a vivenciar da melhor forma os problemas que sempre podem existir e que costumam ser mais comuns ou mais percebidos como incomodo importante naquelas pessoas mais “sensíveis”, mais ansiosas, mais angustiadas, menos bem resolvidos emocionalmente. É um caminho longo e árduo… mas que na maioria das vezes independe de um remédio milagroso e sim de aprendizado longo e necessário. A causa orgânica neste momento da vida dela é o menos importante. Creio que ela precisa saber como evitar ou minimizar os sintomas. E saber também que os sintomas (moscas volantes) não estarão sempre presentes. Melhoram com o tempo, com certeza!

Nós mães ansiamos por evitar os males e sofrimentos dos seus filhos, mas depois aprendemos que o melhor é ensiná-los a conviver com eles, se eles já estão presentes. E num segundo momento ensiná-los a buscar uma vida mais saudável. É o que podemos fazer para minimizar eventos futuros que se somam aos já existentes e levam a uma qualidade de vida pior.

Abraços,

Elizabeth

As moscas volantes e os clarões me causam pânico…não consigo ter uma vida normal!

“Desde criança vejo “moscas volantes”, mas de uns dois anos pra cá elas aumentaram muito em numero, e isso ocorre em ambos os olhos! No momento estou muito nervosa, porque vejo clarões nos cantos dos olhos quando aperto o meu globo ocular, ou quando abaixo a cabeça. O ultimo exame oftalmológico que fiz foi ha um ano, e o medico realizou um mapeamento de retina, no qual não foi constatado nada!
Não consigo ter uma vida normal, pois essas sensações me causam enorme pânico!”

Você deve ter lido (se não o fez eu recomendo que leia) os outros posts sobre moscas volantes e flashes no meu outro blog

No consultório, nós oftalmologistas talvez não tenhamos a dimensão exata das dúvidas a respeito e do desconforto e apreensão que causam as moscas volantes e os flashes no publico leigo! As estatísticas do blog mostram que nos vários mecanismos de busca (internet) foram usadas as palavras “moscas volantes” “manchas na visão” e “flashes” ou “clarões” ou “raios luminosos” para pesquisar as queixas mais comuns referentes aos olhos!

Então você e eu não estamos sozinhas! Uma imensidão de pessoas sofre do mesmo mal…

O que as distingue é a informação (que acalma), o controle da ansiedade (nem sempre fácil) e a segurança de um bom acompanhamento por retinólogo com quem desenvolva uma excelente relação profissional (ajuda muito!).

Como disse num comentário a outra internauta:

“Os flashes significam tração retiniana. O DPV parcial pode significar em algumas pessoas tração intermitente. A tração desacompanhada de rotura retiniana ou degeneração periférica retiniana de risco para o descolamento de retina(DR) tem um valor preditivo de desfecho negativo (DR) muito baixo para preocupar você. Até porque não há nada a ser feito além da monitorização através de mapeamentos de retina periódicos. E de preferência por retinologo com quem você mantenha uma relação médico-paciente de excelente qualidade, que permita maior credibilidade da sua parte. A confiança é fator fundamental no tratamento seja qual for a especialidade médica.

Quanto às moscas volantes e o aprendizado cerebral em relação a elas…sei que pode ser muito difícil! Um dos posts no blog citado acima é um relato pessoal da dificuldade em conviver com o resultado de um DPV parcial. Mas, novamente, aqui também não há muito a ser feito (infelizmente). A convivência mais dia ou menos dia terá que ser menos dolorosa e incômoda porque como se diz… ”faz parte!”. Pense que “poderia ser pior!”

Se ainda tiver dúvidas estou à sua disposição.

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