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Dúvidas em Oftalmologia

conversando com o oftalmologista…

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Visão alterada somente ao acordar… o que pode ser?

“Recentemente todas as manhãs quando acordo, logo que eu abro os olhos vejo as “sombras” das veias dos meus olhos por um breve instante e depois elas somem. São como teias mas aparece somente quando acordo. Gostaria de saber se devo procurar urgentemente um oftalmo ou se é algo comum ou natural”.

A gente “não vê” “as sombras das veias dos olhos”… Tudo que se vê e que não corresponde a imagem de objeto real é chamado de “alucinação visual”. Bem diferente das “moscas volantes” citadas em varias postagens neste blog.

Elas, as “alucinações visuais” podem acontecer com a mudança da posição do corpo (de deitado para a posição sentada ou de pé) ao acordar. Mas são sintomas que merecem atenção. Ainda mais se acontece ao mesmo tempo a sensação de cabeça oca, de atordoamento ou tonteira. Ou ainda zumbidos em paralelo ao sintoma visual.

Se fosse a qualquer hora do dia, o sintoma visual poderia sugerir fenômeno visual por “irritabilidade encefálica”.

Podem se originar na redução temporária do fluxo de sangue na região do córtex visual que, com os ajustes fisiológicos depois de alguns minutos, cessam.

Ainda assim, se é um sintoma novo, que nunca esteve presente…o corpo está avisando que precisa de ajuda para retornar o equilíbrio anterior. Aproveite a “dica” dele, organismo, e busque a causa (um neuro-oftalmologista pode ajudar).

Caso não seja detectada disfuncionalidade (pelo neuro-oftalmologista), um otorrino e/ou pneumologista deve avaliar a qualidade de oxigenação cerebral durante o sono.

Você disse que gostaria de tirar uma dúvida antes de procurar um oftalmo!

Não espere para buscar ajuda! A única conduta que não aconselho é não aproveitar a sinalização do organismo para ajudá-lo a melhorar o nível de homeostasia (capacidade de recuperação da saúde)

Após alguns anos em desajuste…ele, corpo, termina por não conseguir mais funcionar como deveria e aí…surge a doença.

Então…mesmo que amanhã o sintoma desapareça, busque o médico para um check-up.

Espero ter ajudado!

 

A conjuntivite adenoviral de cada um…

Tivemos conjuntivite em casa, ela foi leve e ficamos bem logo…mas minha mãe teve dois episódios de conjuntivite em menos de um mês. Do tipo viral. Ela tem 62 anos. Olhos bem vermelhos, lacrimejamento, fotofobia, visão embaçada, dor de garganta e sensação de gripe. Possivelmente foi por adenovírus; lesão significativa na córnea. Visão normal sem resquícios da conjuntivite, quinze dias depois. Uma semana depois ficou ruim novamente gripe forte com tosse chegou a inchar o gânglio ao lado da orelha. Foi uma repetição pela baixa da imunidade por causa da gripe? O médico receitou hoje xxxxxxx por 7 dias, disse que o olho está inflamado ainda… bem menos, mas que teria que entrar com um corticoide mais potente para ficar melhor da inflamação. Estamos preocupados em se tornar algo crônico ou com a necessidade de buscar um tratamento mais específico. Minha mãe tem asma e rinite então é bem alérgica a sulfa, penicilina e nunca tomou um anti-inflamatório via oral na vida. O que fazer?

 

Cada organismo tem sua história. Apesar de muito semelhantes na avaliação macro, a vida no interior do corpo de cada indivíduo é ÚNICA. E a relação das nossas células com cada microrganismo dentro de nós (microbioma) também é única! As agressões a esse conjunto, ao longo da vida, traçam a resposta imune do hospedeiro a agressões futuras. Por isso cada doença pode se apresentar de forma diferente em cada organismo.

Indivíduos em remissão longa de doença herpética (oral ou genital) costumam apresentar conjuntivite mais importante e ter uma doença adenoviral mais longa, de evolução mais arrastada. No mesmo caso se encontram aqueles que estão em momento de fragilidade imunológica (deve ser investigada a causa para afastar alterações que exijam maior cuidado; um imunologista deve ser consultado).

Em se tratando de conjuntivite adenoviral, o uso de corticoide no período inicial, sem observação de infiltrado corneano, pode prolongar o curso da doença uma vez que, a cada tentativa de retirá-lo costuma haver recidiva dos sintomas e daí necessidade de reintrodução da droga. A observação deve ser contínua (oftalmologista) e aos poucos (desmame) será retirada a corticoterapia. Outras drogas (tacrolimus / ciclosporina) apenas são usadas em casos específicos e a critério médico.

Todos os dias, todos nós estamos expostos aos mais variados agentes patogênicos. Nem por isso ficamos doentes. O adoecimento é resultante de uma falha pontual (ou crônica) no sistema de defesa. E os sintomas sinalizam a ação desse mesmo sistema imunológico “brigando” com os agressores (que naquele momento significam “intrusos” que estão ameaçando o equilíbrio (homeostase) orgânica). A defesa do organismo à agressão é que causa os sintomas e não o agente agressor. Combatê-los SEM buscar a causa (real) é um paradoxo.

A “cura” começa de dentro para fora. O remédio, embora necessário, não deve ser a única forma de lidar com a doença aguda. Nesse momento o organismo precisa de todas as suas células atuando de forma sinérgica para fazer frente à agressão pontual. Então se melhoramos a dieta (low FODMAP diet), principalmente nos alérgicos, damos chance ao organismo de uma recuperação mais rápida (e duradoura). Outro pilar muito importante é o sono de qualidade (não fragmentado e suficiente em horas). É à noite, durante o sono, que recuperamos nosso organismo das agressões diárias que sofremos (emocionais, físicas e químicas).

