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Oftalmologia para leigos

conversando com o oftalmologista…

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doença

O médico, o paciente e a ansiedade do diagnóstico precoce!

Acertando mais ou errando menos?
Será que a ansiedade, tanto do médico quanto do paciente é benéfica ou atrapalha mais do que ajuda?

“Recentemente fiz alguns exames para afastar ou não o diagnóstico de glaucoma. Ainda vou saber os resultados. Espero que a médica seja precisa”…disse uma internauta em comentário a um texto no blog.

O texto é “Entendendo o glaucoma” e relata a dificuldade do diagnóstico fidedigno e a importância da assertividade dele, diagnostico, na evolução da doença e na saúde ocular futura do doente. Não deve haver tanta pressa no diagnóstico! Deve-se priorizar a ratificação dele por meio de monitorização clinica seqüencial em vez de, por causa da ansiedade do paciente e do médico, iniciar um tratamento “preventivo” (que de preventivo não tem nada..é tratamento e ponto final). Uma intervenção precoce que muitas vezes não é benéfica para o paciente, principalmente no longo prazo.

Melhor é ter paciência, sempre: devagar se vai ao longe, não é mesmo?

Além do mais, em doenças crônicas degenerativas como o glaucoma, o tempo está a nosso favor! Exceções existem claro. Mas cabe ao médico identificá-las e ser o mais honesto possível com cada paciente.
Cada caso é um caso, é sempre bom lembrar!

Em Medicina não existe certeza absoluta. A arte de curar não é uma ciência exata como a Matemática. Nós médicos bem que gostaríamos que fosse tão mais “fácil”! Mas não existe receita de bolo na prática clínica diária.

Cada paciente é único em sua individualidade bioquímica. E conseqüentemente na forma de apresentação da doença, no desenvolvimento de sintomas e na resposta terapêutica.

E isso é um processo dinâmico: muda a cada fase da vida do individuo.

Na relação médico-paciente nós identificamos o perfil de cada um e, na maioria das vezes, somos capazes de dar a cada um o que ele precisa, visando o entendimento possível do processo de adoecimento e a manutenção (sem estresse) do equilíbrio a ser alcançado para frear a progressão da doença.

A cada um dizemos o que ele pode entender (e ouvir). Como no dito popular, “ninguém carrega uma cruz maior do que a que pode suportar”. E isso deve fazer parte do oficio do médico: entender (e aprender a conhecer) cada paciente e dar a ele o que ele precisa (do ponto de vista físico, mental e emocional).

A Medicina pode ser muito gratificante!

E mais ainda, dá ao médico a oportunidade de experimentar o prazer que é poder contribuir para o bem estar do outro. Dito assim pode soar piegas, mas a Medicina é uma profissão que claramente ajuda o médico: ela facilita a imersão concreta no autoconhecimento, na dimensão espiritual do ser e como dizia o pai da Homeopatia, Samuel Hahnemman, ajuda o individuo a identificar e alcançar “os mais altos fins de sua existência”.

Alergia ocular… o que fazer?

“Tenho uma filha de sete anos que tem uma coceira nos olhos pra valer mas apenas quando está dormindo (não imediatamente, mais ou menos duas horas depois). Até agora todos os colírio usados (entre eles antiinflamatórios, corticóides, antialérgicos, lubrificantes) não resolveram. Os olhos amanhecem inchados e vermelhos, mas logo a vermelhidão some. Já foi dito que poderia ser conjuntivite alérgica crônica e que por volta dos 12 anos deve normalizar, Mas ela ainda tem sete anos! Já usou duas marcas de anti-histamicos, ja fez dosagem de IgE, etc. E nada; mas até agora nenhum pediu um exame diferente… a não ser a medida da pressão de do grau… O que me aconselha por favor me ajude, ela só coça enquanto está dormindo; e se ela dormir durante o dia não coça, somente à noite. Um dos oftalmologistas disse que pode ser ceratocone, mas disse para continuar com os colírios, sendo que todos os colírios quando usados por tempo prolongado têm efeitos críticos no futuro!
Esqueci de informar que aos onze meses e depois aos quatro anos (deste episodio ficou uma cicatriz) ela teve dois incidentes oculares (emergências) por traumas leves e desde então ela sempre teve coceira. Ou seja, ela sempre vem usando colírios, pra controlar as coceiras e inflamações. E há quatro meses (praia) a coceira voltou, pra valer e de lá para cá todas as noites. Não estou mais dando conta… já pensei que pode ter sido o protetor solar, bactérias (piscina), outras alergias (já tomei várias precauções aqui em casa e nada). Ás vezes acho que tem a ver com a cicatriz no olho dela…”

A conjuntivite alérgica, mais corretamente chamada de alergia ocular, caracteriza-se pelo prurido (coceira) e pela observação de reação conjuntival papilar. São varias as formas de apresentação da alergia nos olhos. Uma forma mais branda é a sazonal, quando os sintomas pioram ou surgem apenas quando o individuo é exposto ao alérgeno responsável pela crise. Parece ser mais freqüente quando coexiste historia de outra forma de alergia (não ocular) como asma, rinite ou dermatite.
Os sinais clínicos devem ser bem reconhecidos. Deve-se buscar ativamente e afastar presença de sinalizadores de gravidade da doença como alteração importante da superfície ocular, comprometimento anatômico e topográfico corneano, pálpebras superiores anatomicamente alteradas.

