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Oftalmologia para leigos

conversando com o oftalmologista…

Categoria

oftalmologia

Blefarorrafia e blefaroplastia…qual a diferença?

Dúvida de um internauta:

“…Gostaria de saber se existe diferença entre as seguintes cirurgias: blefarorrafia e blefaroplastia (ambas são cirurgias das pálpebras)”.

 

A blefarorrafia pode  simplesmente ser definida como uma sutura reparadora da pálpebra, como em  http://bemfalar.com/significado/blefarorrafia.html

Ou ainda em referência à sutura das pálpebras, para diminuir a fenda palpebral. F. gr. Blepharon (pálpebra)+raphe (sutura)+ia  como definido em: http://dicionarioonline.net/dicionario-online-blefarorrafia.html

Já a blefaroplastia é um procedimento cirúrgico que consiste em reformar uma pálpebra destruída ou deformada. F. gr. Blepharon (pálpebra)+plassein (modelar) +ia .Emhttp://dicionarioonline.net/dicionario-online-blefaroplastia.html

 

Outra definição: a blefaroplastia é um procedimento cirúrgico que implica em sutura palpebral para correção de trauma ou para redução da abertura das pálpebras. E pode ser usado como sinônimo de tarsorrafia. Isso de acordo com o Dicionario Digital de Termos Médicos em www.pdamed.com.br/diciomed/pdamed_0001_03539.php

 

Ou ainda, ”…a blefaroplastia é a cirurgia para correção de deformidades das pálpebras. Geralmente são deformidades adquiridas com o envelhecimento facial, pela perda da elasticidade da pele (ritidose ou rugas); pela queda dos tecidos: pele, músculos, gordura; também podem ser anomalias do crescimento, deformidades adquiridas por traumatismo ou outras doenças”.

“…a blefaroplastia visa corrigir o excesso de pele, músculo e gordura nas pálpebras, assim como melhorar sua posição. O tratamento cirúrgico, na maioria das vezes, é feito através de cortes no sulco da pálpebra superior e na linha logo abaixo dos cílios na pálpebra inferior, com pequenas extensões laterais acompanhando rugas naturais já existentes. A pele e músculo excedentes são retirados e a gordura herniada é tratada. No final, a pele é suturada e se acomoda a nova estrutura”, conforme descrito em:

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?47

 

Segundo a Wikipédia, a blefaroplastia é uma cirurgia estética destinada a remover a pele enrugada e descaída das pálpebras superiores e/ou inferiores.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Blefaroplastia

 

Em resumo, o termo blefarorrafia se refere à sutura palpebral, (“costura” ou “fechamento, ou ainda re-união das várias camadas de tecidos que constituem a pálpebra”, seja na reconstrução anatômica da mesma, após traumatismo ou na tentativa de fechar mais a fenda palpebral -a porção entre as duas pálpebras, superior e inferior- que quando muito ampla acaba desnudando o olho, em situações de exposição excessiva do mesmo e risco de complicação corneana (ulcera de córnea p. ex.). É também uma das fases da blefaroplastia, quando depois de feitas as modificações previstas no planejamento cirúrgico, o cirurgião “fecha” o (s) corte(s) realizados durante o procedimento. Neste momento ele está executando uma blefarorrafia (sutura da pálpebra).

Mas na maioria das vezes o termo blefarorrafia é usado apenas como sinônimo de tarsorrafia, ou seja, diminuição (ou eliminação) cirúrgica da fenda palpebral. O ato de “costurar ou fechar a ferida palpebral” é referido apenas como sutura palpebral.

Abs,

 

Olho único…o que fazer quando se tem fotopsia?