O corpo fala! O título comum a alguns livros exprime bem isso. Precisamos aprender a ver a doença como sinal de que algo não vai bem na forma como temos conduzido nosso cuidado com o corpo. A retirada dos fatores que contribuem para diminuir a imunidade ajuda na retomada do equilíbrio possível de cada organismo (homeostase).

Não tem a facilidade da “pílula mágica”…mas no longo prazo se traduz numa vida com muito mais qualidade e saúde!

 

A escolha das LIOs (lentes intra-oculares) na cirurgia de catarata

“Eu necessito me programar financeiramente para operação de catarata. A minha pergunta é: Qual a diferença entre as lentes importadas e as nacionais que acredito serem mais em conta. Me informe por favor”.

Alguns internautas perguntam sobre diferenças entre as LIOs (lentes intra-oculares) importadas e as nacionais, muitos questionando a diferença de preço, qualidade e melhor relação custo-benefício quanto à visão final. Eu realmente penso que a decisão sobre a LIO a ser implantada deve ser pensada a dois:  paciente e cirurgião. Dúvidas a respeito das lentes (e soluções visuais possíveis) devem ser exaustivamente discutidas e a experiencia do cirurgião com determinadas lentes também (isso facilita o implante e reduz o tempo de cirurgia, o que também acaba favorecendo o resultado final da cirurgia).

Quanto às diferenças de tipos de lentes, transcrevo aqui texto do Dr Armando Crema na revista digital do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) destinada ao público leigo e disponível na integra em http://www.cbo.com.br/novo/geral/pdf/revista-03.pdf

“As lentes intraoculares (LIOs) são classificadas em monofocais – corrigem apenas um foco, de perto ou de longe – e multifocais – corrigem a visão de perto, intermediária e de longe. As lentes tóricas – mono ou multifocais – corrigem também o astigmatismo.

E existem ainda as lentes pseudoacomodativas. Todas essas LIOs podem ser introduzidas por microincisões de 2 mm, diminuindo a incidência de complicações pré e pós-operatórias. Melhoram a visão já no curto prazo, fazendo com que os pacientes tenham melhor quantidade e qualidade de visão, explica Dr. Armando Crema”.

 

Seguem links de páginas (internet) destinadas a leigos.

 

http://esteticaplus.blogspot.com.br/2012/08/lente-intra-ocular-na-cirurgia-de.html

No site acima foi resumida a questão das LIOs (lentes intra-oculares) em que 3 pontos principais que devem ser levados em consideração. Apesar de concisa, a matéria é bem prática e esclarece dúvidas.

Penso que o indivíduo deve ser bastante transparente com o médico que escolheu para operá-lo e dividir angustias, dificuldades e expectativas em relação à cirurgia. Tão ou mais importante que a LIO a ser implantada é a expertise e a confiança no cirurgião.

 

Outras referências do Google:

 

http://visarehospitaldeolhos.com.br/tratamento-de-doencas-oculares/lentes-intraoculares/

http://www.doctoralia.com.br/provamedica/facectomia+para+implante+de+lente+intraocular-15157/pergunta/qual-a-diferencada-lente-nacional-para-a-lente-internacional-para-facectomia-52074

 

E a entrevista de um oftalmologista num site para leigos…muito interessante do ponto de vista prático: http://www.marisadelucia.com.br/notas.asp?iDCat=20&iDTxt=2562

 

E a respeito do posicionamento oficial sobre planos de saúde e LIOs, o link é  http://www.jotazerodigital.com.br/cbo-e-abccr-emitem-documento-sobre-lentes-intraoculares-na-saude-suplementar.php

 

Espero que as referencias postadas possam ajudar a esclarecer as dúvidas de muitos!

 

Infiltrados corneanos…

“Estou me tratando de infiltrados na córnea desde fevereiro de 2016. Minha visão voltou mas ainda sinto que não está  100%. Às vezes a vista direita embaça noutra hora a esquerda e sinto quase todos os dias olhos secos onde minha visão é prejudicada aí tenho que lubrificar os olhos pra voltar a enxergar.

Já usei inicialmente Predmild, Hylocomod e Restasis. Voltei ao médico depois de mais ou menos um mês e ele me disse pra usar restasis (a base de ciclosporina) 04  vezes ao dia e lubrificar os olhos 04 vezes ao dia ou mais.

Dra, minha dúvida é se esse quadro passa ou é permanente.

Antigamente eu não tinha grau nas vistas; após essa conjuntivite fiquei com astigmatismo e miopia mas mesmo usando óculos sinto diferença de um olho para o outro. Um é mais nítido que o outro.

Estou muito preocupado.

Queria saber se irei ficar curado disso”.

 

 

Você ficará bem, tenho certeza!

A alteração da superfície corneana modifica suas características refratométricas podendo levar à necessidade de uso de correção ótica para melhorar a visão. E a acuidade visual final (com óculos) nem sempre é a ideal, nem igual nos dois olhos. Depende da área corneana acometida em cada olho, mais perto ou mais distante do eixo visual. Quando melhora a distribuição da lagrima na superfície ocular, a visão fica mais estável!