Ela tem outras manifestações de alergia?

A princípio o prurido (coceira) é associado à reação alérgica. Mas o prurido sem causa aparente e descartado o ressecamento ocular, pode ser psicogênico.

Uma dermatologista lembra o fato curioso de algumas de alguns indivíduos com dermatite irem dormir sem urticária e acordarem, no meio da noite ou pela manhã, coçando-se e cheios de placas. Esse fato indicaria uma provável origem emocional. Durante o repouso físico, a mente traz as imagens do que foi vivido durante no dia a dia. Isso serviria para diminuir a tensão, trabalhando os conflitos a nível inconsciente, segundo os psicólogos.

Vamos partir do princípio de que a sua filha seja atópica.O tipo de pessoa que reage de forma diferente a estímulos das mais variadas origens: alimentares, ambientais, emocionais… e o órgão alvo, hoje, é o olho. Amanhã pode ser a pele, ou as vias aéreas superiores, por exemplo.

Com o diagnostico clinico confirmado (alergia ocular),resta buscar o alergeno responsável. Às vezes é mais de um.

Você pode ajudar os médicos a ajudar sua filha se reduzir a sua ansiedade em relação ao problema (sei que é difícil…). Tente recomeçar do zero, do ponto de partida. Sugiro evocar a memória em relação aos últimos cinco meses. Sim, um mês a mais do que o tempo de inicio dos sintomas. Aí então se esforce para lembrar cada detalhe: mudança de escola, separação dos pais, perda de algum animal de estimação ou pessoa muito querida de seu convívio íntimo. Depois passe para o ambiente em que ela vive (clima, obras, mudanças de decoração,algum presente de aniversario do qual ela não desgruda desde então,um bichinho de pelúcia ou qualquer outro objeto). Mudança de hábitos alimentares para pior (alimentos com corantes) ou para melhor (mesmo que você ou o pediatra/nutricionista tenham introduzido por achar melhor para a saúde). Troca de xampu, de sabonete, lençóis ou colchas de tecido diferente, mudança de sabão em pó ou amaciante ou alvejante (alguns alérgicos têm “hipersensibilidade” à aloe vera).

Ela usa algum remédio (oral ou tópico) antes de dormir? Há quanto tempo? A bula faz alguma referencia a prurido ocular ou alergia? Mesmo que seja medicação que já vinha sendo usada por muito tempo… alergias cruzadas existem ou ainda, com o tempo, as sensibilizações podem acontecer.

Avalie tudo e qualquer coisa em que possa pensar! E já advirto que, por experiência clinica, a primeira resposta que vem à cabeça dos pais e/ou cuidadores é que nada mudou, tudo continua do mesmo jeito. Mas, se isso fosse verdade não teria havido piora da alergia. Algo “engatilhou” a crise (causa alérgica, psicogênica ou ambas, provavelmente).

Pense bem e com calma. Com esse inventário feito, comece a fazer as mudanças necessárias, uma de cada vez (tentativa e erro, esse é um método). Outra forma seria fazer testes cutâneos (patch, intradermico ou prick test ) ou o no sangue (RAST), mais caro e menos sensível do que os primeiros. Mas nem todos os alergenos estão disponíveis para serem testados dessa forma; às vezes, depois de muito buscar, com testes negativos ou inconclusivos, identificamos algo que estava bem à nossa frente e que deixamos de perceber, como sendo potencial alérgeno. Tudo e qualquer coisa pode sensibilizar um alérgico!

Inconclusiva a busca?Vamos ao lado prático: se a coceira é apenas à noite e se não existe comprometimento ocular grave, o anti-histamínico oral ao deitar resolveria o sintoma (por um tempo bastante limitado até se encontrar o possivel alergeno ou a causa)e minimizaria os riscos futuros representados pelo uso de medicação (mesmo tópica) à base de corticóide, alem de vários outros colírios. Quase toda medicação tópica (colírio) tem conservante (para preservar a substancia base). Se a medicação será usada por tempo prolongado e indefinido a lesão (maior ou menor) à superfície ocular existirá. O melhor seria poder evitá-los. O anti-histaminico oral também ajuda a ressecar o olho e, circulo vicioso, pode aumentar o prurido. Converse com o oftalmologista e o alergista dela. Eles poderão ajudá-la a minimizar os efeitos a longo prazo e pensar numa forma de reduzir a posologia ao mínimo possível capaz de eliminar os sintomas.

Às vezes a resposta está bem à frente dos nossos olhos, tão perto que não somos capazes de ver!

Por último, gostaria de lembrar que o ambiente virtual não deve ser de forma alguma usado para tratar ou diagnosticar qualquer doença. Ele serve apenas para ajudar a entender o adoecimento. A consulta presencial, o exame clinico , a coleta da historia da doença e dos antecedentes, a observação do doente em seu meio familiar, os exames complementares além de uma eficiente relação médico-paciente são insubstituíveis!