 

“Tenho 29 anos e já tenho uma visão perdida por causa de um acidente. De duas semanas para cá venho tendo fotopsia no canto do olho esquerdo ( o bom).  Fui correndo ao oftalmologista e ele me disse que provavelmente eu teria um DR. Mandou eu fazer um exame de mapeamento de retina e os resultados foram: Meios transparentes : OD com opacidades vítreas e em OE meios transparente, olho fácico, sem condensações ou hemorragias vítreas.
Papila: em OD não visualizada por opacidade vítrea difusa e emOE escavação fisiológica,rima preservada , ausência de zonas alfa e beta. Vasos : Em OD não visualizados por opacidade vítrea difusa; em OE vasos de calibre normal, trajeto sem alterações dignas de nota , relação a-v mantida. Retina: OD presença de retina deslocada ?? (mal visualizada por opacidade vitrea difusa). Em OE retina aplicada nos 360graus, com textura e coloração normais, sem degenerações periféricas dignas de nota. Mácula: OD: não visualizado por opacidade vítrea difusa.Em OE brilho e reflexo compatíveis com a idade.
Conclusão: Exame compatível com a normalidade em OE e opacidade vitrea difusa em OD. O médico disse que a medicina  hoje não tem tratamento para isso, e disse que eu teria que me acostumar. E só deveria retornar se houvesse alteração do sintoma e/ou aumento da fotopsia ou ainda se a visão ficasse embaçada. Não receitou nada. Estou sentindo algumas pontadas no olho e queria saber se devo voltar à consulta”.

 

 

A fotopsia ( percepção de clarões de luz) de causa oftalmológica é resultado de tração vítreo-retiniana. O que não necessariamente significa presença de degeneração periférica retiniana de risco para descolamento de retina. Uma vez descolado o vítreo posterior, alguns pontos de tração podem se formar e ser responsáveis pela percepção de luz à movimentação dos olhos. E nem sempre a tração evolui para rotura retiniana, ou seja, há necessidade de monitorização sim, mas de acordo com novos sintomas ou com a periodicidade indicada, conforme seu oftalmologista orientou.

Eu mesma continuo tendo fotopsia apesar de ter uma rotura já tratada com laser, bem cercada e sem nenhuma outra lesão de risco para DR.

Quanto ao descolamento de retina antigo (pelo acidente), infelizmente ainda não podemos oferecer nenhuma perspectiva animadora. Como a retina é uma “extensão do tecido nervoso”, se comporta como tal: ainda não se conhece como viabilizar a neuro-regeneração. A retina,depois de algum tempo fora do seu leito natural (onde recebe nutrição/oxigenação através da coróide, bastante vascularizada), mesmo que seja reposicionada, já não apresenta vitalidade. Não funciona mais como interface de ligação entre o olho e o cérebro.

A boa noticia é que como o DR foi secundário a traumatismo e não devido a presença de degeneração retiniana de risco, o outro olho (contralateral) deve ser monitorizado sim (afinal ele vale por dois, não é mesmo?), mas não deve ser motivo de estresse crônico para você. Com ausência de degenerações periféricas no mapeamento de retina (MR), o risco de acontecer o mesmo com o olho que enxerga é bem menor do que nos indivíduos que apresentam alterações retinianas (MR) prévias.

De qualquer forma, cuide bem da sua visão. A orientação quanto à prevenção de acidentes domésticos e de trabalho deve ser rotineira, principalmente em indivíduos monoculares.

 

Abs,

Convivendo com a baixa acuidade visual…o que fazer … o que esperar?

“Tenho baixa visual desde criança.De acordo com meu laudo médico minha acuidade visual sem correção é de 20/80 em ambos os olhos, que não melhora com correção visual. Ao exame de fundo de olho foi detectada alteração nas papilas do nervo óptico, por provável neuropatia óptica. A conclusão é de paciente com deficiência visual que não responde a correção ou qualquer tratamento.Já procurei diversos médicos, mas nenhum sabe dizer a causa. Não sei mais o que faço! Estou em estado de desespero, pediram pra que eu procurasse um neuro-oftalmologista, mas meu convênio médico não cobre essa especialidade. Já tentei procurar no SUS, mas está muito difícil! Em algumas pesquisas encontrei uma terapia chamada Self Healing. Já ouviu falar?Sabe se realmente pode dar resultados?