E a resposta à sua pergunta é sim…tudo tem seu ciclo (início, meio e fim). Mas também é verdade que os sintomas podem durar um tempo maior, mas é bem mais raro.   Mantenha acompanhamento com o seu oftalmologista pois não existem “fórmulas mágicas”. Você deve ser acompanhado periodicamente e pelo mesmo médico. Somente assim, em avaliações sequenciais comparativas, se define o tratamento ideal para cada indivíduo. O que poderia ser usado já foi ou está sendo usado neste momento, conforme você esclareceu. Você está sendo tratado num centro de referência. Não há muito mais a acrescentar.

Converse com seu oftalmologista e tire todas as suas dúvidas! O caminho é esse!

E não se esqueça que a paciência faz bem à recuperação da saúde. Ansiedade e estresse aumentam o nível de cortisol e adrenalina e podem influenciar negativamente a imunidade e levar a uma resolução mais lenta dos sintomas.

Fico torcendo pela sua pronta recuperação!

 

Ainda a respeito de DPV e moscas volantes – duvidas de internautas

Um internauta escreveu:

“Olho direito afetado por DPV. À ultrassonografia:  Vítreo com presença de ecos puntiformes de baixa a média refletividade, móveis mais concentrados em terço posterior da cavidade vítrea sugerindo processo degenerativo vítreo. Presença de membrana descontínua de média refletividade e alta mobilidade apresentando pós-movimentos e aparentemente com fixação residual disca. Imagem compatível com hialoide posterior discretamente espessada e parcialmente descolada (DESCOLAMENTO POSTERIOR PARCIAL DE VITREO). Retina aplicada. Coroide aplicada, com espessura e contorno dentro da normalidade. Diâmetro axial similar ao do olho adelfo. Não foi observada área de tração vítreo-retiniana durante as ecografias estática e dinâmica.

Pelo que li nos seus comentários a cirurgia para DPV para traz riscos sem a garantia de ser 100%. Então como lidar com este problema no dia a dia? Será que este problema pode com o tempo piorar e chegar a perder a visão do olho direito? O que se pode fazer e não fazer para levar uma vida sem muita preocupação em relação a isso? Pegar peso, ficar com a cabeça baixa muito tempo, óculos de sol usar sempre que sair na rua. Enfim, doutora, a sua explicação será de grande valia para nós.”

Quanto ao DPV parcial sem tração vitreo-retinana ou vítreo-macular mais especificamente, não existe nenhuma indicação cirúrgica ou tratamento clinico indicado para “prevenir” futura complicação que pode, inclusive, NUNCA existir! O DPV é cada vez mais comum entre nós (principalmente após os 50-60 anos). Assim como não conseguimos identificar uma causa (na maioria dos eventos), não temos nenhum “guideline” para orientar a respeito de prevenção de complicações (que não são frequentes- têm baixa incidência se compararmos ao número total de eventos de DPV). Mas o senso comum lembra que se “perdemos a proteção vítrea”, se a estrutura do binômio vítreo-retina foi modificada deveríamos sempre que possível evitar a tração brusca dos olhos (movimentos bruscos de cabeça), inversões da posição supina (evitar ficar de cabeça para baixo, fazendo atuar negativamente a força da gravidade) e situações de risco de trauma ocular (esportes radicais, de luta, etc).
Quanto à proteção UV e a alimentação funcional relacionada à mácula (luteina e zeaxantina principalmente),com certeza são medidas que todos deveríamos tomar para privilegiar a função visual nesta faixa etária em que já se acumulam agressões internas e externas (micro e macro ambientais). Uma ajuda extra (ao bom funcionamento dos olhos) com certeza só fará bem, não é?

Apenas gostaria de acrescentar que mesmo sabendo que existem coisas muito piores nós, humanos que somos, por vezes custamos a aceitar uma realidade diferente da que estávamos acostumados. Principalmente em relação à saúde e especialmente um dos sentidos (neste caso a visão) que, afinal, são as formas de comunicação nossa com o mundo que nos cerca.

Por experiência própria posso dizer que existirão dias melhores e outros não tão bons assim. Mas existe um ditado que diz “…se não tem remédio…remediado está…”. Em outras palavras, se não há o que eu possa fazer a respeito então não devo insistir e sim voltar a atenção para outra direção. Ou seja, tentar “dar a volta por cima” sempre lembrando que sofremos apenas um “arranhãozinho” na nossa visão…mas ainda podemos ver!

Monitorizar com a periodicidade sugerida pelo especialista, sim! Mas após cada consulta, verificada a inexistência de qualquer motivo de preocupação maior, seguir com a disposição de enxergar apenas o que se deseja e precisa, procurando ignorar as incômodas moscas volantes.

Afinal, a minha pressão ocular está normal?

Em maio de 2011 publiquei um post. Dois anos depois o comentário de um internauta me chamou atenção. Entendi que poderia ter dado margem à interpretação errônea e decidi publicar uma nota a respeito.

Hoje, 2014, lendo e revisando o assunto ainda mantenho a mesma opinião. Penso a respeito da medicalização cada vez maior e dos erros e acertos médicos, quer seja pela monitorização contínua de pacientes para avaliação da história natural da doença em cada indivíduo e tomada de decisão quando se mostre necessário, quer seja pela opção de tratamento precoce. A história da medicina atual é a de tratar um número grande de pacientes para evitar desfecho negativo em um indivíduo. E falo apenas referente a doença cujo desfecho tentávamos evitar. Não se faz referência aos efeitos negativos, colaterais por conta do uso prolongado das drogas. Qualquer que seja a doença e o tratamento. Será que esse é o melhor caminho?  Ainda são muitas as dúvidas: minhas, de outros médicos (que também buscam entender se o caminho que temos optado por seguir é o mais acertado) e dos próprios pacientes.