E não existem remédios milagrosos,não existe “receita de bolo” no cuidado médico. Existem drogas ideais para cada individuo, usadas no momento certo, na dose adequada e que,mesmo assim, às vezes, para desespero do médico e da família, não eliminam as queixas. É nesse momento que devemos olhar a questão sob novo prisma (pelo menos tentar) e retomar o caso, passo a passo, desde o inicio. A solução virá, tenho certeza! Não que todas as doenças tenham cura…mas podemos sempre melhorar a vida do individuo (e de seus familiares), de alguma forma.

Espero ter ajudado!

Abs,

Elizabeth

Para conhecer mais sobre alergia acesse http://www.blogdaalergia.com.br

PS: Quanto à cicatriz,ela pode aumentar o ressecamento do olho na medida em que o filme lacrimal não se distribui homogeneamente quando existem irregularides na superficie do olho. Mas nesse caso a criança coçaria muito mais esse olho do que o contra-lateral. Outro ponto não abordado foi pesquisa de ectoparasitas na base dos cilios, que se presente pode levar à coceira intensa e principalmente à noite (na inatividade do individuo e no calor da cama).

Tratamento de descolamento de retina e desfecho negativo…e agora?

Post em resposta a dúvida de internauta (email enviado para duvidasemoftalmologia@gmail.com):

Resumindo, meu marido fez a cirurgia para descolamento de retina,mas na consulta de retorno após uma semana,foi constatado que a retina ainda estava descolada. Após mais duas cirurgias e posteriormente uma cirurgia de catarata ele perdeu a visão desse olho. Já passamos por seis retinologos renomados e respeitados por seus excelentes trabalhos porem nenhum quer acompanhar o nosso caso…

O especialista em retina faz diagnósticos e sugere tratamento, quando ele é necessário e possível. Se a retina do paciente está colada, se a catarata (secundarismo da cirurgia de descolamento de retina)já foi operada, se não existe nenhum outro procedimento oftalmológico a ser realizado que possa mudar a acuidade visual final então os retinologos consultados não têm o que fazer.

Em todas as matérias que leio vejo que a visão não volta como era antes e às vezes nem volta.

Você tem razão. O que você leu corresponde à realidade. Os procedimentos cirúrgicos para tratamento do descolamento de retina têm dois objetivos principais: o primeiro, a restauração da anatomia retiniana (reposicionamento da retina em seu leito natural) e o segundo ,que é a melhora da acuidade visual que vai depender do tempo que a retina ficou descolada, do tipo de lesão primária e do sucesso da reposição anatomica da retina. O sucesso da primeira abordagem (reposição da retina em sitio anatômico) não necessariamente conduz ao sucesso funcional, ou seja, visual (segundo objetivo).

Alguem pode me ajudar ?

Às vezes existe ruído de comunicação entre médico e paciente. E a culpa, na maioria das vezes não é de um nem de outro.A maior dificuldade está em informar ao paciente da irreversibilidade da sua condição; e receber a noticia também. São várias as fases do processo de conseguir sobreviver à perda visual, mesmo unilateral: a negação e o luto/depressão são duas fases importantes. E o individuo precisa de tempo para vivenciar a perda da forma menos negativa e traumática possivel. Os dois lados (médico e paciente) não se sentem confortáveis e a comunicação se perde: o uso do jargão médico e a dificuldade de lidar com a dor do paciente pesam no caso do médico; e a dificuldade de entender (e/ou aceitar) por parte do paciente. Ambas as situações alteram a comunicação entre eles. Se vários especialistas já foram ouvidos, não sei a que atribuir a dificuldade aqui colocada.

O que pode ter causado este descolamento da retina?

Ele, DR,não aconteceu do nada. Já existia algum tipo de acometimento da retina periférica (degeneração de risco para DR) ou alguma tração vítrea provocada por infecção ocular antiga ou recente, mesmo assintomática. Por isso devemos fazer rotineiramente exame oftalmológico e, em alguns casos, seja por queixas visuais inespecíficas (às vezes não mencionadas pelos pacientes, a não ser quando questionados a respeito) o mapeamento de retina complementa a consulta para confirmar a ausência de risco oftalmológico imediato, principalmente em indivíduos que costumam praticar esportes de risco (luta, esportes radicais,etc).

O movimento de levantar e abaixar pode ter causado isso ?

Como coadjuvante sim, mas apenas se já havia lesão de risco para descolamento de retina. Sinais e sintomas prévios mais comuns são: sensação de moscas volantes, teias de aranha no campo visual, “pontos luminosos ou flashes na visão” principalmente no escuro, entre outros. Para evitar traumas agudos à retina devemos fazer exames anuais ou em intervalo inferior caso surjam sintomas de qualquer natureza.