 

Por favor, preciso de uma luz, como devo proceder agora?”

 

A sua ansiedade é compreensível, mas a Medicina não tem resposta para todos os males que afetam os indivíduos. São descritas várias causas de neuropatias ópticas, mas na maioria das vezes o diagnostico disfuncional é feito, mas a causa não pode ser determinada! A doença, felizmente, para de evoluir, mas a perda funcional permanece. É como uma cicatriz. Assim como permanece na memória celular o “rastro” de uma toxoplasmose ou de uma hepatite em que o exame laboratorial evidenciará sempre a presença dessas doenças, mesmo que pretéritas e sem ativação recente.

No caso da neuropatia, mesmo que se identificasse a causa, infelizmente ainda não se pode oferecer nenhuma perspectiva animadora. Como o nervo óptico é uma “extensão do tecido nervoso”, se comporta como tal: ainda não se conhece como viabilizar a neuro-regeneração. Pelo menos hoje ainda não. O nervo óptico continua funcionando como interface de ligação entre o olho e o cérebro. Mas com capacidade reduzida, não funcionando 100%.

Pessoalmente não acredito no beneficio real do self healing (citado por você) em relação à perda funcional neuronal. Assim como também, apesar de oferecido na internet, ainda não vi referencia em congressos e simpósios de Oftalmologia a um tipo de treinamento neural visual que informa “aumentar o processamento neural no córtex visual primário, facilitando as conexões neurais, melhorando a acuidade visual e a sensibilidade ao contraste”.

Você pode ler mais a respeito no site http://www.revitalvision.com/

Este tipo de tratamento estaria disponível em algumas clínicas brasileiras. Veja propaganda no site http://www.americasoftalmocenter.com/revital_vision.html

 

O informe publicitário apresenta como indicações terapêuticas a ambliopia, baixa miopia, miopia pediátrica, presbiopia, Pós-Catarata, Pós-LASIK (cirurgia refrativa). Nesses casos o cérebro seria “treinado” a ser mais eficiente e melhorar o processamento visual. Nenhuma referencia é feita ao déficit visual das neuropatias ópticas.

Sem validação cientifica (medicina ortodoxa, padrão-ouro) eu não poderia indicar a você nenhum dos dois tipos de intervenção. Mas acredito sim na capacidade que o ser humano tem de contornar as dificuldades!

 

Vivendo com baixa visual: Aprender sobre como lidar com a baixa visual, através de grupos de apoio, incluindo  orientações  sobre como aproveitar melhor a visão remanescente pode ser de grande ajuda. Pode melhorar muito a qualidade de vida, apesar da limitação visual.

 

Informe-se!

 

A visão subnormal (VSN) é definida a partir de acuidades visuais iguais ou inferiores a 20/80.  Portanto, com visão 20/80 você teria uma VSN leve, sendo capaz de ler muito bem impressos sem precisar de ampliação.

Visão subnormal ou baixa visão?  Você pode ler no site  http://www.fundacaodorina.org.br/deficiencia-visual/ a respeito de visão subnormal ou baixa visão , “quando o individuo apresenta 30% ou menos de visão no melhor olho, após todos os procedimentos clínicos, cirúrgicos e correção com óculos comuns. Essas pessoas apresentam dificuldades no dia a dia de ver detalhes. Por exemplo, vêem as pessoas mas não reconhecem a feição, as crianças enxergam a lousa porém não identificam as palavras, no ponto de ônibus não reconhecem os letreiros”. Felizmente não é o seu caso!

Enfim, se eu puder ajudá-la com mais alguma informação, entre em contato, será sempre bem-vinda!

E não deixe de visitar o site www.fundacaodorina.org.br, criada por Dorina Nowill, que viveu 91 anos e  “deixou à pessoa com deficiência visual a oportunidade de viver com dignidade e às pessoas que enxergam uma lição de vida!  Perseverança, caridade, resignação e paciência foram as lições deixadas por esta paulista que enxergava o mundo com os olhos da alma”.