Seguem post, comentário e réplica:

 

Pressão intra-ocular “normal”

O que vem a ser normalidade pressórica? Qual a pressão intra-ocular ideal para cada um de nós?

 Muitos pacientes perguntam se sua pressão ocular é “normal”, se está “boa”,pensando que um número mágico possa distinguir o normal do patológico. Crendo ainda que um único e rígido intervalo de valores possa definir o diagnóstico de glaucoma. Isto está longe de ser verdade.

A faixa de “normalidade pressórica” poderia ser limitada por números entre 10 e 18mmHg (a unidade de referência é o milímetro de mercúrio, assinalada comommHg). Mas assim como indivíduos com pressão arterial em limites inferiores ao clássico “12 por 8” (120mmHg de  pressão sistólica e 80mmHg de diastólica) não estão doentes, são ditos hipotensos, mas não requerem maior atenção medicamentosa, na maioria das vezes os valores de pressão intra-ocular podem estar abaixo de 10 ou acima de 18mmHg, sem que isso signifique doença a ser tratada.

Há alguns anos o glaucoma era definido pela pressão intra-ocular elevada. Pensava-se que a causa da perda das fibras nervosas era ùnicamente a compressão mecânica do nervo óptico pela pressão elevada dentro do olho.

Então, era mais fácil identificar a doença glaucomatosa. A medida da pressão, que se considerava normal entre (10)12 e 18(21) mmHg, se elevada, nos levaria à presunção diagnóstica. A suspeita seria ou não confirmada pela avaliação funcional através do exame de campo visual e da análise do nervo óptico, com a tecnologia disponível na época e, em caso positivo, a PIO elevada seria tratada com colírios hipotensores.

Alguns anos depois, a experiência nos mostrou que não bastava reduzir a pressão intra-ocular a níveis considerados baixos (seguros). Ainda assim alguns indivíduos evo- luíam com perdas campimétricas importantes e alguns (felizmente poucos) ficavam cegos a despeito do tratamento. Mais do que isso, alguns pacientes nunca antes suspeitos de terem glaucoma (valores normais de pressão ocular) mostravam defeito campimétrico semelhante e evoluíam para perda visual às vezes até mais ràpidamente do que aqueles portadores de pressão intra-ocular (PIO) elevada.

O que estávamos deixando de ver naquela época?

A tomada de consciência do possível envolvimento de fatores vasculares, independentes da pressão intra-ocular, como causa da lesão glaucomatosa indicou a necessidade de uma nova postura em relação à doença.

Assim como cada um de nós é único, nossa identidade bioquímica também é. Nossas referências anatômicas são genèticamente herdadas e podem ser agrupadas por diferenças raciais e de gênero (feminino ou masculino). Mas, continuam sendo indi- viduais. São semelhantes sim, mas individuais. Um mesmo aspecto de nervo óptico po- de ser “normal” (funcionalmente falando) em um determinado indivíduo e significar risco elevado em outro.

Em outras palavras, antes de poder ser detectado dano funcional definitivo (perda de fibra nervosa), determinados tipos de nervo podem mimetizar situações de aparente normalidade (discos pequenos com escavações pequenas) ou anormalidade (discos grandes com escavações maiores). Dependendo do estado funcional vascular de cada organismo podemos encontrar riscos muito maiores em nervos pequenos e pouco escavados e situações de estabilidade funcional relativa em portadores de discos grandes e mais escavados.

A estratificação de risco para desenvolvimento da doença glaucomatosa exige um olhar sistêmico minucioso e uma atenção multidisciplinar, se pretendemos ser mais assertivos. 

Medicar mais do que o necessário (presumindo risco maior do que o real) ou menos que o devido (subestimando conhecidos fatores de risco) são duas situações antagônicas, mas igualmente indesejáveis.

Então a clássica pergunta “a minha pressão está normal?” deve receber como resposta algo como “é mais correto falar em pressão ideal para o seu olho e isso vai depender de uma avaliação sistemática do comportamento do seu nervo óptico em presença de uma pressão média, constante, obtida em várias medidas ao longo de um determinado tempo de observação”. Em outras palavras, o “valor normal” da pressão intra-ocular é individual, específica para cada pessoa.

Normal aqui significa que não oferece risco de produzir lesão no nervo óptico. Sendo assim, existem sim valores individuais. Cada caso é um caso, como já disse antes. Principalmente nos casos de pacientes já em tratamento de glaucoma, devemos ter cuidado de evitar o termo “normal”. Um mesmo valor de pressão (PIO) considerado bom hoje pode ser alto demais amanhã.

Sobre pressão intra-ocular e glaucoma, talvez voce se interesse pelo post  “A hipertensão ocular de hoje será o glaucoma de amanhã?” aqui no blog:

Link:

http://elizabethnavarrete.com/2012/04/15/a-hipertensao-ocular-de-hoje-sera-o-glaucoma-de-amanha/

 

Comentário de internauta:

Não me leve a mal, mas acredito que você devesse analisar a vida de outro ângulo. É graças aos colírios e cirurgias que, na maioria das vezes, glaucomatosos não perdem a visão. Se não usar o colírio com certeza você perderá a visão, isso é FATO. Lógico que é desagradável ficar utilizando o colírio. Mas ficar cego é bem mais desagradável. Ou não é? A escolha está com você. Grande abraço…

 

Réplica:

Desculpe ter dado margem à interpretação errônea a respeito da doença glaucomatosa.

Se um único individuo interpreta dessa forma já é suficiente para que eu tente expor de forma diferente meu ponto de vista.

