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Dúvidas em Oftalmologia

conversando com o oftalmologista…

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hiperemia ocular

Calázios de repetição e conjuntivite unilateral crônica…

Comentário de uma internauta:

“Fui diagnosticada com conjuntivite em um olho há alguns anos. Soma-se a esse fato, a presença de pequenos calázios em ambos os olhos. Após mais de 5 anos, consultas em vários médicos diferentes e uso de Tobradex, continuo com a conjuntivite, que volta a me incomodar periodicamente com uma ligeira vermelhidão e incômodo. Me sinto desacreditada em relação aos oftalmologistas que consultei, pois nenhum deles parece compreender a persistência do problema e o incômodo gerado por ele. Gostaria de saber como uma conjuntivite pode durar tanto e se existe algum tratamento que poderia ser mais eficaz. Além disso, também gostaria de saber se existe relação entre os calázios e a conjuntivite. Não sei mais o que fazer, me sinto frustrada!”

Calázios de repetição podem estar relacionados a blefarites crônicas em pacientes seborreicos (pele e cabelos oleosos, acneicos na adolescência) ou quando crianças com quadros de impetigo. Os indivíduos alérgicos (principalmente a antígenos bacterianos) melhoram com a dessensibilização (consultar alergo-imunologista). Algumas vezes quando nada melhora, ao se corrigirem defeitos de refração (astigmatismo/ hipermetropia) pequenos e muitas vezes assintomáticos, sobrevém um período longo de remissão dos calázios.

Quanto à conjuntivite unilateral de repetição você deve ser reavaliada, durante a próxima crise, inclusive, se possível, com citologia conjuntival, bacterioscopia e cultura da secreção conjuntival (se houver). Às vezes alguns testes plasmáticos (para clamydia, herpes virus, etc) podem ajudar a identificar a causa da conjuntivite crônica unilateral atípica.

Outras vezes, a presença de mínima disfunção de vias lacrimais ou mesmo a identificação (pelo otorrinolaringologista) de alguma alteração à rinoscopia (p.ex. um pólipo nasal) pode lentificar a drenagem da lágrima através do ducto nasolacrimal ipsilateral (do mesmo lado do olho afetado). Ou mesmo quando existe algum grau de edema da mucosa nasal (gripe,resfriado ou rinite alérgica, p. ex.), no olho que já apresenta algum grau de dificuldade de drenagem da lagrima, essa retenção maior permite que a microbiota local encontre condições de proliferação mais rápida e acentuda.

Esses germes existem naturalmente em vários pontos do organismo, numa relação simbiótica com ele, sem significar (nem levar ao) adoecimento. Em condições normais existe equilíbrio (homeostasia). Quando elas, bactérias se multiplicam mais rapidamente do que o organismo consegue combatê-las, aquele olho “inflama”.

A lágrima é um excelente “caldo de cultura” para o desenvolvimento dos germes. Por isso bebês com alteração das vias lacrimais excretoras podem apresentar frequentemente secreção no canto dos olhos, mesmo quando não apresentam inflamação aguda (dacriocistite aguda), acompanhada dos sinais clínicos clássicos da doença. O lacrimejamento a vermelhidão e a secreção nessas crianças piora sempre que elas ficam gripadas.

E finalmente, tanto calázios quanto conjuntivite crônica podem ter em comum uma possível relação com baixa imunidade local (olho) e/ou sistêmica.

No próximo episódio de conjuntivite (sintomas incômodos e unilaterais), relate seu quadro detalhadamente ao médico como ela surge, qual o primeiro sintoma a incomodar (coceira, pálpebras inchadas, presença de gânglios, próximo à orelha e/ou outros). Tente estabelecer relação com outros eventos (sistêmicos) que possam estar ocorrendo paralelamente aos sintomas oculares e estará ajudando (muito) o seu médico a identificar a causa provável e assim propor a estratégia terapêutica adequada.

Converse com o seu oftalmologista! Tenho certeza de que juntos encontrarão a solução para seus sintomas oculares.

Abs,

Dor ocular unilateral… o que pode ser?

Comentário de uma internauta:

“Estou muito preocupada com meu olho direto, pois esta é a quarta vez que me acontece a mesma coisa. Do nada sinto essa dor… Começa com irritação, o olho fica vermelho, meio fechado e dói muito quando foco alguma coisa. Por exemplo, não consigo olhar no celular, ou coisas pequenas; posso olhar sem sentir dor no geral, mas se focar algo, dá uma fisgada na vista. Dói atrás do olho ou quando olho para baixo ou para direita a dor vai aumentando. Inclusive não posso colocar a mão sobre a vista que dói muito.

Todas as vezes que me aconteceram esses episódios o olho afetado foi sempre o mesmo. Fico uma semana assim… Depois volta ao normal.

Já consultei dois oftalmologistas que me medicaram com colírio “Pred fort” e disseram para eu não me preocupar pois não é nada grave… dizem ainda que eu “imagino” a fisgada…. Isto está me preocupando muito… Gostaria de saber o que fazer, como resolver de vez este problema. Tenho medo de ter complicações maiores. Pesquisei na internet e o que li sobre neurite óptica se assemelha aos sintomas que sinto.

Por favor, aguardo retorno”.

 

 

Você refere dor ocular unilateral com olho vermelho (hiperemia) e “meio fechado” (diminuição da fenda palpebral). A dor piora com o uso da acomodação (foco para perto, em caracteres pequenos, como você referiu) e com a movimentação dos olhos.

Somente os sintomas não definem a etiologia (causa) da dor uma vez que falta informação sobre os achados oftalmológicos (sinais clínicos) para excluir algumas possibilidades e apontar uma ou mais hipóteses diagnosticas. Além disso, mais dados sobre a história da doença atual devem ser avaliados para ajudar a elucidar a provável causa.

Primeiramente devem ser afastadas as causas oftalmológicas (ceratite, uveite, esclerite (anterior e/ou posterior), hipertensão ocular transitória, trocleite (inflamação da tróclea, no canto interno da orbita,por onde passa um músculo chamado obliquo superior), espasmo de acomodação. Pelo caráter paroxístico e transitório e na ausência de outros sintomas, principalmente diminuição da acuidade visual  (e não apenas dor ao fixar a visão,como você refere) a neurite óptica não seria uma das hipóteses iniciais. Mas, novamente, faltam dados de exame clinico.

A oftalmodinia periódica não é tão incomum. Ainda não se conhece a causa, embora possa estar relacionada com diminuição (passageira) da oxigenação local(olho).

Existem causas não oftalmológicas para dor ocular unilateral intermitente. Um tipo de dor referida, isto é, que não tem origem no olho, mas o sintoma é ocular!

Um bom neurologista ou neuro-oftalmologista pode ser de ajuda também: hemicranias paroxísticas podem cursar com hiperemia ocular e alteração da pálpebra, além de outros sinais.

 

Em suma, você deve ser examinada em plena crise para que possa ser feito um exame direcionado e com isso facilitar a construção de um raciocínio clínico preciso na tentativa de elucidação diagnóstica.

 

Converse com seu oftalmologista!  Procure o medico assim que começar o próximo episódio de vermelhidão e dor ocular. Coloque suas dúvidas e apreensões. Tenho certeza que você ficará bem!

 

Abs,

 

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