Meu marido tem 35 anos, não esta enxergando e está sem emprego…

Quanto ao aspecto trabalhista, superficialmente abordado por você, o foro deve ser outro: a vara de direito trabalhista. Apesar de ter que lidar, infelizmente, com a perda da visão que acontece quando falham as tentativas de sucesso terapêutico, nós médicos não conhecemos em profundidade a ajuda cabível aos pacientes que passam a apresentar déficit visual. Mas creio que o termo é válido apenas em caso de baixa ou baixíssima visão nos dois olhos e não no caso de monocularidade. De qualquer forma a reabilitação visual é possível para minimizar efeitos negativos da perda da visão de profundidade (estereopsia),por ser agora monocular. E a readaptação funcional visa adestrar o individuo possibilitando o desenvolvimento de novas habilidades, muitas vezes na mesma área de trabalho de antes da doença.

Espero ter ajudado.

Abs,

A hipertensão ocular de hoje será o glaucoma de amanhã?

Resposta a dúvida de internauta a respeito de ser portador de hipertensão ocular ou glaucoma:

“Tenho 23 anos recém completados. Faço os exames de rotina e no dia 15/02 foi constatada a pressão alta (26 mmHg). Comecei a usar o Timoptol 0,5% 2 vezes ao dia por 2 meses. Nesse tempo, procurei um ótimo especialista, que me passou uma série de exames (OCT, retinografia, campimetria computadorizada, curva tensional diária e paquimetria).
Todos deram resultados normais, menos a curva tensional diária: No olho direito a pressão começa nos 28 mmHg às 8:20 e cai até 23 mmHg às 17 hrs. No olho esquerdo a pressão começa nos 25 mmHg às 8:20 e cai até 19 mmHh às 17hrs. Ele me disse que tenho hipertensão ocular, mas que acha bem provável que eu desenvolva o glaucoma em um período de 10 anos, caso eu não faça tratamento. Ele me receitou o colírio Xalatan, que vou começar a pingar hoje às 22 horas.
Eu perguntei a ele se a espessura da córnea pode influenciar na medição feita pelo tonômetro, ele disse que não. Mas na internet vejo que há artigos que dizem isso. Tenho espessura corneana de 594 no olho direito e 595 no olho esquerdo.

Estou muito nervoso com essa situação e com medo. Não quero ter glaucoma ou ficar cego. Isso já está afetando meu andamento nos estudos e a minha vida pessoal.

É mesmo bem provável que eu tenha glaucoma?”

As propriedades biomecânicas da córnea (incluindo histerese e fator de resistência) fazem com que a medida da PIO (pressão intra-ocular) pela tonometria de aplanação (medida padrão nos consultórios) identifique valores mais altos. Diferentes daqueles obtidos, por exemplo, se inseríssemos um transdutor conectado a uma cânula na camara anterior do olho (medida direta da PIO).

Por isso, outras formas de avaliar a PIO estão sendo analisadas para, num futuro próximo, constituírem uma forma mais fidedigna de aferição da pressão intra-ocular na prática clinica diária (consultórios). No dia a dia ainda usamos tabelas de correção para melhor avaliar a PIO, correlacionando-a com a espessura central corneana. Embora ainda não seja o melhor método é o que fazemos hoje.

Mas, mesmo com o fator de correção corneano, a sua pressão não estaria abaixo de 21mmHg. Ainda assim você seria classificado como um hipertenso ocular. E segundo o OHTS (um estudo que avaliou que o risco de hipertensos oculares medicados preventivamente se converterem em glaucomatosos era reduzido em 50% em relação aos não tratados),considera-se que quanto mais alta a pressão intra-ocular, quanto menor a espessura corneana, quanto maior (e mais verticalizada) a escavação do nervo óptico e quanto mais jovem o indivíduo, mais cedo o tratamento deve ser iniciado.

O beneficio será maior que o risco (e/ou custo) quando alguns sinais indicativos de maior probabilidade de conversão para glaucoma estiverem presentes. Como por exemplo, a presença de historia familiar (em parentes de primeiro grau) de glaucoma crônico de ângulo aberto.

Estudos têm sugerido efeito protetor dos ácidos graxos (omega 3) em oposição ao aspecto negativo associado ao hábito de fumar e exposição profissional a pesticidas (estudos preliminares).

A decisão de medicar depende da expectativa de vida, das condições gerais de saúde do indivíduo e do numero de fatores de risco: o consenso tem determinado que quanto mais jovem o indivíduo, em presença de doenças sistêmicas e quando existir maior número de fatores de risco para o glaucoma, mais cedo se deve instituir medicação hipotensora ocular.

É uma decisão difícil e que deve ser dividida com o paciente e seus familiares. A minha opção tem sido o tratamento precoce apenas daqueles indivíduos hipertensos oculares de alto risco. Discutir os efeitos colaterais (a curto e longo prazo) dos hipotensores oculares e avaliar o nível de entendimento do paciente a respeito do que foi dito são fatores relevantes na decisão final de tratar ou não tratar em curto prazo.