 

Abs,

 

Lentes RGP e soluções de limpeza (desinfecção química)

“Tenho ceratocone. Uso lentes de contato RGP e utilizava a solução HIDRO HEALTH RGP para limpá-las, desinfectá-las. A última vez que procurei na farmácia não o encontrei para poder comprar e acabei comprando o OPTI-FREE EXPRESS, porém na embalagem do Opti-free diz que ele é para ser utilizado em lentes gelatinosas e hidrogel. Minha dúvida é: posso usar o OPTI-FREE, que é pra lentes gelatinosas e hidrogel, em minhas lentes, que são Rígidas Gás Permeáveis? Tenho medo de usar e acabar danificando minhas lentes, que são bem caras. Se puder me esclarecer serei imensamente grato”.

 

Conforme Manual do usuário (de lentes de contato) de autoria da Dra. Cleusa Coral Ghanen Oftalmologista de Santa Catarina (www.coral-lentes.com.br), à pagina 21: “Desinfecção química das lentes gás-permeáveis: Pode-se utilizar soluções específicas ou multi-uso, onde elas devem ser conservadas, pelo menos por 4 horas. As específicas são: Duracare e Totalens (Allergan); Opti-Soak (Alcon). As multi-uso: Boston Simplicity (Bausch & Lomb) e Unique-pH (Alcon)”.
Então o ideal é que sejam usadas soluções especificas recomendadas pelos fabricantes das lentes gás-permeáveis. Mas o que nunca deve ser feito é usar substancias próprias para LC RGP em lentes hidrofílicas (gelatinosas).
Veja mais detalhes em http://www.coral-lentes.com.br/index.php?id=7&pg=7
E cuide bem das suas lentes (e dos seus olhos)!

 

Abs,

Gravidez, moscas volantes e pontos brilhantes…

“Estou tendo alguns sintomas estranhos relacionados a minha visão que têm me deixado muito preocupada.Há 3 meses comecei a ver pequenas moscas volantes no meu campo de visão, não dei muita importância, porém, após 1 mês essas moscas aumentaram e procurei um oftalmo. Fiz um mapeamento de retina que não acusou nada. Não bastassem as moscas, passei a ver, quando olho para um céu cinza ou cenário claro “veias” como quando dilatamos a pupila, mas estas não são móveis parecem apenas acender e apagar. Muito estranho; também vejo milhares de pontos brilhantes ao olhar para o céu, estes pontos parecem vir em minha direção, são muitos mesmo e parecem dar “piruetas” no ar. Seria cômico se não fosse trágico! Estou muito triste com isso. Tenho medo de perder minha visão. Estou grávida de 6 meses, porém minha pressão é normal. Fiz exame de toxoplasmose, que também não acusou nada.

Seria algum problema grave? Estes são sintomas de descolamento de retina?”

Você disse que o mapeamento de retina estava normal. A referência de normalidade pode significar ausência de rotura retiniana ou degeneração periférica de risco para descolamento de retina (ótima noticia!).

Mas não fez referencia a DPV (descolamento posterior de vítreo),nem alteração de transparência do corpo vítreo ou presença de corpúsculos brilhantes na cavidade vitrea que pudessem ser responsáveis pelos sintomas.

A hipertensão arterial pode causar escotomas cintilantes. Mas isso você já sabia e descartou a possibilidade, conforme relato. Como o comentário está com grande atraso e você estava grávida de 6 meses na época, espero que esta opção tenha realmente sido afastada. A toxoplasmose ou qualquer outra retinocoroidite (uveite posterior/ uveite intermediaria) mostraria sinais vítreo-retinianos que voce não tem (o mapeamento descartou).

Você não refere se as “percepções visuais atípicas” são bilaterais ou estão presentes em apenas um dos olhos. Sendo bilaterais podem significar estimulação cortical. Se o exame oftalmológico não aponta nenhum fator causal, uma visita ao neurologista ou mesmo ao neuro-oftalmologista pode ajudar.

Consulte novamente seu oftalmologista, converse sobre suas dúvidas e apreensões. Tenho certeza de que ele será de grande ajuda!