Obrigada pelo retorno! Tentarei num outro post me posicionar de forma mais clara deixando espaço para pouca ou nenhuma dúvida em relação a por que diagnostico de glaucoma deve ser feito com muito cuidado para não se cair em nenhum dos extremos. Quer seja o tratamento excessivo (tratar pessoas que em nenhum momento desenvolveriam a doença glaucomatosa) ou subestimar a doença e deixar de diagnosticar e tratar indivíduos que fora de qualquer dúvida precisam de tratamento!

E muitas vezes, pode ter certeza, é um dilema para muitos de nós, oftalmologistas, definir o momento correto de iniciar a terapêutica anti-glaucomatosa. Se pensarmos em curto prazo é bem simples: em presença de um ou dois fatores de risco para glaucoma (história familiar, hipertensão arterial, enxaqueca, apneia do sono, hipotensão arterial importante, paquimetria corneana baixa e assimetria de escavação ) iniciamos a prescrição de colírio anti-glaucomatoso. E fim de problema, fizemos a nossa parte!

Será?

As mesmas dúvidas têm os endocrinologistas. Síndrome metabólica e diabetes mellitus: será que é mais válido prescrever a metformina desde o início SEM orientar o indivíduo a respeito da mudança de estilo de vida e hábitos alimentares? Sem dar chance para que seu organismo retorne ao seu equilíbrio (homeostasia) e fuja da resistência à insulina evitando assim o diabetes? Por que não monitorizar de perto este indivíduo e tentar o retorno à normalidade metabólica (quando ela ainda é possível; quando ainda estamos lidando com uma doença funcional e não lesional (orgânica)?

Será que este indivíduo medicado “preventivamente” (diria precocemente se já houvesse critérios para diabetes mellitus e aí sim estaria mais do que indicado o tratamento) evolui melhor do que o outro que está sendo monitorizado de perto e estimulado à mudança de hábitos?

Os desfechos negativos (complicações da doença) são maiores e ocorrem em prazo menor apenas naqueles em observação, não medicados?

Cada vez mais se mudam critérios de inclusão dos indivíduos nesta ou naquela patologia de acordo com estudos observacionais mais recentes, atualizados.

A medicalização excessiva não é a solução. Em relação ao glaucoma, especificamente, concordo com você (e em nenhum momento me posicionei contra) em relação aos benefícios do tratamento medicamentoso e cirúrgico (quando bem indicado). As campanhas são feitas exatamente para orientar o paciente, fazer a triagem dos indivíduos de risco, que merecem maior atenção e portanto devem ser observados periodicamente, durante um tempo antes de definirmos a presença ou ausência de doença glaucomatosa.

A cegueira pelo glaucoma é algo que não pode mais acontecer, concordo! Trata-se de uma das formas de cegueira evitável (além da catarata p.ex.).

Como disse, não é nem nunca foi minha intenção minimizar a gravidade da doença glaucomatosa. Apenas sugiro que o paciente seja bem orientado e que a ele sejam dadas as informações para que, junto a seu médico, consigam identificar fatores predisponentes e agravantes (cada caso é um caso) e com isso possa se beneficiar de um qualidade visual (e de vida) superior e por mais tempo. Pacientes não são olhos apenas! O organismo funciona como uma orquestra que bem conduzida terá uma sonoridade bem melhor!

Leia mais a respeito neste blog em outro link:

https://duvidasemoftalmologia.com/2012/04/15/a-hipertensao-ocular-de-hoje-sera-o-glaucoma-de-amanha/

Dúvida de internauta sobre DMRI e cirurgia de catarata  

“Meu pai tem 88 anos e há muitos anos tem DMRI em um dos olhos. Agora há 3 anos a DMRI atingiu o outro olho e desde então vem fazendo aplicações com Avastin. Não teve nenhuma melhora, pelo contrário, ler jornal, assistir TV, ver horas no relógio, são atividades que não consegue mais desenvolver. De uns tempos pra cá o médico que o acompanha fala da necessidade de realizar cirurgia da catarata, porém, que a mesma só poderia ser realizada quando a DMRI estivesse mais controlada, sem a presença de líquido/fluido. Após o último exame de OCT disse que agora seria o momento oportuno de realizar a cirurgia da catarata.

Gostaria de saber se ele pode fazer a cirurgia da catarata, se isso pode lhe trazer algum ganho. O médico que faz o seu acompanhamento acha que conseguiria um ganho na visão e, consequentemente, na qualidade de vida. Mas, existe algum risco? Pode piorar a DMRI ou, nessa idade, e depois de tanto tempo em tratamento, será que vale a pena realizar a cirurgia?”

 

Quanto às suas dúvidas, elas são as de todos nós, médicos (que monitorizamos e tentamos alivio sintomático ou retardo na evolução da DMRI) e pacientes (que convivem com a doença que antigamente se chamava degeneração macular senil e era menos prevalente do que hoje).

Idoso com quadro de evolução assimétrica de DMRI. Presumo que o primeiro olho atingido tenha perdido a visão central e o olho que se deseja submeter à facectomia (cirurgia de catarata) seja o olho que ainda tem alguma visão, por mais comprometida que esteja. Atividades tanto para longe (ver TV, por exemplo) quanto para perto (leitura) podem ser beneficiadas pelo uso de artefatos ópticos diversos (visão subnormal). Não são de fácil adaptação, mas podem ser bastante úteis em alguns casos. Não sei se já foram oferecidos estes recursos.

Com certeza a catarata é mais um fator de comprometimento da visão já bastante prejudicada pela DMRI. Por outro lado, o cristalino é a proteção natural do olho em relação a um dos fatores causais da DMRI (luz e UV) em que basicamente deve-se evitar a exposição à luz natural (solar) e/ou artificial e a baixa oxigenação dos tecidos retinianos (ambas situações provocam maior produção de radicais livres).