A monitorização cuidadosa e freqüente, ao longo dos cinco primeiros anos a partir do diagnóstico da hipertensão ocular é uma possibilidade que não deve ser descartada em favor da medicação imediata. A estratificação de risco recalculada sistematicamente – baseada na progressão do aspecto do nervo óptico (estéreo-foto), do aumento da PIO em relação aos valores iniciais, da observação da flutuação da pressão intra-ocular e /ou do surgimento de doença vascular associada – indicaria o momento de iniciar a medicação. Esta seria outra leitura possível da equação “hipertensão ocular x glaucoma”. Mas um risco que a quase totalidade dos oftalmologistas prefere não correr. E estão embasados nos estudos existentes que deram origem às diretrizes atuais.

Estudos futuros nos orientarão quanto à atitude mais acertada em relação ao hipertenso ocular. Por ora, medicamos preventivamente, embora sempre caiba a dúvida. Alguns de nós dizemos que não se medica um resultado de exame ou uma estatística e sim um doente. Quando e por que a hipertensão se converte em doença e se cabem estratégias não medicamentosas são perguntas que precisam ser respondidas logo para que possamos ser mais coerentes, mais assertivos e menos intervencionistas em nossa prática clinica.

Quanto a não querer ter glaucoma, acho que ninguem quer um diagnostico de doença cronica,não é? Mas somos um conjunto de proteinas agrupadas de forma única (cada um de nós) e muitas vezes aleatória (genes). Não depende de nós os riscos que vamos correr. Mas uma vez que tomamos consciencia deles, com certeza temos a capacidade e o poder de minimizá-los e na maioria das vezes ajudar a evitar o adoecimento,sim!

E a respeito do medo de ficar cego,eu posso dizer a voce que se bem administrada essa sua desvantagem (pressão intra-ocular elevada) e se o seu comprometimento com as soluções possiveis for total,não precisa se preocupar com nada além de levar uma vida saudável em todos os sentidos (inclusive emocional).

Não tenha medo dos diagnósticos. Quanto mais voce souber sobre saúde e doença, mais voce pode contribuir para um desfecho positivo. Não desanime! A ansiedade e o medo da doença são fatores negativos! Não ajudarão voce em nenhum momento! Preocupe-se com o que voce pode (e deve) fazer a respeito.

Sua relação com o seu oftalmologista sim, será decisiva no comprometimento de ambos com sua saude ocular!

Espero ter ajudado!

Infiltrados corneanos na conjuntivite adenoviral…

“Há cerca de três anos tive uma inflamação nos olhos e ao procurar o oftalmologista, ele disse se tratar de uma conjuntivite viral causada por adenovírus. Na época apresentei os seguintes sintomas: olhos vermelhos, edema das pálpebras, gânglios próximo a orelha, dores intensas nos olhos. Passados alguns dias, constatei que a minha visão estava “embaçada” e por isso retornei ao médico. Ele então me receitou Florate. Porém, finalizado o tratamento, os sintomas voltaram a aparecer e procurei outro médico que me receitou Predmild.

Pouco tempo após o fim do tratamento a visão voltou a ficar ruim. Marquei nova consulta e passei a fazer tratamento utilizando a pomada Tacrolimus. O fato é que ao longo desses três anos, os sintomas voltaram a aparecer diversas vezes (mais ou menos nove vezes), e passei a sentir insegurança e achar que talvez eu tenha outra doença que justifique o aparecimento dos infiltrados na minha córnea. Lembro que na época que tive a primeira manifestação da doença eu estava com herpes na região da boca (perguntei para a médica se podia ser herpes ocular, mas ela disse que aparentemente não, pois não havia vesículas).

Existe possibilidade de ser herpes ou outra doença?

Quais as possíveis explicações para a doença ter voltado a se manifestar tantas vezes?”

A doença herpética corneana costuma evoluir de forma bem diferente (bem documentada e exaustivamente estudada). Costuma seguir padrões específicos. Apenas o primeiro episódio da doença herpetica pode simular uma conjuntivite viral (por adenovirus).

A conjuntivite adenoviral pode formar membranas conjuntivais (palpebrais) e reação epitelial corneana importante. Alguns pacientes evoluem bem, mas em outros indivíduos,quando os sintomas da conjuntivite desaparecem, a visão fica borrada devido aos infiltrados sub-epiteliais corneanos que indicam a segunda fase da doença. Quando os infiltrados são centrais e prejudicam de forma importante a visão, colírios corticosteróides são prescritos. Em alguns pacientes a retirada da medicação, mesmo sendo feita de forma lenta, resulta no retorno da sintomatologia. São os casos refratários (não à medicação, mas à sua retirada!).

Muitas vezes na fase crônica da doença adenoviral apenas o uso de colírio de ciclosporina A parece acelerar (e manter por tempo prolongado) a regressão dos infiltrados sub-epiteliais.

Você pergunta o porquê das recidivas…nós médicos não sabemos com certeza o que diferencia a evolução nos vários indivíduos. A imunidade com certeza é um fator (imunodepressão ou positividade para qualquer doença auto-imune). A coexistência de hipoparatireoidismo, episódios repetidos de candidiase ,alergia respiratória e/ou de pele ou historia prévia de cirurgia refrativa parecem estar relacionados em alguns outros casos.