Abs,

O médico, o paciente e a ansiedade do diagnóstico precoce!

Acertando mais ou errando menos?
Será que a ansiedade, tanto do médico quanto do paciente é benéfica ou atrapalha mais do que ajuda?

“Recentemente fiz alguns exames para afastar ou não o diagnóstico de glaucoma. Ainda vou saber os resultados. Espero que a médica seja precisa”…disse uma internauta em comentário a um texto no blog.

O texto é “Entendendo o glaucoma” e relata a dificuldade do diagnóstico fidedigno e a importância da assertividade dele, diagnostico, na evolução da doença e na saúde ocular futura do doente. Não deve haver tanta pressa no diagnóstico! Deve-se priorizar a ratificação dele por meio de monitorização clinica seqüencial em vez de, por causa da ansiedade do paciente e do médico, iniciar um tratamento “preventivo” (que de preventivo não tem nada..é tratamento e ponto final). Uma intervenção precoce que muitas vezes não é benéfica para o paciente, principalmente no longo prazo.

Melhor é ter paciência, sempre: devagar se vai ao longe, não é mesmo?

Além do mais, em doenças crônicas degenerativas como o glaucoma, o tempo está a nosso favor! Exceções existem claro. Mas cabe ao médico identificá-las e ser o mais honesto possível com cada paciente.
Cada caso é um caso, é sempre bom lembrar!

Em Medicina não existe certeza absoluta. A arte de curar não é uma ciência exata como a Matemática. Nós médicos bem que gostaríamos que fosse tão mais “fácil”! Mas não existe receita de bolo na prática clínica diária.

Cada paciente é único em sua individualidade bioquímica. E conseqüentemente na forma de apresentação da doença, no desenvolvimento de sintomas e na resposta terapêutica.

E isso é um processo dinâmico: muda a cada fase da vida do individuo.

Na relação médico-paciente nós identificamos o perfil de cada um e, na maioria das vezes, somos capazes de dar a cada um o que ele precisa, visando o entendimento possível do processo de adoecimento e a manutenção (sem estresse) do equilíbrio a ser alcançado para frear a progressão da doença.

A cada um dizemos o que ele pode entender (e ouvir). Como no dito popular, “ninguém carrega uma cruz maior do que a que pode suportar”. E isso deve fazer parte do oficio do médico: entender (e aprender a conhecer) cada paciente e dar a ele o que ele precisa (do ponto de vista físico, mental e emocional).

A Medicina pode ser muito gratificante!

E mais ainda, dá ao médico a oportunidade de experimentar o prazer que é poder contribuir para o bem estar do outro. Dito assim pode soar piegas, mas a Medicina é uma profissão que claramente ajuda o médico: ela facilita a imersão concreta no autoconhecimento, na dimensão espiritual do ser e como dizia o pai da Homeopatia, Samuel Hahnemman, ajuda o individuo a identificar e alcançar “os mais altos fins de sua existência”.

Alergia ocular… o que fazer?

“Tenho uma filha de sete anos que tem uma coceira nos olhos pra valer mas apenas quando está dormindo (não imediatamente, mais ou menos duas horas depois). Até agora todos os colírio usados (entre eles antiinflamatórios, corticóides, antialérgicos, lubrificantes) não resolveram. Os olhos amanhecem inchados e vermelhos, mas logo a vermelhidão some. Já foi dito que poderia ser conjuntivite alérgica crônica e que por volta dos 12 anos deve normalizar, Mas ela ainda tem sete anos! Já usou duas marcas de anti-histamicos, ja fez dosagem de IgE, etc. E nada; mas até agora nenhum pediu um exame diferente… a não ser a medida da pressão de do grau… O que me aconselha por favor me ajude, ela só coça enquanto está dormindo; e se ela dormir durante o dia não coça, somente à noite. Um dos oftalmologistas disse que pode ser ceratocone, mas disse para continuar com os colírios, sendo que todos os colírios quando usados por tempo prolongado têm efeitos críticos no futuro!
Esqueci de informar que aos onze meses e depois aos quatro anos (deste episodio ficou uma cicatriz) ela teve dois incidentes oculares (emergências) por traumas leves e desde então ela sempre teve coceira. Ou seja, ela sempre vem usando colírios, pra controlar as coceiras e inflamações. E há quatro meses (praia) a coceira voltou, pra valer e de lá para cá todas as noites. Não estou mais dando conta… já pensei que pode ter sido o protetor solar, bactérias (piscina), outras alergias (já tomei várias precauções aqui em casa e nada). Ás vezes acho que tem a ver com a cicatriz no olho dela…”