A idade já reduz por si só o aporte de oxigênio pela diminuição da qualidade de irrigação dos tecidos. A cirurgia, nos segundos de exposição intensa à luz do microscópio (após a fragmentação e aspiração do córtex cristaliniano) e na ativação da resposta inflamatória do olho em resposta ao procedimento invasivo pode contribuir negativamente na evolução da DMRI. Esta hipótese é real. Mas também pode haver por um tempo (maior ou menor) uma melhora na qualidade da visão pela remoção de uma das causas da baixa visual (a catarata).

Você disse:

“Após o último exame de OCT foi identificado este momento como oportuno para a cirurgia da catarata. O médico que faz o seu acompanhamento acha que conseguiria um ganho na visão e, conseqüentemente, na qualidade de vida”. Com certeza o oftalmologista dele, através do acompanhamento da evolução da catarata e da DMRI é capaz, mais do que qualquer outro profissional, de avaliar o possível ganho em relação à cirurgia.

“Gostaria de saber se ele pode fazer a cirurgia da catarata…se existe algum risco…se pode piorar a DMRI?” Sou oftalmologista clínica. Mas baseio minha opinião na experiência com pacientes portadores de catarata e DMRI e na literatura disponível a respeito. A cirurgia de catarata não está formalmente contraindicada em pacientes com DMRI. A opção pela cirurgia vai depender do conhecimento prévio do olho (nesses três anos de evolução da DMRI, à biomicroscopia o cristalino mostrou piora significativa da opacificação?). Ou ainda, se a qualidade das fotos obtidas em retinografias e angiografias do olho não foi alterada de forma importante. Nesse caso, o desempenho ruim da visão pode ser imputado de forma significativa à DMRI e menos à catarata. Existe também o fator experiência do cirurgião (quanto menor o tempo de duração da cirurgia e de exposição do pólo posterior do olho (retina e coróide) à luz, menor o potencial negativo pós-operatório em relação à evolução da DMRI já existente.

“…se isso pode lhe trazer algum ganho…” Em teoria sim, é claro. Um dos fatores relacionados à baixa visual será removido cirurgicamente. Apenas não se pode ter certeza a curto, médio ou longo prazo que o benefício será real e/ou duradouro.

“ou, nessa idade e depois de tanto tempo em tratamento, vale apena realizar a cirurgia?” Não existe idade para o benefício da qualidade de vida. Merecemos envelhecer com mais dignidade e a deficiência visual limita muito o dia a dia do indivíduo. Mas confesso que se eu tivesse que decidir a respeito da cirurgia num caso desses eu dividiria minhas dúvidas e apreensões com o paciente e familiares. Porque afinal é uma decisão difícil para qualquer um de nós, como já disse. Trata-se de olho único (continuo presumindo que o outro olho perdeu a visão central) e a limitação futura pode ser maior do que já é tanto pela possível aceleração da DMRI (por conta da cirurgia da catarata) quanto pela própria evolução (esperada devido ao envelhecimento) do quadro macular.

Deve ser avaliada a expectativa de vida em relação às outras doenças que ele tenha (a curto prazo é mais provável que o benefício da cirurgia seja mais efetivo). O perfil psicológico e a higidez mental do paciente também devem ser levados em consideração. Ele deve participar ativamente do processo de opção pelo tratamento cirúrgico. Deve entender e aceitar os riscos se optar pela intervenção, torcendo para que o benefício seja real e dure tempo suficiente.

Espero ter sido de alguma ajuda e desejo o que for melhor para o seu pai. Fico por aqui torcendo por ele! Converse com o oftalmologista dele, coloque suas dúvidas e apreensões e tenho certeza que terão o apoio necessário para decidir a respeito.

“Uma internauta pergunta: o dia a dia de grande parte das pessoas é permeado de informações visuais digitalizadas em computadores, tablets, celulares, etc. Isso faz mal aos olhos?”

O mundo digital e os olhos

A tecnologia faz bem ou faz mal?

 

Como em tudo na vida, depende de como é utilizada. Equilíbrio e bom senso são fundamentais.

 

Mesmo entre nós, médicos, as opiniões divergem em alguns pontos como a respeito da exposição cada vez maior à carga eletromagnética em relação à mídia digital.

Inócua para uns alguns advertem que o somatório da exposição diária a tantas fontes eletromagnéticas pode alterar a forma como o organismo processa seus ajustes necessários à recuperação funcional dos órgãos e sistemas dia após dia. Nossas membranas celulares exibem potencial elétrico

Mas hoje vivemos num mundo digital e devemos nos beneficiar disso. Apenas lembremos mais uma vez que o bom senso e o equilíbrio é que fazem a diferença. Dois ou três celulares (um da empresa, outro pessoal e um rádio), um deles com bluetooth, oito ou dez horas na frente do computador e um tablet ao lado do prato na hora das refeições. Acha exagero meu? Olhe à sua volta…Sem falar que isso acontece todos os dias, é rotina para alguns. A conta chega, mais cedo do que esperamos. O corpo reclama em algum momento.

Mas vamos falar do consenso em relação ao desconforto que pode causar, em muitos de nós, o uso prolongado de telas de computadores, tablets, celulares e mesmo TVs.

Os riscos de passar horas olhando para a tela na verdade inexistem quando pensamos em doenças oculares ou mesmo no risco de perder a visão. Em outras palavras, até hoje, não se tem conhecimento de dano irreversível aos olhos em relação ao uso contínuo e constante da tecnologia digital.