Procure conversar com seu oftalmologista e avaliar a melhor conduta terapêutica no seu caso.

Moscas volantes em crianças…

Este post foi escrito em esclarecimento a uma internauta. Vou ao longo do texto pontuando (sem negrito) algumas observações.

“Minha filha tem 13 anos de idade. Sempre consultou oftalmologista, desde pequena, uma vez por ano. Usa óculos (0,25) “para descanso”. Há dois meses está vendo moscas volantes e “cobrinhas transparentes“.
Causas importantes e que necessitam tratamento imediato e/ou outro tipo de intervenção já foram descartadas através do mapeamento, da US e da angiofluoresceinografia que não mostraram qualquer processo inflamatório-infeccioso.

Achei teu blog, em uma das minhas mil pesquisas à internet sobre o assunto. Estou muito preocupada, com medo de que isso nunca mais vá sumir ou que piore..
O descolamento do vítreo anterior e/ou posterior,a liquefação e/ou sinerese vítrea não são reversíveis.No máximo os sinais e sintomas podem ser minimizados através conduta cirúrgica que eu não me atreveria a indicar.Pelo menos não neste contexto atual.

Ela já consultou três oftalmologistas. Foi agendada uma angiografia para descartar qualquer possibilidade de algo “errado”. Já dilatou a pupila duas vezes e nada apareceu de descolamento e/ou ruptura da retina. Não houve nenhum episodio diferente que pudesse justificar o sintoma.

Sempre existe um antecedente.Apenas não somos capazes de lembrar ate por se tratar na maioria das vezes de situações cotidianas comuns (uma gripe, um resfriado seguido de uma vitreite discreta e pouco ou nada sintomática, mas que meses depois após cavitação intensa do vítreo seguida de descolamento -na maioria das vezes- levam aos sintomas).

Sempre ao entardecer melhora. O que também acontece em ambientes com luz indireta, artificial, ao contrario da luz natural (claridade da rua).
Este fato é referencia comum em relação às moscas volantes e os vários outros tipos de floaters ou fibrilas de vítreo condensado.Eu mesma prefiro ambientes mais escuros e por algum tempo mantive (após DPV agudo) o consultório na penumbra e evitei fazer atendimentos pela manhã.

Durante quase dois meses se queixava, ficava irritada, nervosa, mas ia levando, aparentemente, bem. Com o reinício das aulas piorou. O médico diz que é a concentração na figura do professor, no quadro, na folha de papel… Ela adora ler, mas enxerga as moscas “voando” na frente do texto.

Além do estresse do convívio social escolar e da relação professor-aluno, se ela estudar no turno da manhã os sintomas estarão intensificados.

Não sei se é importante, mas ela iniciou uso de anticoncepcional (por indicação médica e em caráter experimental) há três meses. SOP (sindrome dos ovários policísticos)? Vem utilizando também antiinflamatório (Feldene) para as cólicas menstruais que são muito intensas. Insisti tanto, que o médico vai solicitar um exame de toxoplasmose, embora Ele já tenha dito que não existe indicação para tal.

Mesmo que ela seja positiva para toxolasmose (IGG e não IGM) não significa que ela tenha tido manifestação oftalmológica (que é bem clássica e deixa cicatriz corioretiniana) e portanto não existe nenhuma indicação de tratamento. Um indivíduo soropositivo para toxoplamose (boa parcela da nossa população) pode nunca ter manifestação de doença oftalmológica. Além disso, o tratamento consiste em matar o parasita quando ele está na livre na corrente sanguinea e oferece risco;mas quando encistado (forma de vida durante quase todo o tempo em que ele habita o nosso corpo, numa espécie de simbiose conosco), não há o que fazer. É como o virus HVZ (varicela zoster) que quando somos crianças é responsavel por uma das doenças infantis comuns – a varicela ou catapora. Depois passa a viver dentro de algumas das nossas células e quando idosos ou com diminuição importante da nossa imunidade ele virus torna a causar doença e ressurge sob a forma de um episodio de Herpes Zoster facial ou intercostal ou outra apresentação menos comum”.

Não se angustie… de nada adianta. Temos que aprender a ajudar nossos filhos a vivenciar da melhor forma os problemas que sempre podem existir e que costumam ser mais comuns ou mais percebidos como incomodo importante naquelas pessoas mais “sensíveis”, mais ansiosas, mais angustiadas, menos bem resolvidos emocionalmente. É um caminho longo e árduo… mas que na maioria das vezes independe de um remédio milagroso e sim de aprendizado longo e necessário. A causa orgânica neste momento da vida dela é o menos importante. Creio que ela precisa saber como evitar ou minimizar os sintomas. E saber também que os sintomas (moscas volantes) não estarão sempre presentes. Melhoram com o tempo, com certeza!

Nós mães ansiamos por evitar os males e sofrimentos dos seus filhos, mas depois aprendemos que o melhor é ensiná-los a conviver com eles, se eles já estão presentes. E num segundo momento ensiná-los a buscar uma vida mais saudável. É o que podemos fazer para minimizar eventos futuros que se somam aos já existentes e levam a uma qualidade de vida pior.