A conjuntivite alérgica, mais corretamente chamada de alergia ocular, caracteriza-se pelo prurido (coceira) e pela observação de reação conjuntival papilar. São varias as formas de apresentação da alergia nos olhos. Uma forma mais branda é a sazonal, quando os sintomas pioram ou surgem apenas quando o individuo é exposto ao alérgeno responsável pela crise. Parece ser mais freqüente quando coexiste historia de outra forma de alergia (não ocular) como asma, rinite ou dermatite.
Os sinais clínicos devem ser bem reconhecidos. Deve-se buscar ativamente e afastar presença de sinalizadores de gravidade da doença como alteração importante da superfície ocular, comprometimento anatômico e topográfico corneano, pálpebras superiores anatomicamente alteradas.

Ela tem outras manifestações de alergia?

A princípio o prurido (coceira) é associado à reação alérgica. Mas o prurido sem causa aparente e descartado o ressecamento ocular, pode ser psicogênico.

Uma dermatologista lembra o fato curioso de algumas de alguns indivíduos com dermatite irem dormir sem urticária e acordarem, no meio da noite ou pela manhã, coçando-se e cheios de placas. Esse fato indicaria uma provável origem emocional. Durante o repouso físico, a mente traz as imagens do que foi vivido durante no dia a dia. Isso serviria para diminuir a tensão, trabalhando os conflitos a nível inconsciente, segundo os psicólogos.

Vamos partir do princípio de que a sua filha seja atópica.O tipo de pessoa que reage de forma diferente a estímulos das mais variadas origens: alimentares, ambientais, emocionais… e o órgão alvo, hoje, é o olho. Amanhã pode ser a pele, ou as vias aéreas superiores, por exemplo.

Com o diagnostico clinico confirmado (alergia ocular),resta buscar o alergeno responsável. Às vezes é mais de um.

Você pode ajudar os médicos a ajudar sua filha se reduzir a sua ansiedade em relação ao problema (sei que é difícil…). Tente recomeçar do zero, do ponto de partida. Sugiro evocar a memória em relação aos últimos cinco meses. Sim, um mês a mais do que o tempo de inicio dos sintomas. Aí então se esforce para lembrar cada detalhe: mudança de escola, separação dos pais, perda de algum animal de estimação ou pessoa muito querida de seu convívio íntimo. Depois passe para o ambiente em que ela vive (clima, obras, mudanças de decoração,algum presente de aniversario do qual ela não desgruda desde então,um bichinho de pelúcia ou qualquer outro objeto). Mudança de hábitos alimentares para pior (alimentos com corantes) ou para melhor (mesmo que você ou o pediatra/nutricionista tenham introduzido por achar melhor para a saúde). Troca de xampu, de sabonete, lençóis ou colchas de tecido diferente, mudança de sabão em pó ou amaciante ou alvejante (alguns alérgicos têm “hipersensibilidade” à aloe vera).

Ela usa algum remédio (oral ou tópico) antes de dormir? Há quanto tempo? A bula faz alguma referencia a prurido ocular ou alergia? Mesmo que seja medicação que já vinha sendo usada por muito tempo… alergias cruzadas existem ou ainda, com o tempo, as sensibilizações podem acontecer.