Mas dor de cabeça, olhos cansados, vermelhos e secos além de visão embaçada são sintomas que estão presentes na chamada “Síndrome da visão de Computador” que, por definição seria o resultado do uso contínuo e constante do computador levando ao cansaço visual.

Esse cansaço é resultado da tensão a que os olhos são submetidos para conseguir foco e poder enxergar, com excelente definição, imagens formadas a partir de pontos minúsculos na tela (pixels).

Agravantes são ar condicionado intenso e luz inadequada que acabam influindo na qualidade do filme lacrimal e leva à sensação de olho seco, além de vermelhidão e ardência. Uma informação interessante é a de que o número de piscadas de olho cai de 10% a 30% durante o trabalho visual principalmente em frente a tela do computador. Quando lemos um livro ou interagimos com celulares ou tablets, olhamos para baixo e não em frente. Com isso a fenda palpebral diminui levando a menor exposição da superfície ocular e consequente menor evaporação da lágrima.

Uma pausa de 5 a 10 minutos para cada hora de trabalho seria suficiente para minimizar o desconforto causado pelo piscar incompleto ou mesmo pela diminuição da frequência do piscar.

Outro aspecto da síndrome da visão de computador é o que nós, oftalmologistas, chamamos de “astenopia” e o leigo comumente refere como “vista cansada”. Na verdade existe o cansaço da visão por conta de muitas horas diante do monitor, podendo levar a sintomas como dor de cabeça frontal (” dor na testa” e sobre os olhos), embaçamento transitório da visão e desconforto visual.

Lembre-se também que quanto menor for a tela do dispositivo eletrônico, maior o esforço que os olhos fazem para ver com detalhe, para focalizar letras, números e caracteres. A curta distância de leitura exige mais trabalho da musculatura ocular e o cansaço visual sobrevém mais rapidamente.

A ergoftalmologia estuda os efeitos do computador sobre a visão. Você pode encontrar muitas referências relacionadas a formas de minimizar os efeitos negativos do trabalho prolongado em frente a telas (PC, Tablets, TVs, etc) em vários sites.

Você sabia que para vermos com a qualidade que estamos (ou deveríamos estar) habituados, muitos músculos e interações neuronais são postos em funcionamento e dessa sincronia depende o bem estar ao executarmos essas tarefas?

Você sabia que ao utilizarmos cada vez mais e mais cedo, a tecnologia de que dispomos hoje (computadores, celulares, tablets, etc) estamos antecipando sintomas decorrentes dessa falta de competência sensório-motora? Hoje é muito maior o número de crianças que são levadas ao oftalmologista com queixa de dor de cabeça, lacrimejamento, ardência e vermelhidão dos olhos.

Se antes de introduzirmos toda essa tecnologia no nosso dia a dia fossemos previamente orientados em relação à “utilização do aparelho visual”, teríamos o benefício de melhor desempenho com menor desconforto e estaríamos assim absorvendo essa tecnologia de forma mais saudável.

E quem nos ajuda em relação aos músculos oculares, fazendo os ajustes necessários (como uma “musculação “para os olhos) é uma espécie de fisioterapeuta ocular, um profissional conhecido como ortoptista! Ele facilita a adequação da musculatura à nova realidade de trabalho visual, promovendo a melhora da visão binocular. Em última instancia, temos visão com mais qualidade e mais conforto por tempo mais prolongado.

 

Algumas dicas:

 

-faça pausas regulares no uso do computador. Levante ou apenas olhe para longe fixando detalhes de um objeto, que levará ao relaxamento do musculo responsável pela visão de perto.

-lembre-se de piscar mais

-otimize a luminosidade e o brilho da sua tela

-controle a umidade do ar (neutralizando efeitos da refrigeração excessiva do ambiente)

-controle a iluminação do ambiente de trabalho. Luz no entorno é fundamental.

-mantenha atualizado o grau dos seus óculos para minimizar o esforço visual

 

Em relação a celulares e tablets a distância de leitura nas telas deve ser a mesma usada para ler em papel. Mas na prática não é o que acontece. Por conta dos caracteres pequenos devido ao tamanho da mídia, aproximamos demais as telas dos nossos olhos (principalmente crianças e adolescentes que ainda são capazes de ler a curtíssima distancia). Assim como ficarmos atentos a uma postura melhor em frente ao computador para evitar alterações musculoesqueléticas e o desconforto que elas trazem a médio e longo prazo os olhos merecem atenção também!

 

 

Leia mais a respeito em:

 

 

http://elizabethnavarrete.com/2011/05/10/dor-de-cabecadores-nos-olhos-lacrimejamento-e-ardencia-ocular-astenopia/

http://elizabethnavarrete.com/2010/09/25/a-visaoos-olhos-e-os-computadores/

http://www.schaefer.com.br/pub/publicacoes/manual_ergoftalmologia.pdf

http://www.scribd.com/doc/18502288/10-Dr-Herbert-Stern-Ergo-Oftalmologia-como-Mecanismo

www.olhardigital.com.br

www.minhavida.com.br/saude/materias/12459-vista-cansada-atinge-principalmente-usuarios-de-computador

www.hospitaldeolhosdoparana.com.br/blog.index.php/2014/10/sindrome-da-visao-de-computador-nao-deve-ser-negligenciada/

www.visaolaser.com.br/blog/doencas/vista-cansada-saiba-como-reconhecer-os-sintomas-e-se-prevenir

www.institutoclovispaiva.com.br/noticias/90-aparelhos-eletronicos-causam-problemas-na-visao

www.olhardigital.uol.com.brr/video/ergonomia_mantenha_a_saude_de_sua_coluna_e_dos_olhos_durante_o_trabalho/22375

 

 

 

 

” Uma internauta pergunta: de acordo com o senso comum, há um mal que aflige muitas pessoas, a chamada “vista cansada”. Que problema é esse? ”  

Vista cansada ou cansaço visual?