Abraços,

Elizabeth

As moscas volantes e os clarões me causam pânico…não consigo ter uma vida normal!

“Desde criança vejo “moscas volantes”, mas de uns dois anos pra cá elas aumentaram muito em numero, e isso ocorre em ambos os olhos! No momento estou muito nervosa, porque vejo clarões nos cantos dos olhos quando aperto o meu globo ocular, ou quando abaixo a cabeça. O ultimo exame oftalmológico que fiz foi ha um ano, e o medico realizou um mapeamento de retina, no qual não foi constatado nada!
Não consigo ter uma vida normal, pois essas sensações me causam enorme pânico!”

Você deve ter lido (se não o fez eu recomendo que leia) os outros posts sobre moscas volantes e flashes no meu outro blog

No consultório, nós oftalmologistas talvez não tenhamos a dimensão exata das dúvidas a respeito e do desconforto e apreensão que causam as moscas volantes e os flashes no publico leigo! As estatísticas do blog mostram que nos vários mecanismos de busca (internet) foram usadas as palavras “moscas volantes” “manchas na visão” e “flashes” ou “clarões” ou “raios luminosos” para pesquisar as queixas mais comuns referentes aos olhos!

Então você e eu não estamos sozinhas! Uma imensidão de pessoas sofre do mesmo mal…

O que as distingue é a informação (que acalma), o controle da ansiedade (nem sempre fácil) e a segurança de um bom acompanhamento por retinólogo com quem desenvolva uma excelente relação profissional (ajuda muito!).

Como disse num comentário a outra internauta:

“Os flashes significam tração retiniana. O DPV parcial pode significar em algumas pessoas tração intermitente. A tração desacompanhada de rotura retiniana ou degeneração periférica retiniana de risco para o descolamento de retina(DR) tem um valor preditivo de desfecho negativo (DR) muito baixo para preocupar você. Até porque não há nada a ser feito além da monitorização através de mapeamentos de retina periódicos. E de preferência por retinologo com quem você mantenha uma relação médico-paciente de excelente qualidade, que permita maior credibilidade da sua parte. A confiança é fator fundamental no tratamento seja qual for a especialidade médica.

Quanto às moscas volantes e o aprendizado cerebral em relação a elas…sei que pode ser muito difícil! Um dos posts no blog citado acima é um relato pessoal da dificuldade em conviver com o resultado de um DPV parcial. Mas, novamente, aqui também não há muito a ser feito (infelizmente). A convivência mais dia ou menos dia terá que ser menos dolorosa e incômoda porque como se diz… ”faz parte!”. Pense que “poderia ser pior!”

Se ainda tiver dúvidas estou à sua disposição.

Estou angustiada…tenho glaucoma? O que fazer para ter certeza?

…Porém a médica quando fez o exame de fundo de olho observou uma escavação no nervo óptico e me questionou se eu tinha alguém na família com Glaucoma. Fiquei desesperada pois não tenho ninguém da minha família com essa doença e tenho apenas 30 anos.Ela pediu que eu fizesse uma campimetria e uma retinografia.A campimetria deu normal porém a retinografia deu uma escavação de 0,5 no olho D e 0,4 no OE e mais nenhuma alteração. A pressão do meu olho também esta normal.Levei o resultado para a médica e ela me disse que está tudo normal que eu tenho que voltar à consulta só daqui a um ano.Estou angustiada! Um ano sem nenhum tratamento… e se for glaucoma bem no inicio e se essa escavação aumentar! Um ano pode ser muito tempo! Me esclareça isso.Teria outro exame que eu possa fazer fora os que eu já fiz que possam diagnosticar o glaucoma bem no inicio?

Quanto ao glaucoma, vamos esquecer um pouco a doença em si e falar sobre estatísticas médicas e prevenção, ok?

Nós médicos cumprimos o nosso papel quando ao analisarmos cada individuo, observamos todos os fatores de risco pertinentes a cada doença degenerativa (que acontece mais freqüentemente com o passar dos anos, no envelhecimento do organismo) conhecida e/ou mais comum. Com certeza é isso que se espera de nós. Até para podermos orientar o paciente no sentido de como evitar ou retardar aquele processo mais comumente visto em outras pessoas como ele (ou melhor, com aquelas características -ou sinais- que estatisticamente são mais prevalentes, mais comuns nos portadores das doenças analisadas).

A idéia não é gerar pânico! Pelo contrário… é ajudar.

Mas como muitas vezes nos atemos à investigação (propedêutica) médica e nos esquecemos de inserir a informação no contexto em que ela deve ser analisada, vocês, pacientes, ficam com mais dúvidas do que tinham antes da consulta e por vezes, amedrontados. O medo é o pior inimigo da prevenção porque ele gera ansiedade, que por sua vez aumenta o risco do adoecimento (ansiedade é pró-inflamatória e hoje sabemos que o “estado inflamatório do organismo” é a base do adoecimento desde a esclerose vascular até o câncer).