Avalie tudo e qualquer coisa em que possa pensar! E já advirto que, por experiência clinica, a primeira resposta que vem à cabeça dos pais e/ou cuidadores é que nada mudou, tudo continua do mesmo jeito. Mas, se isso fosse verdade não teria havido piora da alergia. Algo “engatilhou” a crise (causa alérgica, psicogênica ou ambas, provavelmente).

Pense bem e com calma. Com esse inventário feito, comece a fazer as mudanças necessárias, uma de cada vez (tentativa e erro, esse é um método). Outra forma seria fazer testes cutâneos (patch, intradermico ou prick test ) ou o no sangue (RAST), mais caro e menos sensível do que os primeiros. Mas nem todos os alergenos estão disponíveis para serem testados dessa forma; às vezes, depois de muito buscar, com testes negativos ou inconclusivos, identificamos algo que estava bem à nossa frente e que deixamos de perceber, como sendo potencial alérgeno. Tudo e qualquer coisa pode sensibilizar um alérgico!

Inconclusiva a busca?Vamos ao lado prático: se a coceira é apenas à noite e se não existe comprometimento ocular grave, o anti-histamínico oral ao deitar resolveria o sintoma (por um tempo bastante limitado até se encontrar o possivel alergeno ou a causa)e minimizaria os riscos futuros representados pelo uso de medicação (mesmo tópica) à base de corticóide, alem de vários outros colírios. Quase toda medicação tópica (colírio) tem conservante (para preservar a substancia base). Se a medicação será usada por tempo prolongado e indefinido a lesão (maior ou menor) à superfície ocular existirá. O melhor seria poder evitá-los. O anti-histaminico oral também ajuda a ressecar o olho e, circulo vicioso, pode aumentar o prurido. Converse com o oftalmologista e o alergista dela. Eles poderão ajudá-la a minimizar os efeitos a longo prazo e pensar numa forma de reduzir a posologia ao mínimo possível capaz de eliminar os sintomas.

Às vezes a resposta está bem à frente dos nossos olhos, tão perto que não somos capazes de ver!

Por último, gostaria de lembrar que o ambiente virtual não deve ser de forma alguma usado para tratar ou diagnosticar qualquer doença. Ele serve apenas para ajudar a entender o adoecimento. A consulta presencial, o exame clinico , a coleta da historia da doença e dos antecedentes, a observação do doente em seu meio familiar, os exames complementares além de uma eficiente relação médico-paciente são insubstituíveis!

E não existem remédios milagrosos,não existe “receita de bolo” no cuidado médico. Existem drogas ideais para cada individuo, usadas no momento certo, na dose adequada e que,mesmo assim, às vezes, para desespero do médico e da família, não eliminam as queixas. É nesse momento que devemos olhar a questão sob novo prisma (pelo menos tentar) e retomar o caso, passo a passo, desde o inicio. A solução virá, tenho certeza! Não que todas as doenças tenham cura…mas podemos sempre melhorar a vida do individuo (e de seus familiares), de alguma forma.

Espero ter ajudado!

Abs,

Elizabeth

Para conhecer mais sobre alergia acesse http://www.blogdaalergia.com.br

PS: Quanto à cicatriz,ela pode aumentar o ressecamento do olho na medida em que o filme lacrimal não se distribui homogeneamente quando existem irregularides na superficie do olho. Mas nesse caso a criança coçaria muito mais esse olho do que o contra-lateral. Outro ponto não abordado foi pesquisa de ectoparasitas na base dos cilios, que se presente pode levar à coceira intensa e principalmente à noite (na inatividade do individuo e no calor da cama).

Tratamento de descolamento de retina e desfecho negativo…e agora?

Post em resposta a dúvida de internauta (email enviado para duvidasemoftalmologia@gmail.com):

Resumindo, meu marido fez a cirurgia para descolamento de retina,mas na consulta de retorno após uma semana,foi constatado que a retina ainda estava descolada. Após mais duas cirurgias e posteriormente uma cirurgia de catarata ele perdeu a visão desse olho. Já passamos por seis retinologos renomados e respeitados por seus excelentes trabalhos porem nenhum quer acompanhar o nosso caso…

O especialista em retina faz diagnósticos e sugere tratamento, quando ele é necessário e possível. Se a retina do paciente está colada, se a catarata (secundarismo da cirurgia de descolamento de retina)já foi operada, se não existe nenhum outro procedimento oftalmológico a ser realizado que possa mudar a acuidade visual final então os retinologos consultados não têm o que fazer.