 

Sabemos que somos programados para enxergar para longe. É a função visual básica, desde os tempos em que éramos caçadores-coletores.

 

Assim como existem diferenças raciais existem diferenças de “tipo de olho” em relação à visão de longe. Podemos ser míopes, hipermetropes e/ou astigmatas. Mas, uma vez corrigida a refração (grau), se não há nenhuma doença ocular, todos iremos enxergar bem. O clássico “20/20” (100%) na linguagem oftalmológica.

 

A correção do grau faz com que todos possamos ver de longe …e de perto… até a meia idade. Temos capacidade de “corrigir” a visão para distancias mais curtas e o fazemos através do mecanismo de “acomodação” do olho. Esse mecanismo depende da lente que temos dentro do olho (cristalino) e do musculo ciliar ligado ao cristalino através de expansões filiformes que agem como as cordas que controlam uma marionete.

 

É a capacidade de mudar de forma que permite ao cristalino focar objetos próximos. O “músculo ciliar” se contrai e modifica a forma da lente do olho (cristalino), tornando-o mais curvo e trazendo a imagem para o foco na retina. A capacidade funcional deste músculo diminui com a idade. O envelhecimento do olho traz consigo então a dificuldade de ver de perto. O leigo chama este processo de “vista cansada” e nós médicos de “presbiopia”.

 

O enrijecimento e a diminuição lenta, mas progressiva da capacidade contrátil das fibras do músculo ciliar cada vez mais a distância focal de perto vai se afastando do ponto ideal são responsáveis pela necessidade de uso de correção óptica para perto. Com a perda progressiva da elasticidade do cristalino fica reduzida sua capacidade de mudar sua forma para focalizar perto.

 

É o momento em que percebemos alguma dificuldade de ler na distância a que estávamos habituados. Procuramos ambientes mais iluminados para aumentar o contraste e vermos melhor.

 

Tudo isso faz parte da fisiologia humana e costuma acontecer por volta dos 40 anos. Pode ser antecipado nos diabéticos ou nos indivíduos que são hipermetropes (em torno dos 35 anos). E alguns de nós podem chegar aos 48 ou 50 anos sem sentir necessidade de usar óculos de perto. Vamos nos adaptando gradativamente a novas distancias para conforto visual de perto. Mas é incomum.

Quando chega a presbiopia, avaliamos a refração (grau) que nos permite ver bem a trinta e sete centímetros. Esta é a distância para a qual a visão de perto (leitura de um livro, p.ex.) é corrigida. São nossos óculos de leitura.

 

As várias distancias ditas intermediarias (para ler no computador p.ex.) variam de acordo tanto com a necessidade profissional de cada um de nós quanto com a nossa estrutura morfológica e biométrica. Somos diferentes uns dos outros.

 

Umas pessoas são altas, outras baixas, umas com braços mais compridos do que outras e assim por diante. As dimensões do corpo têm influência na distância mais confortável de leitura. Ela é variável, para cada um de nós. Mas temos que partir de um padrão, determinado como sendo trinta e sete centímetros (valor impresso nas tabelas disponíveis para mensurar a capacidade de leitura). Cabe ao médico e ao paciente identificar a melhor distancia de correção em cada caso.

 

A partir de um determinado momento vamos precisar de alguma estratégia para voltar a ver com precisão de perto. Seja através de óculos, lentes de contato ou tratamento cirúrgico (ainda muito controverso sem estudos de longo prazo). Todas as formas de intervir na presbiopia têm suas limitações e temos que nos adequar a elas.

 

Uma coisa é certa. Os sintomas de “vista cansada” poderão ser antecipados se utilizamos ansiolíticos, antidepressivos ou medicação que interfira com a qualidade do trabalho muscular. E quanto mais conseguimos nos adaptar a novas distancias de leitura (não tão próximas quanto antes, mas ainda aceitáveis do ponto de vista estético e que proporcionem uma boa qualidade visual), estaremos lentificando o envelhecimento do musculo ciliar! Não custa lembrar que musculo precisa de exercício para se manter em forma. Mantenha-se proativo. Se não tem outros sintomas oculares exceto a alteração da distância de leitura, adapte-se à nova distância … enquanto der!

Lembre-se que pensando a longo prazo, subir alguns lances de escada é melhor do que ir de elevador.

 

Até os octogenários, mesmo com suas limitações, precisam do exercício funcional para se manterem independentes. Enquanto estivermos vivos temos que nos mexer, certo?

Com os músculos dos olhos não é diferente.

 

E calma, não é o fim do mundo…é apenas o início de uma nova fase!

 

Então, como vimos, vista cansada ou presbiopia, nada tem a ver com o cansaço visual comum nos usuários de mídia digital.

 

Saiba mais:

 

http://ipvisao.com.br/site/institucional.do?vo.chave=apresbiopiaouvistacansada&tipo=12

http://www.einstein.brr/einstein-saude/em-dia-com-a-saude/Paginas/vista-cansada.aspx

http://www.ioc.med.br/especialidades/presbiopia-%E2%80%93-vista-cansada

 

http://elizabethnavarrete.com/2011/09/28/miopia-hipermetropia-ou-astigmatismo/

http://www.abcdasaude.com.br/oftalmologia/presbiopia-vista-cansada

 

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