Saber que somos portadores de alguns fatores de risco para determinadas doenças deve servir como alerta e despertar em nós a vontade de conhecer mais a respeito de como retardar ou evitar o aumento do risco, através de intervenções permanentes no estilo de vida de cada um. Se eu fosse você pensaria em como reduzir meu risco por exemplo aumentando a atividade física, me informando como evitar a doença vascular (parceira do glaucoma) e a ansiedade exagerada.

Hoje o determinismo genético foi substituído pela consciência de que não apenas os gens (no seu caso o tipo de nervo óptico) definem o adoecer ou não. Os fatores ambientais externos e internos (qualidade de vida de cada um) têm uma grande parcela na prevenção ou aceleração das doenças.

Além do mais, os exames definem a existência da doença, mas o intervalo entre saúde e doença é maior do que podemos supor e é aí que perdemos tempo analisando apenas a presença definida e irrefutável da doença, quando poderíamos tê-la retardado ou evitado com medidas para contrabalançar o quesito negativo e transformá-lo apenas no que é em realidade: um único fator de risco em meio a vários outros e que pode ser minimizado através de muitas outras intervenções. O bom senso é sempre o caminho do meio: o equilibrio.

Fazer exames para ter um diagnóstico precoce, sim. Mas principalmente entender e fazer o que for preciso para evitar a doença.

A campimetria e a retinografia solicitados pelo seu médico têm o objetivo de estabelecer um parâmetro basal para futuras comparações que servirão para identificação do momento em que se confirma a doença (através de mudanças nos exames). Mas não significa que necessariamente você terá este diagnostico. E lembre-se: um único exame não faz diagnostico nenhum, não existe exame melhor ou mais sofisticado. O conjunto de informações dos vários exames disponíveis (campo visual, avaliação do nervo óptico e retinografia, PIO, curva tensional diária, teste de sobrecarga hídrica e exames de imagem do nervo -HRT e/ou OCT) é que esclarece se existe ou não doença. Não se medica um individuo porque o campo visual ou o OCT mostra alguma alteração. O acompanhamento é a única forma de o médico ter certeza de que você precisa de tratamento ou não.

Imagine se toda filha cuja mãe teve câncer de mama fizesse mastectomia para “evitar” a doença…ou que toda mulher com ovários policísticos fosse medicada com hipoglicemiantes para tratar um diabetes que ela ainda não tem apenas porque estatisticamente elas têm fator de risco maior para desenvolver resistência à insulina (com a idade).O que se deve fazer, em ambos os casos é informar a respeito das possibilidades e contribuir para que a mulher conheça os riscos e ajude a adotar estratégias preventivas. Parece pouco… mas é o que deve ser feito.

Fazendo uma analogia, se me permite, nós deixamos de viver alegrias e ter sensações boas e momentos intensos, mesmo sabendo que somos mortais e não tendo a menor idéia de quanto tempo viveremos (cada um de nós)? Não… apenas vivemos um dia de cada vez, da melhor forma que encontramos e fazendo o possível ( e que está ao nosso alcance) para prolongar nossa vida,não é mesmo?

Portanto o meu conselho a você só pode ser um!

Mantenha-se saudável, visite regularmente seu oftalmologista e tente (mesmo!) manter a ansiedade longe da sua vida,ok?

Sensações (percepções) visuais incomuns…

Algumas alterações visuais que você refere:

…Vejos pontos prateados ou cintilantes (podem ter origem neurológica, cardiovascular e/ou oftalmológica)
…Quando eu olho um pouco mais fixamente e viro pro lado parece que levo a imagem junto, o contorno do que eu estava olhando como se fosse uma foto…
…Quando dirijo em estradas, com o olho bem fixado à frente e paro para descansar ou apenas olho pro lado, onde estou olhando a imagem parece continuar a andar a se movimentar como se fosse a estrada
…Quando olho alguma coisa xadrez, quadriculada ou com muitas linhas a minha visão dá uma tremida somente em cima dessas linhas, como se o xadrez e as linhas se movimentassem rapidamente e depois voltassem ao normal.


Como oftalmologista clínica não tenho o conhecimento necessário para imputar apenas ao olho essas alterações visuais. Embora entenda que a percepção visual possa estar alterada em várias situações mais comuns como nas alterações da binocularidade e/ou anatômico-funcionais dos olhos, você as descreve como intermitentes, esporádicas. Sugiro que procure um neuro-oftalmologista e investigue as queixas.

Alucinações visuais são descritas em patologias como AVC, esclerose múltipla, epilepsia, demência frontotemporal e doença de Parkinson entre outras.
O córtex cerebral associativo é a parte do cérebro que nos permite comparar sensações (visuais, térmicas, olfativas,táteis e auditivas) causadas por estímulos atuais à outras já percebidas anteriormente, estabelecendo um padrão e modulando nosso comportamento e julgamento a respeito desses estímulos. O hemisfério direito é o responsável pelos erros de percepção e onde podem se originar as alucinações (e/ou ilusões).
Algumas drogas (as mesmas usadas para tratar ansiedade e outros distúrbios neuropsiquiátricos) podem causar alucinações visuais também. Na bula esses efeitos colaterais são citados como “distúrbios visuais”.

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