Em todas as matérias que leio vejo que a visão não volta como era antes e às vezes nem volta.

Você tem razão. O que você leu corresponde à realidade. Os procedimentos cirúrgicos para tratamento do descolamento de retina têm dois objetivos principais: o primeiro, a restauração da anatomia retiniana (reposicionamento da retina em seu leito natural) e o segundo ,que é a melhora da acuidade visual que vai depender do tempo que a retina ficou descolada, do tipo de lesão primária e do sucesso da reposição anatomica da retina. O sucesso da primeira abordagem (reposição da retina em sitio anatômico) não necessariamente conduz ao sucesso funcional, ou seja, visual (segundo objetivo).

Alguem pode me ajudar ?

Às vezes existe ruído de comunicação entre médico e paciente. E a culpa, na maioria das vezes não é de um nem de outro.A maior dificuldade está em informar ao paciente da irreversibilidade da sua condição; e receber a noticia também. São várias as fases do processo de conseguir sobreviver à perda visual, mesmo unilateral: a negação e o luto/depressão são duas fases importantes. E o individuo precisa de tempo para vivenciar a perda da forma menos negativa e traumática possivel. Os dois lados (médico e paciente) não se sentem confortáveis e a comunicação se perde: o uso do jargão médico e a dificuldade de lidar com a dor do paciente pesam no caso do médico; e a dificuldade de entender (e/ou aceitar) por parte do paciente. Ambas as situações alteram a comunicação entre eles. Se vários especialistas já foram ouvidos, não sei a que atribuir a dificuldade aqui colocada.

O que pode ter causado este descolamento da retina?

Ele, DR,não aconteceu do nada. Já existia algum tipo de acometimento da retina periférica (degeneração de risco para DR) ou alguma tração vítrea provocada por infecção ocular antiga ou recente, mesmo assintomática. Por isso devemos fazer rotineiramente exame oftalmológico e, em alguns casos, seja por queixas visuais inespecíficas (às vezes não mencionadas pelos pacientes, a não ser quando questionados a respeito) o mapeamento de retina complementa a consulta para confirmar a ausência de risco oftalmológico imediato, principalmente em indivíduos que costumam praticar esportes de risco (luta, esportes radicais,etc).

O movimento de levantar e abaixar pode ter causado isso ?

Como coadjuvante sim, mas apenas se já havia lesão de risco para descolamento de retina. Sinais e sintomas prévios mais comuns são: sensação de moscas volantes, teias de aranha no campo visual, “pontos luminosos ou flashes na visão” principalmente no escuro, entre outros. Para evitar traumas agudos à retina devemos fazer exames anuais ou em intervalo inferior caso surjam sintomas de qualquer natureza.

Meu marido tem 35 anos, não esta enxergando e está sem emprego…

Quanto ao aspecto trabalhista, superficialmente abordado por você, o foro deve ser outro: a vara de direito trabalhista. Apesar de ter que lidar, infelizmente, com a perda da visão que acontece quando falham as tentativas de sucesso terapêutico, nós médicos não conhecemos em profundidade a ajuda cabível aos pacientes que passam a apresentar déficit visual. Mas creio que o termo é válido apenas em caso de baixa ou baixíssima visão nos dois olhos e não no caso de monocularidade. De qualquer forma a reabilitação visual é possível para minimizar efeitos negativos da perda da visão de profundidade (estereopsia),por ser agora monocular. E a readaptação funcional visa adestrar o individuo possibilitando o desenvolvimento de novas habilidades, muitas vezes na mesma área de trabalho de antes da doença.

Espero ter ajudado.

Abs,

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